Multinacional produtora de materiais de construção, a Tigre, de Joinville, investe para seguir na liderança do seu setor, que acelerou na pandemia. Ela é a estrela do grupo CRH Indústria e Empreendimentos, holding da família Hansen que diversifica negócios e vai investir R$ 900 milhões nos próximos cinco anos, dos quais R$ 300 milhões em 2022 na empresa principal.

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A informação é do presidente do conselho de administração do CRH, Felipe Hansen, neto do fundador da Tigre, João Hansen Júnior. Segundo ele, na indústria, o objetivo é crescer e desenvolver novos produtos para as várias áreas de atuação. A CRH também diversifica com novos projetos como o bairro inteligente “Cidade das Águas” em Joinville, que tem a primeira fase orçada em R$ 850 milhões, loteamento urbano em Campinas e área industrial e de logística em Joinville.

Filho de Carlos Roberto Hansen e Rosane Fausto Hansen, Felipe é nascido em Joinville e graduado em administração de empresas pela Univille, além de ter vários cursos de pós-graduação em gestão e governança. Por isso, a ligação dos negócios com Joinville segue forte apesar da multinacional ter 10 unidades no Brasil e 14 no exterior.

Além de liderar o conselho da empresa integrado por nomes de projeção internacional, Felipe preside o braço social do grupo, o Instituto Carlos Roberto Hansen (ICRH), que realiza investimentos sociais mais ligados à oferta de água para pessoas em vulnerabilidade, seguindo a essência da companhia. Projetos de educação também estão entre os prioritários. Em 18 anos de trajetória o ICRH já investiu mais de R$ 60 milhões e impactou 5,5 milhões de pessoas. Saiba mais na entrevista de Felipe Hansen, a seguir:

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Quais são os planos de investimentos da holding CRH?

Nos próximos cinco anos, a CRH Indústria e Empreendimentos planeja investir R$ 900 milhões em novos negócios, compatíveis com o tamanho e a relevância dos projetos que está liderando. Podemos mencionar alguns nesse momento, tais como o bairro inteligente “Cidade das Águas”, em Joinville; a urbanização de um grande loteamento urbano em Campinas, São Paulo; o desenvolvimento de uma área industrial e logística em Joinville, na Rua Bororós, ao longo da BR-101; projeto Imobiliário em Campo Alegre, por meio de uma Operação Urbana Consorciada. Além, é claro, dos investimentos na Tigre, controlada pelo Grupo CRH, que projeta um investimento global de cerca de R$ 300 milhões para 2022.

O que a Tigre vai priorizar nos investimentos?

A Tigre permanece atenta às oportunidades que surgem no mercado. Triplicamos de tamanho nos EUA e queremos crescer exponencialmente em outros países, como na Colômbia.

Tigre adquire empresa nos EUA e projeta receita próxima de R$ 5 bilhões

O setor de materiais de construção, no qual está inserida a Tigre, teve um dos maiores crescimentos da história durante a pandemia. Como está a empresa nesse cenário?

Os últimos dois anos foram muito desafiadores, porém bastante positivos para os negócios da Tigre. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, registramos recordes na história da companhia, como o lucro bruto de R$ 544 milhões. Soma-se a isso as boas expectativas do setor, com a projeção de crescimento de 8% na produção da indústria de material de construção e crescimento de 5,2% no volume de vendas neste ano, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Nossa perspectiva para 2022, portanto, é de que o mercado siga aquecido.

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A CRH chegou a ser afetada pela pandemia? Algum investimento foi adiado ou houve redução no quadro de funcionários?

A crise da Covid-19 afetou e ainda afeta o ambiente de negócios, as relações sociais e a conjuntura socioeconômica como um todo. A diversidade dos negócios da CRH (imobiliário, indústria da construção, gestão de ativos financeiros) nos levou a vivenciar diferentes situações, algumas positivas e outras desafiadoras.

Priorizamos a saúde de nossas pessoas, clientes e usuários. Depois disso, buscamos entender cada negócio de nossos clientes, suas necessidades e desafios, e pensamos em conjunto composições para atravessar essa crise. Alguns cresceram na pandemia. Outros tivemos que revisar condições comerciais. Também observamos mudanças e o surgimento de novos negócios e novos formatos, que demandam um movimento rápido de ajustes de nossos espaços. Nesse período contratamos novos funcionários.

A CRH e a Pedra Branca lançaram em conjunto o projeto de bairro inteligente Cidade das Águas. Quais são as características e em que fase está esse projeto?

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Os investimentos estão contemplados nas projeções de novos negócios da CRH. Um bairro que se propõe a permitir que as pessoas possam morar, estudar, trabalhar e se divertir a apenas uma breve caminhada, utilizando o conceito do novo urbanismo, que tem as pessoas no centro do seu desenvolvimento. O bairro requer estudos muito complexos, com parceiros nas áreas de engenharia, urbanização, design e arquitetura de várias partes do mundo. Em breve, toda a região Sul do Brasil conhecerá mais detalhes desse empreendimento, que deve marcar um novo momento no jeito de morar em Joinville.

Somente na primeira fase do projeto, somando urbanismo e edificações, serão investidos aproximadamente R$ 870 milhões. O projeto está cumprindo todo o rito necessário de licenciamento ambiental junto à prefeitura. Iniciaremos as obras assim que finalizarmos esta etapa.

