Agora é oficial: o economista Gabriel Galípolo, 42 anos, atual diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, será o novo presidente da instituição a partir de 01 de janeiro de 2025. Ele vai suceder Roberto Campos Neto e será o segundo presidente com mandato definido e gestão independente. Mas economistas experientes dizem que Galípolo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisam trabalhar em cooperação para o bem da economia.

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O presidente Lula indicou Gabriel Galípolo nesta quarta-feira (28) para ser o novo presidente do Banco Central. A tradicional sabatina do candidato no Senado será em outubro. Graduado em economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e ex-presidente do Banco Fator, o futuro titular do BC é considerado um técnico capacitado e conta com apoio das principais lideranças do PT, em especial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o nomeou para a diretoria do BC.

Para economistas que já tiveram a caneta do BC e ou do Ministério da Fazenda, ou ainda que acompanham as contas públicas com atenção, o grande desafio de Gabriel Galípolo será controlar a inflação – missão principal da instituição – na atual situação fiscal do país, com o governo gastando mais do que o previsto no arcabouço fiscal.

Nesse desafio maior, eles destacam que a parceria do presidente do BC com o presidente Lula será fundamental. Isso significa que o desejado é que o executivo federal tome medidas para conter os gastos públicos e trabalhe mais para ajustar as contas federais.

Entre os que fizeram esse alerta está o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em entrevista ao Estadão. Segundo ele, o BC sozinho não consegue levar a inflação para a meta. Precisa do apoio do governo federal no ajuste dos gastos públicos.

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Desde o início do governo Lula, chama a atenção o fato de o presidente da República criticar o presidente do Banco Central Roberto Campos. As principais queixas são de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do banco tem mantido os juros muito elevados para conter a inflação.

Para o mercado, essa é uma crítica desnecessária e que prejudica a economia porque pode gerar instabilidade econômica e mais inflação. O BC está conseguindo entregar uma taxa inflacionária um pouco acima da meta, mas sem extrapolar. A meta de inflação para 2024 e 2025 é 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e o mesmo valor para baixo.

A sintonia a favor do Banco Central para conter a inflação é importante porque o desequilíbrio de preços gera crise: implica em juros mais altos, suspensão de investimentos, desemprego e endividamento das famílias, podendo culminar com recessão. Esse quadro não é desejável, principalmente nos próximos dois anos, quando o presidente Lula já anunciou que buscará a reeleição. Assim, a expectativa é de sintonia entre Planalto e BC a favor da inflação baixa e crescimento econômico.