Procedentes de países da América Latina, África, Europa e Ásia, milhares de imigrantes têm chegado ao Brasil e um dos estados que mais atraem é Santa Catarina, por ter pleno emprego. Contudo, eles enfrentam uma série de obstáculos, como falta de apoio e salários baixos, quando deveriam receber maior atenção porque representam mais bônus do que ônus para a sociedade e para a economia. Estudo do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (Icom) faz alerta sobre esse tema.
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Denominado “Sinais Vitais Migração Internacional – Diversidade global, transformação local”, o relatório joga luz sobre a realidade econômica e social dessas pessoas. Assim, dá base para a busca de soluções, tanto por governos, quanto pelo terceiro setor e empresas, estas que são as principais empregadoras desses trabalhadores.
Maioria dos imigrantes em SC recebe salário baixo apesar da alta escolaridade, diz estudo
O estudo mostra que 80% dos imigrantes de Florianópolis que estão no mercado de trabalho recebem até dois salários mínimos, e 11%, até um. No ano passado, 3.725 pessoas de 68 nacionalidades, principalmente Venezuela, Haiti, Cuba, Senegal, Síria e Irã, estavam cadastradas no CadÚnico, para ter ajuda social.
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Normalmente, são pessoas com elevada formação educacional, mas que têm dificuldades para revalidar diploma. A presidente do Icom, Paula Schommer, afirma que o instituto vê muita riqueza, muito potencial nos imigrantes, que nem sempre é explorado da melhor maneira. O objetivo da instituição é disponibilzar dados para que diversas instituições ajudem a melhorar essa realidade.
-A gente sabe da importância dos imigrantes na história de Santa Catarina e de Florianópolis. Vemos a necessidade de pensar a população migrante para ser integrada na sociedade – diz Paula Schommer.
Mesmo antes de concluir o estudo Sinais Vitais, o Icom já vinha acompanhando com atenção o desafio dos imigrantes e, no momento, trabalha em duas ações voltadas à área, informa o diretor executivo da instituição, Willian Narzetti. Uma consiste em projeto para apoiar entidades que acolhem crianças e adolescentes do exterior. Outra, será a destinação de recursos do Fundo de Impacto à Justiça Social em 2023 da insitituição para ONGs e movimentos que apoiam famílias vindas do exterior.
O estudo Sinais Vitais focou Florianópolis, mas SC vive uma efervescência de imigração. Em 2021, o Estado recebeu 15.461 pedidos de Registro Nacional Migratório, 9,19% do total do país no período. A capital, até 2019, era o primeiro destino de estrangeiros, mas, agora, foi superada por Joinville e Chapecó, cidades com mais empregos.
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Em Florianópolis, as melhores oportunidades de trabalho para estrangeiros estão no setor de tecnologia, informa Merlina Saudade Ferreira Meira. Ela é um exemplo. Venezuelana descendente de portugueses, graduada em psicologia no seu país, conseguiu colocação na área de educação corporativa de uma empresa de tecnologia. Merlina disse que orienta até médicos do exterior procurar o setor de TI na cidade porque revalidar um diploma de medicina é muito difícil.
Sempre se diz que SC tem uma das economias mais dinâmicas do Brasil graças à imigração. Países abertos para pessoas de outras nacionalidades, como os Estados Unidos e o Canadá, confirmam isso, com economias desenvolvidas e mais estáveis.
Nações europeias também estão rejuvenescendo suas forças de trabalho com imigrantes estrangeiros, entre os quais Espanha, Itália e Alemanha. Os Sinais Vitais mostraram que entre os 1.693 estudantes do exterior matriculados na educação básica de Florianópolis estão pessoas de 77 nacionalidades. Isso dá ideia do potencial de talentos estrangeiros que vivem no Estado. (Veja a íntegra do estudo do Icom)
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