Eleitores argentinos voltarão às urnas dia 19 de novembro para escolher o novo presidente da república entre o governista Sergio Massa, atual ministro da Economia, e o ultradireitista Javier Milei. Qualquer que seja o resultado, a torcida é de que o país vizinho tenha mais êxito na política econômica porque a economia de Santa Catarina é interligada e complementar à da argentina em diversos setores, em função do Mercosul.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial de Santa Catarina, atrás da China e dos Estados Unidos. No período de janeiro a setembro, o Estado exportou para os vizinhos US$ 690 milhões e importou US$ 1,220 bilhão, o que indica um superávit de US$ 530 milhões para os hermanos.
No Brasil, acontece o contrário. No período de janeiro a setembro o superávit em favor dos brasileiros chegou a US$ 4,5 bilhões. Apesar das diferenças, as economias são bastante interligadas, a exemplo de SC.
Na balança de exportações catarinenses para a Argentina, no grupo principal estão componentes industriais do setor automotivo, máquinas e equipamentos. Depois, entra uma série de outros produtos ao setor de construção civil, alimentos, têxteis e outros.
Continua depois da publicidade
Economias complementares
Até setembro deste ano, os maiores valores exportados por SC aos argentinos, segundo levantamento feito pelo Observatório Fiesc, da Federação das Indústrias do Estado, vieram de papel kraft (9,7%), fios de cobre (9,2%), revestimento de ferros planos (8,8%), aços laminados planos (5%), motores a pistão (4,6%) e motores elétricos (3,9%).
Também têm participação destacada itens como cerâmicas, soja, pigmentos, parafusos, refrigeradores, carnes, peixes e autopeças. Na área de serviços, existe a expressiva vinda de turistas para Santa Catarina e vice-versa.
Da Argentina, o destaque de importações por SC são os veículos, que respondem por 13,6% do total da receita. Depois, vem polímero de etileno com 10,3%, legumes congelados (9,7%), leite concentrado (5,7%), alumínio em forma bruta (4,8%), pesticidas (4,3%) e catalizadores (4%). A lista inclui também queijo, cevada, malte, azeite, vinho e outros.
A expectativa é de que o vencedor da eleição promova estabilidade para a economia, o que seria bom para ampliar o intercâmbio econômico para ambas as partes. Mas existem dúvidas sobre o êxito das futuras políticas porque as propostas dos candidatos não indicam isso.
Continua depois da publicidade
Desde 1990 a economia argentina enfrenta crises e inflação alta, o que torna variável o resultado do intercâmbio econômico entre SC e o país vizinho.
Promessas dos candidatos
O candidato governista Sérgio Massa, que ficou em primeiro lugar no primeiro turno da eleição com 36,68% dos votos e é apoiado pelo atual presidente Alberto Fernandez, promete medidas para estabilizar a economia. Sem muitos detalhes, ele listou buscar equilíbrio fiscal, superávit comercial, competitividade cambial e desenvolvimento com inclusão social. O fato de ele liderar o primeiro turno animou o setor empresarial, que vê nele um candidato mais amigável e mais pró-mercado do que o governo atual.
Como o atual governo é considerado mais à esquerda e tem boas relações com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se Massa vencer, a expectativa é de que os dois países deverão seguir mais próximos, com políticas alinhadas na economia.
O candidato de oposição, Javier Milei, que fez 19,98% dos votos, promete políticas mais liberais que preocupam inclusive o meio empresarial argentino. A medida mais radical prevista é a dolarização total da economia para baixar a inflação, que, nos últimos anos, tem chegado a três dígitos. Nos últimos 12 meses, até setembro, a variação acumulada alcançou 138,3%, segundo o índice oficial.
Continua depois da publicidade
Falta o tripé macroeconômico
A Argentina enfrenta crises econômicas e luta contra a inflação alta desde o final dos anos de 1980. Em 1991, dolarizou sua economia, equiparando 1 peso a 1 dólar. Mas o que falta ao país é adotar o tripé macroeconômico seguido pelo Brasil desde 1999.
Esse tripé consiste em estabelecer metas de inflação, metas fiscais (controle de gastos públicos) e câmbio flutuante). É assim que as grandes economias do mundo fazem suas gestões e mantém equilíbrio, com mais anos de crescimento econômico.
Atualmente, por exemplo, Brasil, Estados Unidos e Europa estão com juros altos para controlar a inflação causada pela guerra na Ucrânia e efeitos da Covid-19, o que é prioridade dentro do tripé macroeconômico para ter economia equilibrada. Por enquanto, nenhum dos dois candidatos argentinos prometeu adotar esse modelo, o que indica que mais instabilidades e crises podem vir no futuro da Argentina.
Publicidade
Além de muita informação relevante, o NSC Total e os outros veículos líderes de audiência da NSC são uma excelente ferramenta de comunicação para as marcas que querem crescer e conquistar mais clientes. Acompanhe as novidades e saiba como alavancar as suas vendas em Negócios SC
Continua depois da publicidade
Leia também:
Sergio Massa e Javier Milei disputarão 2º turno na Argentina
Pacote econômico de SC a empresas afetadas por chuvas prevê R$ 300 milhões em crédito novo
Como multinacional gaúcha fundada por catarinenses investe e inova em SC
Sebrae Nacional e Sebrae SC definem crédito especial a negócios afetados por chuvas
Celesc vai emitir R$ 800 milhões em debêntures no próximo mês
Summit Saúde incentiva startups e debate uso do ChatGPT no consultório
Programa Floripa Mais Tec recebe 12,5 mil inscrições
Neoindustrialização abre oportunidades globais, mas regulações preocupam