A vacina RNA MCTI Cimatec HDT, em desenvolvimento na Bahia, a primeira do Brasil contra Covid-19 que utiliza a avançada tecnologia de replicon de RNA, pode finalizar os ensaios clínicos e ficar pronta para produção em série em outubro, caso não houver atrasos. A informação é do secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales, que acompanhou visita do ministro Marcos Pontes, a Florianópolis, na semana passada, possivelmelmente a última vez em SC do astronauta como titular da pasta. Ele vai deixar o cargo para disputar cadeira na Câmara dos Deputados por São Paulo, pelo PL.    

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Uma das cinco vacinas mais avançadas lançadas pela RedeVírus MCTI , ela está sendo desenvolvida numa parceria entre o Instituto Senai de Inovação de Sistemas Avançados em Saúde de Salvador, a empresa HDT Bio Corp, de Seattle, EUA, que vai fabricar esses imunizantes, e a indiana Gennova Biopharmaceuticals. A coordenação é do pesquisador Roberto Badaró, do Senai. 

– A vacina RNA MCTI Cimatec HDT é altamente tecnológica. Usa uma pequena quantidade (do ingrediente ativo), fica restrita às células do braço, não espalhando por todo o organismo, o que é uma vantagem. Isso permite colocar outras variantes na mesma vacina. E a gente já está trabalhando outras variantes, a ômicron e a delta, para incluir mais à frente dentro dessa vacina – explica Marcelo Morales.

Essa tecnologia, além da Covid-19, pode permitir a criação de vacinas ou tratamentos para outras doenças complexas que afligem o Brasil. Na lista estão zica, Chikungunya, dengue, febre amarela, malária e até câncer.

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A fase um dos ensaios clínicos começou em 13 de fevereiro deste ano e terá duração de três meses. A fase dois, de mais três meses, será iniciada na sequência e, depois será feita a fase três, que requer prazo de três a quatro meses. Esses ensaios vão até outubro deste ano, quando pode ser iniciada a produção dos imunizantes. Essa fabricação será na Bahia, em unidade da Cimatec, junto com a empresa HDT, informa o secretário. 

Vacina brasileira contra a Covid-19 é aplicada pela primeira vez

Além dessa, mais quatro vacinas brasileiras contra Covid-19 avançaram e devem receber recursos do MCTI para os ensaios clínicos, após autorização da Anvisa. Isso é resultado da estratégia do governo de desenvolver vacinas nacionais, iniciada em fevereiro de 2020, antes da chegada da pandemia, explica o secretário.

O entusiasmo de Marcelo Morales com o desenvolvimento de vacinas não é recente. Médico graduado pela USP, ele é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde também faz pesquisa com terapia gênica, que usa RNA e DNA para buscar tratamentos de doenças complexas.

Há 26 anos, ele foi aos EUA pesquisar tratamento com essa terapia para fibrose cística, doença que ataca o pulmões de crianças. A ideia era colocar o gene correto de volta nas células do pulmão para corrigir o problema.

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Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (Foto: Neila Rocha, MCTI)

“Todas as vacinas salvam vidas”

Questionado sobre o fato de algumas pessoas portadoras de doenças autoimunes ainda evitarem tomar vacina contra Covid-19 por medo de terem piora na saúde, Marcelo Morales disse que elas não precisam temer.

– Todas as vacinas salvam vidas, todas elas são muito importantes. Se hoje nós temos uma redução no número de mortes – a ômicron aumentou isso porque ela infecta mais -, se a gente não tem um desastre maior é porque nós temos todas essas vacinas – afirma ele.

Marcelo Morales reconhece que algumas pessoas têm algumas reações a vacinas, ele mesmo teve. Mas observa que são reações controláveis.

– Sempre quando a gente faz ciência, a gente avalia o que está acontecendo. É claro que temos um tempo curto de avaliação dessas vacinas que estão aí. Mas a gente avalia os benefícios e pesa isso na balança. O que queremos? Mais mortes? Tem alguns efeitos colaterais, mas as mortes caíram drasticamente com as vacinas – enfatiza o secretário do MCTI.

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