Amor infinito de fãs ultrapassa limites de custos e de esforço para estar perto de estrelas. Por isso, segunda e quinta feira, mais uma vez, milhares de fãs brasileiros da cantora americana Taylor Swift vão entrar em fila virtual ou real para comprar ingressos a um dos shows extras da turnê The Eras Tour. Isso acontece nestes dias em que cantora Beyoncé acaba de ser apontada como causadora de aumento da inflação na Suécia com estreia da turnê por lá em maio. Elas vão elevar a inflação no Brasil também?

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Com vendas agora e ingressos disputadíssimos, com milhões de pessoas interessadas, os cinco shows da Taylor Swift serão em novembro, em São Paulo e Rio de Janeiro. Beyoncé, que já fez show em Florianópolis, informou que virá ao país com a turnê Renaissance em março ou abril de 2024.

No caso dos ingressos para as apresentações de Taylor, embora os preços possam variar de um mínimo a um máximo, é um investimento caro, que movimenta uma boa parte da economia do país. O valor do ingresso pode ir de R$ 190 (meia entrada) no Rio, o mais barato, a R$ 2,2 em pacote vip em São Paulo. Se ainda não conseguir, poderá adquirir de cambista ou de agências de viagens por valor ainda maior.

Acompanho de longe o empenho de um casal amigo e sua filha de 15 anos, superfã da Taylor, para adquirir ingressos. Nas vendas para os primeiros shows, não conseguiram oportunidade de compra. O plano é adquirir dois, para o pai acompanhar a jovem. Nesta segunda, tentarão de novo adquirir com cartão do C6 Bank (uma opção antecipada), e, se não der, farão a mesma tentativa nas vendas para o público em geral dia 22.

Continua depois da publicidade

Uma conta superficial mostra o tamanho do desafio para quem é de Florianópolis participar do show. Para duas pessoas, somente de ingresso o valor pode chegar a R$ 4.400. Depois tem a passagem aérea que, se comprada com antecedência, pode custar cerca de R$ 1.000 cada. Mais duas noites de hotel, R$ 1.000, mais R$ 1.000 com alimentação e R$ 600 com transporte. A soma chega a R$ 8.000.

E elas poderão causar inflação por aqui?

Chamou a atenção nesta quinta-feira a divulgação da inflação na Suécia do mês de maio, quando a cantora Beyoncé iniciou sua turnê mundial por lá. A atração de fãs de vários países para Estocolmo porque os preços dos ingressos eram mais baixos gerou alta nos preços de hotéis e restaurantes. Com isso, a inflação anualizada até maio, que estava estimada em 9,4%, acabou ficando em 9,7%, um acréscimo de 0,3 ponto percentual.

Na minha avaliação, esse efeito inflacionário que ocorreu na Suécia, país com apenas 10,4 milhões de habitantes, não acontece no Brasil, um país continental, com grandes metrópoles quase sempre lotadas de eventos. Hotéis e restaurantes mantêm preços estáveis, normalmente, ao longo do ano.

Variações pontuais não afetam a estatística nacional que envolve a maior parte do país. A inflação oficial, o IPCA, calculada pelo IBGE, inclui 16 capitais brasileiras e coleta de dados durante várias semanas do mês.

Continua depois da publicidade

Mas a polêmica envolvendo a Beyoncé mostra o quanto a economia da cultura movimenta o turismo, um setor que envolve quase 60 atividades, gerando emprego e renda. No caso da música, considerada uma das mais belas formas de expressão artística, quanto mais icônico o artista ou a banda, mais disposição as pessoas têm para atravessar o país ou até continentes para participar de um show.

O Brasil tem grandes músicos e organiza excelentes festivais com impactos na economia, sempre. Mais recentemente, quem movimentou a economia do Brasil, em março, foi grupo britânico Coldplay, que fez 11 shows no Brasil movimentando a economia de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Os dados do IPCA mostram que SP e RJ tiveram alta média da inflação em março, enquanto os preços dispararam em Porto Alegre, Brasília, Goiânia e Curitiba, o que confirma meu argumento.

Este ano, teremos o fenômeno Taylor Swift e outros. Isso faz muita gente usar os cartões de crédito para comprar ingressos e também bancar as viagens. Aumenta o custo de vida de quem participa, não deverá afetar a inflação.

Leia também

Por que SC voltou ter receita bilionária nas exportações em maio

Projeto que pode desonerar folha de 285 municípios de SC avança no Senado

“Até 80% dos turistas gostariam de viagens mais sustentáveis”, diz especialista europeu