A partir desta segunda-feira, como novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump começa a executar as promessas econômicas que fez na campanha para, segundo ele, “fazer a América grande de novo”. Entre as medidas prometidas para elevar a oferta de empregos aos americanos estão aumentar tarifas de importações para todos os países, combater a imigração e baixar impostos. Os efeitos disso podem significar mais inflação no mercado americano, juros básicos mais elevados e dólar mais alto pelo mundo, mas também mais oportunidades para exportadores de Santa Catarina.
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No momento que limitarem a entrada de produtos importados via tarifa, os EUA estarão pressionando a alta de preços internos e, possivelmente, gerando inflação. O mesmo pode ocorrer com o custo do trabalho porque nas últimas décadas, muitos trabalhadores do país vieram do exterior. Somente nos últimos cinco anos, foi estimada a entrada de 10 milhões de estrangeiros.
Essa inflação maior deve levar o banco central do país, o Fed, a manter as atuais taxas de juros ou elevá-las. Isso encarece custos no país e atrair dólares do exterior, o que eleva a cotação da moeda nos mercados emergentes, incluindo o Brasil, que já sofre com alta da moeda americana devido às dificuldades no ajuste dos gastos públicos federais.
As promessas de novas tarifas para importações incluem uma alta média de 10% a 20% para todos os mercados e de 60% para produtos da China. Em alguns casos, a taxação poderá chegar a 100%. Esse tarifaço, segundo o presidente, será para gerar empregos nos Estados Unidos. Mas como os investimentos demoram, num primeiro momento isso deve gerar inflação no bolso dos americanos.
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Entre as promessas estão também cortes de gastos públicos, orientados por um departamento externo liderado pelo empresário Elon Musk. Mas a expectativa é de que isso pode ser difícil porque dependerá de aprovações do Congresso Nacional e a maioria dos gastos do governo é obrigatória, para programas com pouca flexibilidade de cortes.
Todas as decisões nos Estados Unidos são acompanhadas com especial atenção pelo setor produtivo catarinense porque, nos últimos anos, o mercado americano tem sido o principal destino das exportações do Estado. Os destaques de SC nas vendas aos Estados Unidos são produtos de madeira, motores elétricos, compressores, geradores e partes de motores automotivos.
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), logo após a eleição de Trump, em 05 de novembro passado, divulgou nota em que via com otimismo a vitória do republicano. Entre as razões estão o fato de SC fornecer itens para setores relevantes como a indústria, transporte e construção, além da possibilidade de abertura de mais oportunidades diante da restrição a produtos chineses.
A entidade vê potencial para exportar mais aos Estados Unidos. Na última quarta-feira (15), lançou o SC Day USA, uma missão empresarial de 23 de abril a 1º de maio para a cidade de High Point, no estado da Carolina do Norte. O objetivo será participar da maior feira de móveis do mundo e realizar diversas rodadas de negócios.
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O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, destacou que os EUA são o principal mercado externo da indústria de SC, que tem potencial de exportar mais por fabricar produtos de alta qualidade. Em 2024, dos mais de US$ 11 bilhões da receita das exportações catarinenses, US$ 1,7 bilhão veio de vendas aos Estados Unidos, onde houve crescimento de 3,3% em dólar. Em 2023, o mercado americano também foi o principal de SC no exterior, com valor de US$ 1,68 bilhão.
No agronegócio também são grandes as expectativas, embora as vendas diretas aos Estados Unidos sejam pequenas. O que tem ocorrido é um movimento da China na compra de diversos países, para não depender tanto dos EUA. Assim, SC tende a ser beneficiada.
A posse de Trump gera uma apreensão aos empresários de SC porque as promessas para a área econômica podem inibir o crescimento econômico mundial devido ao tarifaço sinalizado contra a China e também a parceiros como o México e o Canadá (taxa de 25%). Mas são medidas que também sinalizam oportunidades para SC. O novo presidente americano prometeu decisões rápidas para cumprir o que prometeu na campanha.
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