Um dado que chama a atenção em pesquisa sobre os efeitos da crise econômica no consumo nacional divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o instituto FSB é a retração maior no consumo de carne vermelha na Região Sul. A sondagem, que ouviu 2.008 pessoas em todos os estados de 23 a 26 de julho, mostrou também que 64% dos brasileiros cortaram gastos desde a pandemia e 25% não estão conseguindo pagar todas as contas do mês.
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De acordo com a pesquisa, nos últimos seis meses, 9% dos moradores da Região Sul deixaram de consumir carne vermelha em função dos preços altos. Essa retração foi menor em outras regiões. No Nordeste caiu 7% no mesmo período, no Sudeste 5% e no Norte e Centro-Oeste, 3%.
Essa retração no consumo de carne bovina ocorre porque os preços desse produto seguem caros devido aos aumentos dos últimos anos, que subiram em cerca de 80% devido à queda de oferta causada por exportações e menor produção interna.
Mostra sintonia com dados divulgados semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que indicaram para este ano consumo médio de 24,8 quilos de carne bovina por pessoa, 10,6% inferior ao de 2021 e bem menor do que o pico mais alto, de 42,8 quilos em 2006.
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O consumidor migra para carne de frango, que este ano deve ficar em 48,6 quilos per capita e carne suína, em 17,5 quilos. Vale destacar que segundo das tabelas do IPCA, a inflação oficial do país, no últimos 12 meses, com algumas exceções de cortes mais caros, o preço da carne bovina ficou estável. O preço da carne suína recuou 5,21% e o de frango e ovos subiu 19,61%.
A sondagem da CNI retratou também a dura realidade financeira da maioria dos brasileiros, afetada pela inflação alta. Um em cada quatro entrevistados informou que não consegue pagar todas as contas no mês, 16% tiveram que vender um bem para quitar dívidas e 68% não conseguem guardar dinheiro para uma necessidade eventual ou poupar.
Entre os que estão em melhor situação financeira, 29% poupam e apenas 14% pretendem gastar mais este ano. De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o cenário econômico piorou com a pandemia e a guerra na Ucrânia, que elevou a inflação e os juros. Um fato positivo, segundo ele, é a recuperação do mercado de trabalho nos últimos meses.
Apesar da situação seguir difícil, 56% informaram acreditar que a situação financeira própria vai melhorar até dezembro. O que vai ajudar nesse sentido é o menor ritmo de inflação, com queda de preços de alguns produtos.
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A redução do preço da gasolina, pressionada pelo corte de impostos e preços menores do petróleo no exterior já ajuda muitas famílias. Além disso, outras commodities estão com preços em queda, o que pode reduzir mais o custo de vida no Brasil, que conta com juros básicos de 13,5%, também para reduzir a inflação.