A indústria de transformação gera empregos mais qualificados que a média, mas vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) há 40 anos. Nesta entrevista, o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Glauco José Côrte, fala do futuro do setor e defende aliança pelas reformas. O industrial é o primeiro catarinense a ocupar o cargo máximo da entidade. A gestão interina de 13 dias se encerra no final da tarde desta segunda-feira.

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Há pelo menos quatro décadas a indústria de transformação (que exclui a indústria extrativa) vem perdendo participação no PIB do país. Em 2018 respondeu por apenas 11,3% e pode cair mais. Quais são as principais causas?

Os problemas de competitividade da indústria de transformação são mais complexos do que os dos demais setores produtivos. A indústria brasileira enfrenta a competição com os importados, que não tem as mesmas dificuldades que as nossas indústrias tem: tributação, juros elevados e logística precária. 

É possível reverter esse desempenho ruim?

A CNI e suas entidades(Senai/Sesi/IEL), em conjunto com as federações de indústria dos Estados, trabalham pela melhoria da produtividade da indústria, através da educação, inovação, tecnologia e saúde e segurança do trabalhador. Nos últimos anos, foram investidos cerca de RS 3 bilhões em institutos de inovação e tecnologia e em centros de excelência para o trabalhador. 

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Um país grande como o Brasil, com muitos recursos naturais, poderia oferecer renda média melhor para sua população se tivesse indústria forte?

Claramente, sim. Um exemplo: os alunos que concluem cursos técnicos e profissionais do Senai têm um rendimento quase 18% superior aos que concluem somente o ensino médio. 

Santa Catarina tem uma participação maior da indústria no PIB. O que o Estado vem fazendo certo e como pode melhorar mais?

A indústria de transformação catarinense é a mais diversificada do país. Também uma das mais competitivas. O grande entrave a uma participação maior no PIB nacional são os baixos investimentos em infraestrutura. 

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O principal caminho, hoje, é o uso da tecnologias, a chamada indústria 4.0. Como o Brasil está nesse processo?

A velocidade com que as tecnologias digitais estão transformando a produção exige trabalhadores qualificados profissionalmente para os novos ambientes da 4ª revolução industrial. Senai e Sesi em todo o País trabalham arduamente para esse objetivo. 

O setor está confiante de que o governo de Jair Bolsonaro fará as reformas?

A indústria confia em que o governo do presidente Bolsonaro trabalhará pelas reformas estruturantes, que criarão um ambiente institucional mais favorável aos investimentos, com segurança jurídica. Para isso, será necessária uma aliança entre os poderes Executivo e Legislativo.