Vale destacar que esse empreendimento será para toda a cidade. Não haverá barreiras físicas de acesso ao bairro. Todo joinvilense poderá aproveitar praça, calçada, rua e parque, sendo ou não um morador do bairro – 70% do nosso terreno será destinado a estimular pontos de encontro no térreo. Vamos empreender as edificações em apenas 30% do terreno. Isso nos dá a convicção de que a Cidade das Águas colocará Joinville em outro patamar.

O que nos motiva é tornar Joinville um exemplo que irá inspirar outras cidades do Brasil a também serem melhores. O joinvilense merece um empreendimento que represente a grandeza de nossa cidade. A Cidade das Águas vai transformar a qualidade de vida do joinvilense.

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Qual a importância – em número de funcionários, investimentos e receita – de Joinville para a CRH?

O Grupo CRH, controlador de outras empresas e desenvolvedor de projetos imobiliários, possui uma equipe reduzida e conta com parceiros e terceiros dedicados por projeto. Já a Tigre, controlada pela CRH, possui hoje mais de 1.400 colaboradores na cidade. Joinville é a nossa matriz, onde fazemos a consolidação dos resultados de todo o grupo.

E historicamente, qual a importância do município para a empresa?

Joinville é a casa da CRH e da Tigre. Aqui tudo começou com o empreendedorismo e o pioneirismo de meu avô João Hansen Jr. e hoje, depois de 80 anos, temos orgulho de levar Joinville como sede do grupo mundo afora. Somos, com muito orgulho, uma multinacional joinvilense familiar, com presença mundial. A Tigre tem 10 unidades no Brasil, 14 no exterior e exportações para cerca de 25 países.

Existem investimentos previstos para o próximo ano na planta de Joinville?

Temos importantes investimentos em Joinville, além dos investimentos da Tigre nas Américas, para atender ao crescimento do mercado da construção, infraestrutura, irrigação, ferramentas para pintura e reuso de águas e tratamento de efluentes. A CRH tem projetos importantes em Joinville: o bairro Cidade das Águas e o projeto de desenvolvimento de áreas industriais e logísticas na área industrial. Temos ainda projetos em negociação em imóveis nas áreas centrais.

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O senhor assumiu a presidência do conselho da Tigre em 2015 e está à frente dos demais negócios. Que temas e decisões recebem sua maior atenção no grupo?

Aqui vale destacar nosso modelo de governança. Tanto na Tigre quanto na HPB, empresa constituída para gerir o Cidade das Águas, temos conselhos bem estruturados, que nos ajudam na tomada de decisão. O tema de pessoas e estratégia tem cada vez mais tomado parte das agendas.

Quanto a instabilidade política e econômica do Brasil preocupa a empresa?

Nosso cenário econômico e político é desafiador há décadas. O empresário brasileiro sabe lidar bem com esse ambiente. Precisamos monitorar e ajustar nossos planos dia a dia. Mas não podemos deixar que isso atrapalhe nossos planos de longo prazo. Importante é estarmos atentos e sermos rápidos nos ajustes de rota.

O Instituto Carlos Roberto Hansen (ICRH), braço social da Tigre, investe em diversos projetos. Quais o senhor destaca?

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Durante sua trajetória, o Instituto Carlos Roberto Hansen ampliou presença no Brasil e no exterior por meio de projetos que melhoram a vida de crianças e adolescentes, com foco em educação e cultura ou que colocam em prática iniciativas com afinidade com o propósito da Tigre, que é “Cuidar da água para transformar a qualidade de vida das pessoas”, como o uso racional da água e a atenção ao saneamento. Ao completar 18 anos de história, o ICRH já beneficiou 5,5 milhões de pessoas, em quase sete mil projetos, destinando um valor superior a R$ 60 milhões. Estamos cumprindo nossa missão, convictos de que ainda temos muito o que fazer e contribuir para o bem-estar da sociedade.

Como presidente do Instituto, sinto imenso orgulho do trabalho social desenvolvido. No ano passado, por exemplo, focamos nossa atuação na prevenção e no combate à pandemia. Foram investidos mais de R$ 1 milhão em doações de produtos próprios (2.700 caixas d’água para SP, PR e PE) e kits para instalação de lavatórios no Rio de Janeiro e Amazonas, e ainda no Paraguai e Colômbia.

O ICRH também apoiou fundos de financiamento para negócios de impacto social na área de construção civil, entregou materiais de higiene e saúde e doou cestas básicas e marmitas para famílias necessitadas. Outra ação importante foi a construção de lavatórios em vários países da América Latina, onde a companhia tem unidades. Também investiu R$ 4,2 milhões em projetos de educação, esporte, cultura e saúde, relacionados à água e saneamento.

Já neste ano de 2021, o instituto destinou outros R$ 6,8 milhões e beneficiou 576 mil pessoas – dados até 30 outubro. Um dos investimentos foi no projeto em parceria com a Unicef que tem o objetivo de levar água para escolas do norte e do nordeste brasileiro. Paralelamente, em parceria com a Tigre Água e Efluentes (TAE), o ICRH tem atuado nas frentes de reuso de água e tratamento de efluentes em outros locais. Um dos destaques é o projeto Piloto na Associação Pescadores Garopaba (SC).

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