Há pelo menos uma década, Santa Catarina lidera indicadores de desenvolvimento como emprego e qualidade de vida no país. Mas a falta de avanços em uma série de indicadores de educação, entre os quais a queda para 18ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Ensino Médio em 2021 após estar em primeiro lugar em 2005, mostra que o Estado vai perder competitividade por falta de capital humano.
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O alerta foi feito por Lucia Vieira Dellagnelo, doutora em educação pela Universidade de Harvard e presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) em palestra na reunião da diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) nesta sexta-feira.
– Se nós não investirmos agora em capital humano de uma maneira intensiva e diferente do que vem acontecendo nos últimos anos, a falta de capital humano vai se tornar uma âncora, uma barreira, para o desenvolvimento de Santa Catarina – afirmou ela que é ex-secretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável de SC.
Para a especialista, é preciso analisar a qualidade da educação em Santa Catarina e investir para melhorar. Sugere que empresários se unam com o setor público para trabalhar por uma educação de qualidade.
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– Quando a gente olha os dados de competitividade do país, fica claro que a única barreira que está puxando o Brasil sistematicamente para baixo é a falta de capital humano qualificado para essa nova revolução – a indústria 4.0, a inovação – que é a base da economia do presente e do futuro – afirma Lucia Dellagnelo.
A especialista destacou que no último ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, com base em dados de 2019, o Brasil ficou em 71º lugar entre 141 países. Mas nesse mesmo ranking, quando foram avaliadas as competências digitais da população, o país caiu para a 133ª posição.
No ranking de competitividade do IMD, que avalia 64 países, o Brasil caiu duas posições em 2022 e ficou em 59º lugar. E o Índice de Capital Humano (ICH) do Banco Mundial apurou que o Brasil está com média de 0,60. Nesse mesmo indicador, SC ficou com 0,63, isto é, não evoluiu quase nada entre 2007 e 2019.
Outro estudo, da Universidade de Stanford, feito por três professores – Gust, Hanushek, Woessmann – divulgado em novembro de 2022, apurou que faltam habilidades básicas para 66% dos jovens brasileiros de 15 anos. E que as escolas brasileiras enfrentam dois problemas. O primeiro, é que ainda um quinto da população não está matriculada no ensino médio e, segundo, a qualidade das escolas precisa ser melhorada.
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Ainda considerando a competitividade global da educação brasileira, Lucia Dellagnelo alertou que enquanto muitos países têm subido a curva de investimentos em educação, o Brasil tem diminuído o desempenho nas avaliações internacionais ligadas à educação. Entre os que mais avançam estão a Finlândia, Coreia do Sul e China.
Olhando o Ranking de Competitividade dos Estados divulgado este ano pelo Centro de Liderança Pública, SC ficou em segundo lugar na competitividade geral, atrás apenas de São Paulo. Mas no indicador “Capital humano”, ficou na 24ª posição. Para a presidente do CIEB, é preciso analisar diversos dados para identificar onde esta o problema principal da educação catarinense. Uma hipótese, segundo ela, é que como o Estado oferece pleno emprego, muitos jovens preferem trabalhar do que seguir nos estudos.
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