A estratégia do governo de Jair Bolsonaro para dar uma acelerada no crescimento econômico será a liberação de parte do FGTS. Os detalhes devem sair até quarta e o pagamento para mais de 100 milhões de pessoas será desafio da Caixa Econômica Federal, informou o presidente da instituição, Pedro Guimarães, que visitou Florianópolis, Balneário Camboriú e Joinville neste final de semana. Em entrevista à coluna, Guimarães, que é um dos jovens economistas que fizeram doutorado nos EUA e integram a equipe d o ministro da Economia Paulo Guedes, falou sobre nova linha de crédito imobiliário e novo foco da Caixa.
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O governo federal promete decidir sobre a liberação de parte do FGTS. O que o senhor pode adiantar?
A definição do valor é do ministro da Economia (Paulo Guedes). A Caixa ajuda nas contas e na parte operacional. A definição deve sair na quarta-feira. A parte mais importante da Caixa é realizar o pagamento. São 100 milhões de pessoas beneficiadas com o FGTS e 10 milhões do PIS, então, serão 110 milhões de pessoas.
Obviamente, algumas são beneficiadas com o FGTS e o PIS, mas são mais de 100 milhões. A gente vai atender inclusive nos fins de semana. Na quarta-feira haverá o anúncio oficial que será feito pelo presidente da República, Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia. Nós também faremos parte, representando a Caixa. É algo positivo para a população.
O que a Caixa vai priorizar na gestão Bolsonaro?
A gente vai focar em micro e pequena empresa, crédito imobiliário, crédito consignado, infraestrutura focada em saneamento, coisas estruturantes. Esse será nosso foco. E na parte de patrocínio, vamos mudar de grande clube de futebol para projetos sociais. Fazer parcerias com o Instituto Guga Kuerten, Instituto Ayrton Senna e outros.
A gente quer ajudar pessoas carentes, pessoas com deficiência. Vamos ajudar quem não está servido pelos outros bancos. E no Brasil inteiro. Eu sou carioca, fui fazer doutorado nos EUA com 26 anos (Universidade de Rochester), retornei com 32 anos e fui para o mercado financeiro (foi sócio do Banco de Investimentos Plural). Saí para integrar a equipe do ministro Paulo Guedes.
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O que a Caixa está oferecendo aos clientes para renegociação de dívidas?
A Caixa tem dois programas de renegociação de dívidas. Um é para dívidas em atraso há mais de um ano. Para essas dívidas de cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e crédito direto ao consumidor temos até 90% de desconto do valor total. Esse programa vai até o final do ano. Serão 3 milhões de pessoas e microempresas que serão beneficiadas.
Mais de 200 mil já renegociaram. E um segundo programa é de renegociação da casa própria. Temos 600 mil famílias com risco de perder a sua casa. Até agora, 80 mil famílias do país já foram beneficiadas. O Caminhão Você no Azul (no Centro de Florianópolis até o dia 26) foca mais renegociação de dívidas de pessoas físicas, essas com desconto de até 90%.
Entre as novas linhas de crédito uma é para hospitais. Quem pode solicitar?
Lançamos a linha Caixa Hospitais, voltada para as santas casas e hospitais que atendem pelo SUS, reduzindo pela metade o juro para empréstimos. É uma linha do FGTS. O juro era de 18% ao ano e passamos para 9% a 10% ao ano. Isso é uma revolução porque você reduz pela metade o custo do dinheiro para hospitais que atendem a população carente.
A Caixa lidera o crédito imobiliário. Que novidade vai lançar nesse setor?
Vamos lançar agora uma coisa que vai revolucionar o crédito imobiliário. Nós lançaremos o crédito imobiliário corrigido pela inflação, o IPCA ao invés da TR. A TR, que é a Taxa Referencial de Juros definida pelo Conselho Monetário Nacional.
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Não há uma fórmula para isso. Então, em governos mais intervencionistas há sempre o medo do mercado de que o governo vai segurar a TR para evitar a inflação. Então você não consegue fazer no Brasil a securitização da carteira de crédito imobiliário.
O que é isso? É empacotar e vender para o mercado. Nosso objetivo é vender uma parcela e a gente acredita que pelo IPCA é mais fácil porque você empresta para 35 anos. Na Caixa, a gente empresta R$ 50 bilhões por ano de crédito imobiliário. Poderemos emprestar R$ 100 bilhões.