Ao falar sobre a qualidade da educação brasileira antes da abertura da reunião regional do Conselho Nacional de Educação (CNE) em Florianópolis, nesta segunda-feira (15), o presidente do órgão, Luiz Roberto Liza Curi, chamou a atenção sobre a evasão de quase 70% dos alunos dos cursos de engenharia no país. Segundo ele, essa é uma área da educação que deveria ocupar espaços relevantes porque gera impacto no desenvolvimento econômico, na produtividade da indústria e na inovação.
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O conselho realiza reuniões regionais para ter uma interação com lideranças de diferentes regiões do país, para ouvir demandas locais e trocar conhecimentos. O evento vai até quinta-feira em Florianópolis, onde tem como anfitriões dois integrantes do conselho, o secretário de Estado da Educação, Aristides Cimadon, e a presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) e reitora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), Luciane Bisognin Ceretta.
– Nós temos, por exemplo, uma cobertura muito baixa de engenharia no país. No entanto, nós temos quase 70% de evasão do conjunto dos cursos de engenharia no Brasil. É muita evasão para pouco ingresso. Em relação aos que se interessam pelo curso e que se efetivam na matrícula há uma diferença de 75%. Só 25% dos que se interessam em engenharia se inscrevem em engenharia e muitos deles evadem depois. Tem que haver incentivos e ordenamento para esse processo de expansão nas engenharias. Hoje, dos 10 cursos que mais crescem no Brasil só tem um de engenharia, a civil – alertou Curi.
Ele falou sobre esse cenário das engenharias ao destacar os saltos de desenvolvimento alcançados pelas economias da Coreia do Sul e da China nos últimos 40 anos com base na educação, sendo que antes disso, o Brasil era mais desenvolvido. Segundo ele, para avançar nas engenharias são necessários processos de expansão e regulação adequados no ensino superior e também melhorar a educação nas outras fases.
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Sobre a mudança no currículo do ensino médio brasileiro, com mais ênfase à formação técnica, que tem gerado demora na implantação, Curi defendeu maior formação nessa fase. Citou exemplos de outros países para mostrar que o Brasil precisa avançar.
Disse que enquanto aqui, no nível médio, 9% a 10% dos alunos fazem formação profissionalizante, nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) são 47% e na Suíça, França e Finlândia são mais de 60%.
Questionado sobre a elevada evasão das engenharias, o secretário de Educação de SC, Aristides Cimadon, disse que já trabalhou sobre esse tema e orientou trabalhos de conclusão de curso sobre o assunto.
– Eu acho que o grande problema da evasão é o jovem fazer aquilo que ele percebe que não vai aplicar na vida. Esse é um desafio para as instituições, para que elas possam adequar seus currículos e cursos para que tenham aplicabilidade na vida real. Esse é um grande desafio das instituições, que sofrem uma resistência imensa dos professores, porque cada um quer defender a sua panelinha, a sua disciplina antiga, o seu jeito de lecionar. As coisas mudaram muito e a pandemia mudou muito isso – destacou o secretário.
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Segundo ele, existe um conjunto de variáveis que precisam ser trabalhadas e pensadas. Se não fosse isso, as universidades públicas estariam cheias, mas a evasão nas universidades públicas é até maior do que nas instituições privadas.
Santa Catarina tem trabalhado para avançar no ensino técnico, importante para o ingresso de estudantes nessas profissões de exatas. Conforme Luciane Ceretta, a Acafe participou, ao lado da Secretaria de Estado de Educação, na formatação dos projetos pedagógicos para a formação do ensino técnico profissionalizante que agora está em todas as escolas estaduais. Além disso, tem professores preparados para ministrar aprimoramento profissional a professores que vão atuar no ensino técnico.
Universidade Gratuita e educação profissional
Nesta terça-feira, a reunião do CNE continua, mas será na Federação das Indústrias de SC (Fiesc). No turno da manhã, o tema será Instituições de Ensino Superior Comunitárias e Universidade Gratuita.
À tarde, o tema será Educação Profissional Tecnológica: Os dilemas futuros da EPT. Sobre o Universidade Gratuita, Luciane Ceretta afirmou que um dos pontos a serem destacados ao CNE será o modo como o programa foi planejado.
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– O Programa Universidade Gratuita se tornou uma referência para os outros estados brasileiros. Logo, o Conselho Nacional de Educação quer conhecer esse programa por dentro. Conhecer não só os indicadores finais, mas o modo como se formatou esse programa e se organizou todo o processo que se transformou numa lei. Então amanhã será apresentado todo esse histórico de construção do programa e como está organizado hoje – destacou a presidente da Acafe.
A reunião do CNE segue quarta e quinta-feira com temas como: formação continuada de professores, organização acadêmica da universidade brasileira, pós-graduação strictu sensu, educação infantil e educação integral.
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