Os dois principais desafios do vencedor da eleição presidencial de outubro, na área econômica, serão os problemas de confiança e fiscal do governo brasileiro. A análise é do cientista político e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, que fez palestra em painel econômico da Expogestão 2022, nesta quarta-feira. Segundo ele, o crescimento econômico no próximo mandato presidencial será uma combinação entre eventos internacionais e respostas domésticas.

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– O próximo presidente vai lidar com um mundo em transformação, o que coloca desafios e oportunidades para o Brasil. Esse mundo tem duas características, é de inflação mais alta do que no passado, o que significa taxa de juros mais elevadas que resulta em menor crescimento. É um mundo com risco geopolítico, que pode passar por um processo de desconstrução da globalização – explica Rafael Cortez.

Segundo ele, o grau de sucesso do Brasil vai depender de como o Brasil vai lidar com os próprios problemas. E os principais problemas brasileiros são, do ponto de vista da agenda econômica, de confiança e fiscal.

– Uma série de indicadores mostra que o Brasil ainda não recuperou o nível de confiança do passado por diversas razões. Quando o empresário enxerga o ambiente dele, enxerga com insegurança. O horizonte temporário dele é mais curto. Isso dificulta o investimento, que precisa de previsibilidade, do agente econômico com confiança – afirma o cientista político.

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O novo governo terá que resolver isso porque parcela dessa desconfiança tem a ver com problemas gestados na política, em decisões de política econômica, em decisão de montagem de governabilidade, avalia ele.

Para Rafael Cortez, o segundo grande problema interno do Brasil é o fiscal. O país tem uma tendência de aumento de gasto, e aumento de gasto, tudo mais constante, aumenta a taxa de juros para controlar a inflação. Preocupa ainda mais pelo fato de o país ainda enfrentar um cenário de inflação que encerrou em 2021 em dois dígitos.

Ele alerta que a queda dos juros vai depender de quanto o país vai conseguir resolver o problema fiscal. E com juros mais baixos é possível ter crédito mais barato, o investidor fica mais confiante e a economia começa a ganhar tração.

Rafael Cortez acredita que apesar da polarização entre Lula e Bolsonaro, que lideram as pesquisas, haverá segundo turno no pleito presidencial. Destaca que o discurso do PT e de Lula é de que não haverá regra de gasto. Isso, se de fato for verdade, será um cenário difícil que, mais tarde, vai exigir uma regra, prevê o cientista. Já para o cenário internacional, ele vê mais oportunidades de o petista melhorar a imagem do Brasil.

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Também conforme Rafael Cortez, se Bolsonaro for reeleito, o governo terá que resolver o problema fiscal e apaziguar a sociedade ainda muito radicalizada. Sem isso, será muito difícil alcançar um bom ambiente econômico. Se conseguir, o país pode ter mais oportunidades de atração de investimentos e crescimento.