O arquiteto e urbanista carioca Sérgio Magalhães, maior nome do urbanismo social do Brasil, que implantou o programa Favela-Bairro no Rio de Janeiro, foi o palestrante da reunião-almoço do movimento Floripa Sustentável, nesta terça-feira (20), em Florianópolis. Ele falou sobre “Urbanismo Social, uma outra visão de favela” e defendeu a integração das cidades – de bairros em situação de vulnerabilidade com os demais – para um melhor desenvolvimento econômico e social.

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Além da palestra de Sérgio Magalhães, o evento contou com debate sobre o tema com as participações do Padre Vilson Groh, diretor fundador do Instituto Vilson Groh (IVG), da secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Florianópolis, Ivanna Carla Tomasi, e do arquiteto Giovani Bonetti, que faz projetos no conceito Cidade para as Pessoas. A mediação foi de Rode Martins, coordenadora de Inclusão Social do Floripa Sustentável.

– O Brasil investe há muito tempo 14 vezes mais recursos públicos no transporte individual, do que no transporte coletivo. Como consequência disso, as pessoas vão se isolando, vão buscando locais mais acessíveis para residir. Assim, as cidades são construídas sem serviços adequados, sem infraestrutura. Essa desigualdade não prejudica só os moradores pobres, mas o próprio desenvolvimento nacional – alertou o urbanista Sérgio Magalhães.

O urbanista enfrentou esses desafios como secretário municipal de Habitação do Rio de Janeiro no período de 1993 a 2000. Segundo ele, as cidades foram criadas para serem locais de encontro das pessoas, de convivência, onde as pessoas possam trocar informações. Para ele, a integração das pessoas nas cidades é essencial.

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Um dos painelistas do evento, o padre Vilson Groh, reconhece que as cidades ainda têm muitas bolhas, nas quais as pessoas se isolam. Elas geram isolamento de pessoas das regiões mais centrais com as das periferias.

Ivanna Tomasi, Giovani Bonetti, Rode Martins, Sérgio Magalhães e padre Vilson Groh (Foto: Estela Benetti)

– Precisamos requalificar os espaços urbanos a partir do olhar do estatuto das cidades. Um segundo passo é olhar como é que a gente íntegra essas realidades da periferia e do centro, organizar estruturas de territórios no sentido de gerar as pontes. Como é que a gente cria espaços de encontros? Esses encontros podem fazer os processos de mudança, porque é importante olhar os territórios empobrecidos não como problema, mas como soluções. E eles são um grande capital social que precisa ser qualificado. Precisamos desenvolver uma dimensão de integração – destacou o padre Vilson Groh.

A secretária municipal Ivanna Tomasi destacou que Florianópolis está tomando várias medidas para melhorar a qualidade do urbanismo do município. Um dos projetos é a regularização fundiária, que permite formalizar os imóveis de comunidades. Outro projeto, para o futuro, é a construção de 2,5 mil moradias populares em cinco anos, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O arquiteto Giovani Bonetti, que atua com projetos focados no conceito Cidade para as Pessoas, defendeu mais investimentos em infraestrutura, saúde e educação para as comunidades. Também destacou a importância da integração de toda a cidade.

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Para coordenador geral do Movimento Floripa Sustentável, Roberto Costa, o evento, com mais de 100 lideranças, permitiu colocar em evidência esse tema urbanização de comunidades.

– A contribuição de todos foi muito importante, assim como as experiências que o Sérgio Magalhães trouxe. Além disso, enquanto Movimento, vamos continuar batalhando para que a cidade seja cada vez mais inclusiva – afirmou Roberto Costa.

Coordenador do Floripa Sustentável, Rode Martins e Sérgio Magalhães no evento realizado no Hotel Majestic (Foto: Scardueli Comunicação)

A homenagem aos 19 anos do FloripAmanhã foi no final do evento. O presidente da associação, Salomão Mattos Sobrinho, destacou as conquistas dessas quase duas décadas e planos futuros.

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