A equipe Leoas da Serra, de Lages, que resultou de projeto social e em 2019 foi campeã mundial de futsal feminino, embarca neste 12 de outubro para o México, onde tentará título nos Jogos Pan-Americanos Universitários (FISU America Games). Mas o que deveria ser pura alegria no Dia das Crianças, para os líderes do time e também para as atletas, é uma fase de apreensão porque a equipe precisa de novos patrocinadores para continuar brilhando e inspirando o país.

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Fundado em 2013 nas bases do time de futebol de Lages, o Inter, para colaborar no enfrentamento da violência contra a mulher porque o município apareceu em 17º lugar nesse ranking nacional, o projeto superou expectativas. Na sua escolinha, já teve 600 meninas, a maioria de áreas de vulnerabilidade social.

Antes da pandemia tinha 420 e, agora, são 300. Segundo o diretor da equipe, Maurício Neves de Jesus, por meio das leis de incentivos, está sendo possível atender o projeto social, que pode crescer.

Leoas da Serra conquistam título mundial de futsal feminino

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Mas o time de rendimento, que tem custo um pouco acima de R$ 800 mil por ano, tem risco de fechar por falta de recursos. Só que é esse time que inspira as escolinhas do Leoa da Serra e muitos outros projetos pelo país, observa ele.

– O time de rendimento, que nasceu para, quem sabe um dia, brigar par por uma medalha de Jogos Abertos, foi campeão estadual, sul-brasileiro, latino-americano e mundial em cinco anos. Não existe nenhuma história parecida no esporte nacional, nem no esporte mundial de um salto tão rápido. De uma equipe que saiu de uma realidade municipal para ser campeão do mundo – observa o gestor, que também foi o fundador do projeto.

Durante a pandemia, o Leoas da Serra perdeu patrocínios. Além disso, o seu maior patrocinador, a Engie Brasil Energia, vem cobrando a inclusão de outros patrocinadores. Por isso, esse se tornou o maior desafio da diretoria do Leoas. Se não conseguir novos apoiadores, o time e o projeto podem acabar.

Além da Engie, o Leoas da Serra é patrocinado pela Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), que fornece bolsa integral para graduação das meninas participantes do projeto. A única exceção é o curso de medicina.

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O projeto impacta positivamente a região por levar autoestima a meninas, com redução da violência doméstica e incentivo ao estudo. Além disso, ultrapassou fronteiras e influencia quase todo o país. Segundo Maurício Neves, foi esse projeto que iniciou movimento nacional para dar bolsa integral a meninas na área do esporte.

Atualmente, 18 universidades dão bolsa integral e mais de 100 fornecem bolsas acima de 50% do valor das mensalidades. Além disso, o Leoas da Serra puxou a média salarial do futsal feminino no Brasil. Antes, era R$ 800 e, agora, está em R$ 2.600.

Em Lages, a alegria das meninas do projeto em receber bolsa integral é tão grande que elas fazem questão de visitar o campus da Uniplac, junto com a família, para mostrar onde vão estudar no futuro, conta Maurício Neves. Outra alegria é que as professoras do projeto são as jogadoras da equipe de rendimento do time, o que significa que nas quadras, têm aulas com as atletas que mais admiram. 

Por isso, o empenho é que esse projeto continue multiplicando sonhos de carreiras femininas não só em SC, mas também no país, por meio do esporte. A necessidade de novos patrocínios foi destacada no fórum de entidades empresariais da região, no último dia 5 de outubro.

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