Para ajudar as famílias na pandemia o governo dos Estados Unidos anunciou investimento de US$ 1,8 trilhão este ano. O Brasil investia cerca de R$ 27 bilhões no Bolsa Família e, agora, pode chegar a R$ 40 bilhões ano que vem com o Auxílio Brasil. Mas ao tentar aprovar uma PEC com mais gastos, cerca de R$ 100 bilhões, o governo de Jair Bolsonaro enfrenta resistências no Congresso e forte desconfiança do mercado. A bolsa caiu, o dólar e a inflação subiram e os juros básicos aumentaram.
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Por que o Brasil não pode ser como os EUA, que estoura gastos públicos e, mesmo assim, não enfrenta turbulências no mercado? Enquanto o economista Mansueto Almeida cita juros e outras razões, o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, informa que aderiu aos pensadores dos EUA que acham possível gastar mais pelo social na pandemia sem desequilibrar contas.
– Todo mundo fica preocupado com a solvência do país, que é o crescimento da dívida pública. Se emitir uma dívida e o governo é perene, ele vai poder emitir de novo daqui a 100 anos e pagar essa dívida – argumenta Velloso, ex-secretário de Assuntos Econômicos do governo federal.
Mas Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, que fez palestra no Fórum Radar Reinvenção da Federação das Industrias de Santa Caarina (Fiesc) quarta-feira (10), afirma que, em primeiro lugar, os EUA financiam a dívida pública com juro negativo enquanto o Brasil tem juros altos.
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– No Brasil, a questão não é fazer um gasto adicional para sair da pandemia. Isso o mercado aceita. O que ficou confuso é que mudou a regra do teto, aí passou a impressão para o mercado de que esse aumento vai ser permanente – explica Mansueto.
Segundo ele, o Bolsa Família está saindo de R$ 190 para R$ 400. Se o gasto maior for permanente, a solução pode ser o corte de subsídios a setores empresariais. O dinheiro precisa vir de algum lugar para as contas seguirem equilibradas, sinaliza ele.
Uma nova política industrial
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, ao participar como debatedor do paínel sobre conjuntura política, defendeu as reformas tributária e administrativa. Também questionou os economistas Mansueto Almeida, do BTG Pactual, e Caio Megale, da XP Investimentos, sobre a necessidade de uma nova política industrial.
Mansueto disse que uma nova política ao setor deveria focar investimentos públicos a fundo perdido em inovação. Citou como exemplo as vacinas contra a Covid-19 que resultaram de investimentos públicos e beneficiaram não só as empresas que as inventaram, mas o mundo todo. Megale, além de defender também mais inovação, disse que é preciso melhorar o ambiente de negócios e fazer nova reforma trabalhista.
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Otimismo com o 5G
Em função do recente leilão, o 5G foi destaque no painel Indústria 4.0 do fórum da Fiesc. O diretor do braço de automação industrial da Accenture, José Rizzo Hahn, um dos palestrantes do painel, disse que está otimista com a chegada dessa tecnologia. Segundo ele, a velocidade do 5G trará melhorias e entre as vantagens está o uso de menos fios dentro das empresas para fazer conexões. A tecnologia para uma parte das empresas deverá chegar em Joinville em janeiro, pela operadora TIM, adiantou Rizzo.
O gerente de tecnologia da GM em Joinville, Marcelo Ataíde, também palestrante do painel, disse que a velocidade de conexão deverá melhorar muito com o 5G, gerando mais segurança na transmissão de dados. Mas ele reconheceue que essa é uma tecnologia ainda muito nova para as fábricas de automóveis de qualquer pais, apesar de leas já operarem com muitos robôs.