Ganhar dinheiro com a venda de roupas usadas e colaborar para a preservação ambiental são as principais motivações das pessoas para aderir à revenda (resale, em inglês) de produtos de moda por meio de plataformas digitais, redes sociais ou em brechós. Foi isso que apontou pesquisa internacional da consultoria McKinsey, feita após o início da pandemia, segundo a qual duas de cada três pessoas admitem vender roupa usada. Além disso, estimativa da empresa GlobalData prevê que entre 2019 e 2021, o faturamento com a revenda de roupas vai crescer 69% no mundo enquanto o de lojas tradicionais de varejo (retail) deverá cair 15%.

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Quem acaba de aderir a essa tendência de revenda são duas marcas de moda infantil de Santa Catarina, a Lilica Ripilica e a Tigor T. Tigre, ambas do grupo Marisol, de Jaraguá do Sul. Para estrear nesse mercado, a companhia fez parceria com a plataforma digital Enjoei, que abriu capital recentemente na bolsa de valores do Brasil, a B3.

Os desafios da indústria de SC na retomada do crescimento

Com o lema ‘Roupas paradas não contam histórias’ as duas marcas lançaram o programa Re-conta. Ele funciona da seguinte forma: quem leva roupa usada em boas condições em franquia da marca para fazer troca recebe crédito de 30% do valor que pagou. Esse crédito pode ser usado em nova compra. A troca é possível em franquias das marcas que estão cadastradas no programa.

Esse é mais um passo da Marisol, que tem como meta até 2030 ser a mais relevante plataforma brasileira de negócios para o universo infantil. De acordo com o CEO da companhia, Giuliano Donini, as roupas infantis deixam de servir rápido e se tornam parte de lembranças. O projeto Re-conta é para a roupa contar novas histórias, criar novos ciclos de memórias e, assim, também colaborar para um mundo mais sustentável. Outra iniciativa da empresa de SC nesse universo infantil é a série de animação Mundo Ripilica, que levou a ursinha Lilica para o cinema. Já está com tradução para o inglês e espanhol e entrou até no gigantesco mercado Chinês.

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Nesse novo desafio de revenda de moda, a head de projetos estratégicos da Marisol, Bárbara Moraes, explica que a empresa assume toda a responsabilidade com o consumidor. Recebe a peça usada na loja, faz uma curadoria para certificar a originalidade e integridade e envia para a Enjoei. Numa nova etapa, é feita uma segunda curadoria e depois a peça é disponibilizada para venda na plataforma. Segundo Bárbara, a moda infantil é um dos segmentos que mais praticam essas trocas de produtos em função da brevidade de uso.

Outra marca de moda no Brasil que firmou parceria com a Enjoei é a carioca Farm, do segmento adulto feminino. E em nível internacional, um destaque é o acordo entre a estilista Stella McCartney, filha do ex-Beatle Paul McCartney, com a empresa The RealReal, plataforma a Califórnia especializada em revenda de marcas de luxo, que também tem curadoria com ênfase na originalidade do produto.

Além da forte ênfase à sustentabilidade porque fabricar têxteis requer milhares de litros de água, o mercado de roupas usadas motiva também pelo crescimento acelerado. A empresa thredUp, também da Califórnia, líder mundial em vendas online no segmento, informou que no período de março a maio deste ano registrou crescimento de 20% nas vendas enquanto que uma varejista tradicional do setor (benchmarking) teve queda de 24%.