Reconhecida como uma das regiões com economia mais dinâmica do Brasil, o Norte catarinense tem entre as suas âncoras o complexo portuário Babitonga, que conta com os portos de São Francisco e de Itapoá, o terminal privado Tesc, e projetos de investimentos para os próximos 10 anos que somam R$ 15 bilhões. Ao comemorar 10 anos de atividades nesta quarta-feira (16), o Porto de Itapoá anuncia novo programa de expansão orçado em R$ 1,5 bilhão para os próximos cinco anos. O presidente do porto, Cássio José Schreiner, informa que o objetivo é duplicar a capacidade do terminal, passando de 1,2 milhão de TEUs (unidade de medida de contêineres) para mais de 2 milhões de TEUs por ano.

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Segundo Schreiner, a série de investimentos no complexo portuário Babitonga deve incluir para breve uma concessão para aprofundar o canal de acesso à baía até em 2022, criando um pedágio para a entrada de navios. Essa obra vai ampliar de 14 metros para 16 metros a profundidade do calado, permitindo receber grandes navios de contêineres de 400 metros, que são as grandes embarcações mundiais de cargas atualmente.

Entre os investimentos projetados para o entorno da Baía da Babitonga na próxima década, Schreiner cita o Terminal de Gás Sul (TBG), unidade de gás natural liquefeito orçada em US$ 77 milhões (R$ 388 milhões) que acaba de ser licenciada. Na lista estão, também, o terminal Mar Azul para cargas da ArcelorMittal, o Porto Brasil Sul, o Terminal Graneleiro Babitonga (TGB). Ao todo, são mais de 30 empresas portuárias e retroportuárias previstas.

– Se todos esses projetos privados forem executados, o total de empregos diretos na região, que hoje está em 8,5 mil, terá um acréscimo de mais 45 mil vagas. A geração econômica de valor vai superar R$ 1,8 bilhão para a região, isso computando salários, impostos e outros serviços. Se só o Porto de Itapoá, com seus quase mil colaboradores, coloca anualmente no município R$ 30 milhões, imagina o impacto desses projetos para a região. Estamos falando de São Francisco do Sul, Barra do Sul, Garuva, Itapoá. Toda a região sairá ganhando – explica o executivo, ao destacar que esses projetos estão em licenciamento.

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Cássio José Schreiner, presidente do Porto de Itapoá
Cássio José Schreiner, presidente do Porto de Itapoá (Foto: Divulgação)

O Porto de Itapoá, projetado pela família Battistella a partir de uma sugestão do ex-ministro e ex-presidente da Vale, Eliezer Batista, se tornou um exemplo emblemático no Brasil de obra que demorou a sair pelas dificuldades de licenciamento ambiental. Foram mais de 15 anos de negociações até a inauguração em dezembro de 2010 e a chegada do primeiro navio em 16 de junho de 2011.

Hoje exemplo de projeto sustentável, com uma praia abaixo do cais, que fica a 200 metros dentro da baía, o Porto de Itapoá surpreendeu pela velocidade de crescimento e impacto econômico e social. Começou a operar com capacidade de 500 mil TEUs por ano, ampliou para 1,2 milhão em 2018 e, agora, com capacidade mais de 80% ocupada, inicia nova expansão. É com a forte movimentação do terminal que o complexo portuário Babitonga chegou a quase 60% da movimentação de cargas em Santa Catarina em 2019.

O maior impacto econômico do porto acontece no município de Itapoá. Ele gera 950 empregos diretos e cerca de 5 mil indiretos. Somente os trabalhadores do terminal movimentam R$ 30 milhões por ano na economia local. A arrecadação de impostos do município subiu de R$ 35 milhões por ano para R$ 108 milhões, o que significa um acréscimo de 200%. O maior salto, de 5.600% foi no Imposto sobre Serviços, cuja receita subiu de R$ 210 mil por ano para R$ 12 milhões.

Questionado sobre o atual momento de concorrência portuária em Santa Catarina, Schreiner explica que o mercado está em crescimento. O setor cresce três vezes a variação do Produto Interno Bruto (PIB) e o Brasil está em crescimento. Segundo ele, do total de cargas movimentadas, cerca de 50% são de empresas de outros estados que buscam a eficiência do terminal catarinense, principalmente para a importação de eletrônicos outros itens. A outra metade da movimentação é de cargas de companhias de SC, incluindo carros da BMW, peças da Tupy, itens da Embraco, WEG e exportação de carga frigorificada, que é o forte de Santa Catarina.

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– Nesses 10 anos de operação a gente buscou sempre uma diferenciação em relação aos demais players, até porque éramos novos no mercado. Sempre procuramos ter nossos clientes muito satisfeitos com as nossas operações, por isso fomos eleitos nos últimos anos como o porto com os clientes mais fiéis e satisfeitos do Brasil. Isso motiva muito os nossos clientes a optarem pelo Porto de Itapoa – afirma Schreiner.

O Porto de Itapoá é um dos cinco maiores do Brasil em movimentação de contêineres. Um dos seus principais acionistas é a gigante global de logística Mersk, que opera mais de 80 terminais portuários pelo mundo e, às vezes, usa o porto catarinense como referência.