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Mathias Hofmann. (Foto: Divulgação)

Após parada gradual iniciada no fim de março em função de medidas preventivas ao coronavírus, a montadora BMW retoma nesta segunda-feira (04) a produção da fábrica de Araquari, Santa Catarina.

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O diretor geral da empresa, Mathias Hofmann, informa que a volta está sendo com muita atenção à saúde, seguindo normas globais da companhia. Sobre o comportamento do mercado, ele diz que a pandemia está motivando mais interesse no automóvel.

Saiba mais na entrevista a seguir:

Há quanto tempo a BMW está com a fábrica parada e como será a retomada?

Com foco na saúde e segurança dos nossos colaboradores, parceiros e fornecedores, as atividades de produção na fábrica do BMW. Group em Araquari foram suspendidas em passos a partir do final de marco. A produção terminou finalmente no dia 26 de março de 2020. A retomada de produção é planejada para o dia 04 de maio de 2020.

Que cuidados a companhia está adotando para preservar a saúde dos trabalhadores e equipe? São cuidados semelhantes aos da Alemanha?

Todas as nossas ações em relação com esta pandemia são globais e seguem a organização mundial de saúde além dos nossos profissionais médicos locais. Desde o começo da pandemia, saúde e segurança dos colaboradores foram nosso foco.

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Nos escritórios de vendas, em São Paulo, organizamos todos os funcionários em home office e o mesmo fizemos com os funcionários administrativos da fábrica. Nós paramos a produção para evitar aglomerações de pessoas e seguir a direção do governo.

Durante a parada da fábrica nos comunicamos com nossos funcionários e ajudamos eles com direções e dicas de saúde e segurança, sempre com aval dos nossos médicos que ajudaram na produção do conteúdo.

Neste material, pensamos não somente nos colaboradores, mas em suas famílias e na rotina de isolamento e distanciamento social: incluímos desde como higienizar alimentos e compras até mesmo dicas de máscaras e de como proceder para a o bem-estar mental. 

Durante o período de parada a infraestrutura da fábrica foi preparada para segurar um ambiente e condições de saúde e segurança, principalmente para garantir a distância de pessoas e evitar aglomerações e a concentração de pessoas.

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Nas fábricas, estamos esta semana comunicando vídeos mostrando as condições novos de trabalho, reproduzindo a rotina do colaborador desde que sai de casa até chegar ao seu posto de trabalho. Para evitar aglomerações, todos deverão sair de casa trocados, haverá espaçamento nos ônibus – que são de uso exclusivo do BMW Group -, e todos deverão usar máscaras de proteção.

Para as reuniões de grupos de trabalho na produção desenhamos pontos no chão para segurar a distância das pessoas durante a reunião. No restaurante nós criamos um modelo de turnos para garantir que nós não temos funcionários demais no mesmo tempo no restaurante e para garantir o espaço entre eles.

Nós teremos comida embalada “to go” e não mais self service. Os bebedouros estão alterados e há diversas sinalizações visuais de aumento de distanciamento entre as pessoas. Também as salas de reunião são regulamentados com uma determinada capacidade máximo de pessoas para cada sala.

Estes são alguns exemplos. No total implementamos mais que 30 mudanças. E claro, higienização e álcool gel são fundamentais pra prevenção. Os diretores e eu não paramos um dia de nos reunir para  planejar o recomeço da produção e para preparar a planta. 

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A BMW teve dificuldades de operação por falta de peças importadas este ano?

Neste ano por enquanto nós não tivemos nenhum impacto grave por falta de material importado. Nosso time de logística tem uma visibilidade alto da supply chain e consegue minimizar eventuais possíveis impactos.  Casos pontuais eventualmente acontecem, mas nada fora do padrão.

Quais modelos estão sendo feitos em Araquari e quantas pessoas atuam na empresa?

Na planta do BMW Group em Araquari produzimos os BMW Série 3, X1, X3, X4 e X5. No Brasil temos um total de aproximadamente 1000 colaboradores, incluindo aqui as operações de São Paulo e a fábrica de motocicletas em Manaus.

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Diretor Geral da fábrica do BMW Group em Araquari. (Foto: Divulgação)

Como estão se comportando as vendas e que estratégias a empresa está adotando para manter ou ampliar mercado? 

Nosso CEO mundial fala: "preparem se para o pior e tenham esperança no melhor". O BMW Group é uma empresa forte e consolidada. Tenho certeza que sairemos desta fase ainda mais fortes, seja pela nossa capacidade operacional, seja pelo nosso time, seja pelos produtos e tecnologias que desenvolvemos.

Atualmente, por questões locais e de legislação, apenas 25% da nossa rede no Brasil está aberta para vendas. Mesmo assim, a criatividade e força dos nossos concessionários trouxe novas soluções como o atendimento pelos canais online e virtuais. Até mesmo oferta de leva e traz estão sendo praticadas e diversas outras maneiras de atender os clientes. No mundo, todos os nossos projetos estão mantidos. 

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A empresa está exportando a partir de SC?

Atualmente, a produção em Araquari visa apenas o mercado local.

Que impactos essa pandemia deve provocar no mercado de veículos no médio e longo prazo, na sua avaliação?

Esta pandemia é uma crise global de uma maneira inédita. A solução desta pandemia, desta crise, que também está virando uma questão econômica global, pode resolver um outro problema grave: a crise de aquecimento global.

Eu espero que depois disso tudo a demanda de carros com novas tecnologias aumente. Programas de estímulo para a economia vão contribuir aumentar esta demanda. E o BMW Group segue comprometido com as ações de redução de emissões e com o desenvolvimento de automóveis elétricos e híbridos, assim como tecnologias de direção autônoma.

O cliente também muda o processo de compra, com aumento pela busca online de escolher e configurar carros. E também a forma de trabalhar vai mudar: muitas pessoas de administração aprendem agora o conceito de home office. No futuro o trabalho vai ser mais flexível, uma mistura de trabalho em escritório e móvel. Também os tempos de trabalho e tempo livre vão ser mais flexíveis.

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A indústria da mobilidade passa por uma grande transformação. Eu acredito que os acontecimentos do Covid-19 tenham acelerado alguns processos e transformações que poderiam levar mais tempo. Por exemplo, temos notado um aumento de interesse no automóvel nestes tempos de pandemia. A procura por soluções particulares de mobilidade aumentou.

Precisamos mais do que nunca pensar como uma startup e seguir se reinventando nas áreas onde isso é possível e sem deixar de lado os rígidos processos de manufatura e qualidade.

O consumidor estará mais digitalizado do que nunca e focado nas suas necessidades personificadas. As necessidades de marketing devem ser ainda mais embasadas na experiência individual e que agreguem ao cliente, não em maneiras massivas e populares.