A prosperidade de economias de nações passa pela atuação internacional e um dos desafios do Brasil é agregar mais valor às exportações do agronegócio. Essas foram as principais mensagens do economista e diplomata Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics, na palestra “Oportunidades e desafios para a economia global” que ministrou em evento da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) nesta sexta-feira.

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– Todos os milagres econômicos dos últimos 70 anos foram relacionados à presença internacional, a ser global. Pode pegar qualquer grande exemplo: Alemanha, Japão, China, Chile e a Espanha a partir de 1982. São países que têm regimes políticos diferentes e composição étnica diferente. O que eles têm em comum é o fato de ter utilizado a presença internacional como a grande alavanca para sua própria prosperidade – afirmou Troyjo, ao ser questionado pela coluna sobre que mensagem sobre o tema passaria para empresários catarinenses.

Ele destacou também que, hoje, Santa Catarina já é o Estado brasileiro de maior vinculação com mercados globais. E, na opinião dele, essa é uma das grandes explicações de por que a taxa de desemprego no Estado é uma das mais baixas do Brasil, por que o fluxo de contêiners é o mais alto do Brasil, e também por que com apenas 1% do território, Santa Catarina representa oito vezes mais a corrente comercial do Brasil.

Marcos Troyjo alertou também que neste momento em que as grandes potências aparentemente tão se fechando, quem for no caminho contrário vai atingir uma posição de chegar primeiro, sobretudo em mercados de grande crescimento como os asiáticos.

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Esse “chegar primeiro” pode ser no agronegócio, setor em que o Brasil tem uma super vantagem competitiva por ter mais área para expandir produção e ser o líder em água potável. Mas pode chegar primeiro também em outros setores de indústrias e serviços.

Exemplos do Vietnã e da China

Entre os vários exemplos que usou para mostrar a relevância da internacionalização de economias que eram fechadas que viraram potências exportadoras, Troyjo destacou o Vietnã. Isso porque o pequeno país asiático chamou a atenção esta semana quando a sua montadora de carros elétricos, a VinFast, superou em valor de mercado a Ford e a GM.

– A China embarcou nisso (na internacionalização econômica) há apenas 45 anos. É a abertura ao comércio exterior que fez da China, talvez, o maior milagre econômico da história da humanidade, o de tirar 800 milhões de pessoas de uma renda per capita inferior a 2 dólares por dia. A China mudou demais – disse o economista, que residiu no país quando presidiu o Banco dos BRICs.

Futuro do agronegócio

Ao falar sobre o agronegócio brasileiro, Marcos Troyjo destacou o fato de o país ser um dos quatro maiores produtores mundiais de alimentos e de ter a maior balança comercial do setor. Mas ele vê potencial de o país crescer muito ainda nesse setor, com produção sustentável tendo como diferencial a disponibilidade de água, inclusive com “rios voadores”.

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Segundo ele, o cenário futuro global é de crescimento do consumo de alimentos de maior valor, em especial proteínas. Isso porque o mundo conta, hoje, com 8 bilhões de habitantes, número que vai aumentar para 10 bilhões em 25 anos.

Como está acontecendo também um aumento da renda per capita em boa parte dos países, essas pessoas melhoram o consumo de alimentos e incluem mais proteínas.

Isso significa mais oportunidades para o Brasil. Segundo ele, diversos países asiáticos já se tornaram grandes parceiros comerciais do país, superando nações europeias ricas.

Peso da guerra na Ucrânia

Questionado pela coluna sobre quando a guerra na Ucrânia será encerrada e parar de afetar a economia mundial, Troyjo disse que torce para que seja o mais rápido possível.

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– É um conflito que drena recursos, drena energia e cria, sobretudo, um déficit de cooperação no mundo, que é muito ruim. Por exemplo, depois da crise Lehman Brothers em 2008, o problema do subprime, o G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, buscava soluções conjuntas.

Na fase das crises das economias europeias do Mediterrâneo em 2011 houve uma cooperação. Hoje, não. Essa guerra é uma cisão importante. Torço para que acabe o mais rapidamente possível – disse Troyjo.  

Presidente da Fiesc, Mario Cesar de Aguiar, apresenta números da economia de SC (Foto: Filipe Scotti)

Força da indústria de SC

Na abertura do evento, que contou com lideranças empresariais e do setor público de todo o Estado, o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, apresentou dados que mostram a força da economia e da indústria catarinenses.

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Segundo ele, SC tem o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de R$ 455,6 bilhões em 2022. Desse total de geração de riqueza, 27% vêm da indústria. O Estado tem também a maior taxa de formalidade do mercado de trabalho no país, de 73,4%, e uma das menores taxas de desemprego, de 3,5%.

O industrial disse que Santa Catarina tem uma economia importante para o desenvolvimento nacional, mas enfrenta desafios. Um dos maiores é a deficiência na infraestrutura dos transportes, em especial em rodovias.

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