A falta de armazenamento adequado de grãos leva a perdas elevadas e pode causar também doenças graves, como o câncer, em função de micotoxinas de fungos. Decididos a minimizar esses problemas, os empreendedores catarinenses Murilo Schneider, Eduardo de Aguiar e Tarcísio Selinger fundaram em Criciúma, há 10 anos, a empresa Procer, especializada no controle digital da qualidade de grãos, usando soluções de indústria 4.0. Com softwares e hardware exclusivos e gestão eficiente, eles estão conseguindo economizar este ano mais de R$ 500 milhões para clientes do Brasil e de mais 10 países da América Latina, que armazenam R$ 27 bilhões em grãos em mais de 3,5 mil silos.

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Segundo Schneider, que é CEO da Procer, desse montante poupado, R$ 130 milhões foram em economia de energia e mais de R$ 400 milhões, em conservação adequada de grãos. A energia não gasta permite abastecer, por um ano, uma cidade com 87 mil habitantes.

Os sensores digitais da Procer permitem controlar a distância tanto temperatura quanto umidade. Mas a eficiência da solução acontece porque a empresa tem técnicos para prestar serviços regionalmente, acompanha a aplicação das soluções e colabora na gestão.

– Se a gente tivesse se limitado a fornecer o software e o hardware para o cliente e dissesse: aqui está o manual, caminhem com as suas próprias pernas, a gente não teria alcançado esses resultados. Desde o princípio, a gente viu que era fundamental caminhar com o cliente e conduzir as decisões do que fazer ou não em cada silo. A gente cuida do grãos do cliente como se fosse nosso – afirma o CEO da Procer.

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Segundo ele, essa gestão eficiente paga o investimento do cliente em 300% já no primeiro ano. Entre os clientes estão produtores rurais, empresas agroindustriais e cooperativas. A atuação da empresa acontece mais em silos de arroz, milho, soja e trigo. Para manter a qualidade dos grãos, a estratégia é buscar a temperatura e umidade corretas.

– Abrimos a empresa em 2011. No primeiro inverno que tivemos, em 2012, o frio chegou apenas em 24 de julho. A gente sabia que o frio fazia bem para os produtos, aí começamos a fazer o trabalho de resfriar o arroz nos silos. Assim, começamos a evitar que o produto tivesse o problema de amarelar devido a ação de fungos. O resfriamento em silo permite que o grão colhido no primeiro trimestre chegue até a próxima colheita com qualidade. Quando fica amarelo, não pode mais ir para consumo humano – explica ele. 

No caso da soja e milho, o destaque é a secagem e manutenção dentro da umidade ideal, recomendada pelas autoridades sanitárias. Assim, são evitadas perdas.

Chama a atenção do fato de as soluções da Procer terem sido desenvolvidas totalmente pelas equipes da empresa. Murilo Schneider e Eduardo Aguiar trabalhavam anteriormente numa empresa que fazia controle da qualidade de armazenamento de fumo. Foram convidados uma vez para avaliar um sistema de controle de silo de arroz, viram falhas e oportunidade para abrir um negócio.

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Em 2011, Schneider sonhou que tinha aberto uma empresa com os dois colegas. Ligou para ambos e fez o convite, que foi aceito. Schneider era o técnico especializado em hardware, Eduardo em software e Tarcísio ficou com a parte de gestão. Hoje a empresa conta com mais de 100 colaboradores, acabou de inaugurar uma sede nova em Criciúma, onde a maioria voltou para o escritório após muito tempo de home office. Apenas os desenvolvedores de sistemas preferiram continuar trabalhando de casa.

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