O apagão do final de outubro de 2003, que deixou mais de 300 mil pessoas sem energia elétrica em Florianópolis devido a um acidente no cabo de transmissão da distribuidora Celesc para a Ilha, na ponte Colombo Salles, deverá ficar para a história. Com o objetivo de evitar que um caso assim se repita, o Norte da Ilha de Santa Catarina está recebendo uma obra de duas linhas de transmissão de energia, com investimento de R$ 640 milhões. É o projeto Linha de Transmissão 230 kV Biguaçu – Ratones C1 e C2. A conexão com os consumidores será feita pela Celesc.

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Como está em operação a linha submarina do Sul da Ilha, feita pela Eletrosul, quando essa nova obra for concluída Florianópolis terá “contingência tripla”, isto é, três linhas ligadas à rede básica nacional. Cada uma com capacidade para suportar sozinha toda a carga de energia necessária para a cidade, explica Ferdinand do Vale, gerente de Execução e Projetos de Leilão da companhia ISA Cteep, que venceu o leilão e está executando a obra.

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As linhas duplas de transmissão saem da Subestação Biguaçu em trecho aéreo, vão até a região costeira continental, passam pela Praia de Baixo e atravessam a Baía Norte até a Praia Comprida, em Santo Antônio de Lisboa, em trecho subaquático. A partir daí, entram na Ilha de forma subterrânea e vão até ser transformadas em linha aérea para atender a Subestação Ratones. A extensão é de aproximadamente 28 quilômetros, com 11 quilômetros de linha aérea, 13 quilômetros abaixo do mar e quatro quilômetros de linha subterrânea até a subestação, onde a Celesc vai iniciar a distribuição.

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Esse investimento deve tornar a Ilha uma das áreas do país mais seguras para distribuição de energia vinda do sistema interligado nacional. Além de atender a região insular, as linhas podem ajudar também na transmissão de energia para a região continental, caso ocorra acidente que interrompa linhas em Palhoça e São José, por exemplo.

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Registro de outro trecho onde a companhia avança com as obras de reforço na energia elétrica em Florianópolis (Foto: ISA Cteep, Divulgação)

A sugestão para que o sistema de transmissão de energia da Ilha fosse fortalecido veio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Em estudo solicitado pela Celesc e pelo Operador Nacional do Sistema (NOS), a EPE identificou que ainda havia o risco de ter um novo apagão na cidade, apesar das linhas do Sul e da ponte. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acatou o conselho e promoveu leilão em junho de 2018, quando a ISA Cteep fez a melhor oferta e venceu. A companhia vai fazer a obra e fornecer o serviço de transmissão por 30 anos.

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Após obter a licença ambiental de instalação em março deste ano junto ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) de SC, a empresa iniciou as obras em abril, para as quais estão sendo oferecidos 230 empregos diretos pela própria companhia e fornecedores.

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Mapa com detalhes da obra (Foto: Arte NSC)

Ferdinand do Vale informa que o ritmo de atividades está dentro do esperado e conta com a participação de diversas empresas prestadoras de serviços, entre as quais a catarinense WEG, que está fazendo a subestação em Ratones, que terá dois transformadores de 150 MVA cada. A expectativa é de que a obra seja antecipada.   

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Um dos trechos mais complexos é a instalação dos dois cabos submarinos a uma distância de 50 metros cada. Esse trabalho está em andamento e é executado por outro fornecedor especializado. Para evitar que os cabos sejam rompidos, eles são colocados no mar e enterrados a uma profundidade de um metro, explica o executivo. O prazo para o término da obra é em meados do ano que vem, mas deve ser concluída antes do esperado.

– As duas novas linhas não só aumentarão a confiabilidade do sistema de distribuição atual, mas também permitirão o atendimento da demanda de carga que vem crescendo em Florianópolis – afirma o executivo.

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A ISA Cteep é a maior empresa de transmissão de energia do Brasil, multinacional com 20 anos no país e presente em 17 estados, inclusive em Santa Catarina. É responsável por fornecer 94% da energia consumida em São Paulo e 33% no Brasil.   

Este ano, a companhia está fazendo linhas de transmissão que totalizam R$ 1 bilhão e o maior projeto é esse da Grande Florianópolis. A empresa já opera no Estado com outras linhas: soma 173 quilômetros de linhas e três subestações, em Joinville Norte, Siderópolis e Forquilhinha.

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Celesc vai investir R$ 60 milhões

Enquanto o projeto da ISA CTeep tem a função de colocar energia na llha pela rede básica administrada pelo Operador Nacional do Sistema (NOS), a Celesc Distribuição trabalha para levar a energia até os consumidores locais. Os investimentos para esse trabalho serão de aproximadamente R$ 60 milhões, para linha subterrânea e aérea, informa o diretor de Distribuição da Celesc, Sandro Levandoski.

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Ele observa que esse projeto vai reforçar a oferta de energia, garantindo atendimento de qualidade no verão, quando o uso de carga cresce em função do turismo e do calor. 

– Houve aquele evento em 2003 (o rompimento dos cabos na ponte que gerou o apagão) e, de lá para cá, a Celesc e o Operador Nacional do Sistema (ONS) solicitaram para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) um reforço para que a ilha ficasse abastecida de forma mais segura – comenta Levandoski.

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Segundo ele, a partir da Subestação Ratones, serão feitas conexões entre a rede básica e a da Celesc. Assim, serão três linhas da rede básica para a Ilha de SC, além das duas linhas da estatal catarinense na ponte, que continuam em operação. A conclusão das obras está prevista para abril de 2022. Levandoski explica que existe o contrato firmado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com prazo até 2023, mas depois foi feita solicitação de antecipação para melhor atender a Ilha.

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O diretor também está participando das negociações em busca de uma solução do problema de oferta de energia no Meio-Oeste do Estado, onde teve um apagão de 96 horas em Caçador e região, a partir de 28 de maio.

Segundo ele, o ONS já vem acompanhando a situação na região e foi feito o leilão para uma nova linha de transmissão da rede básica para melhorar a segurança. Desde 2016 a Celesc vem apontando problema na região. Por isso foi organizado o leilão de concessão de linha entre Abdon Batista e Caçador.

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