Enfim, após postergação de dois anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inicia nesta segunda-feira, primeiro de agosto, o trabalho para recensear os mais de 214,8 milhões de brasileiros, entre os quais mais de 7,3 milhões de catarinenses. De acordo com o superintendente do IBGE em SC, Roberto Kern Gomes, no Estado serão 6.761 recenseadores para visitar mais de 2,4 milhões de domicílios durante três meses.
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Entre as inovações do Censo 2022 estão a transmissão imediata dos dados, possibilidade de entrevista pessoal ou por telefone e a criação de um georreferenciamento de todos os domicílios para uso pela Defesa Civil. Os pesquisadores também estarão com uniformes novos.
Conforme Roberto Kern, o instituto tem pessoas suficientes para fazer o levantamento, mas, gradualmente, outros podem ser chamados para atuar quando necessário. Na entrevista a seguir, ele fala da pesquisa e da importância dos dados estatísticos que serão coletados durante três meses.
O início das entrevistas do censo, no Estado, será com o prefeito da capital, Topázio Neto, segunda de manhã. Em Joinville, será com o prefeito Adriano Silva. Confira a entrevista de Roberto kern a seguir:
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Os recenseadores já estarão nas ruas trabalhando segunda-feira?
Sim! Estamos trabalhando direto para que isso aconteça. Para recensear os mais de 2,4 milhões de domicílios aqui de Santa Catarina, para contar uma população de mais de 7,3 milhões de habitantes.

Vocês ainda estão com falta de equipe? Continuam contratando recenseadores?
Isso é até bastante comum. O total de vagas para recenseadores que a gente tem é de 6.671. Esse é o contingente que a gente precisa. Nós fizemos um primeiro processo seletivo em abril, quando a gente conseguiu selecionar umas 3,5 mil pessoas. Aí fizemos um outro processo seletivo em maio e conseguimos quase 12 mil inscritos.
A gente tem pessoal suficiente no cadastro reserva. Entretanto, em alguns municípios a gente não conseguiu o total de recenseadores. Há, também, aquele pessoal que fez o treinamento que começou no dia 18 de março e foi até o dia 22. Essa foi a primeira turma. A segunda turma está fazendo o treinamento que começou no dia 22 deste mês e acaba nesta sexta-feira.
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Às vezes, o pessoal faz o treinamento e acaba desistindo. Então, é bastante comum contratar mais. Além disso, a gente abriu um novo processo seletivo para inscrições até esta sexta-feira. O candidato não paga inscrição e não tem prova. É para aqueles municípios que você tem 20 recenseadores, mas na reserva apenas um.
Porque durante o censo também é comum que alguns recenseadores venham a desistir porque vão para campo e não gostam do trabalho. Então, é importante que tenhamos quase que um fluxo contínuo de processos seletivos abertos durante o recenseamento para suprir as eventuais vagas que venham a abrir durante os processos.
Esse negócio de fluxo contínuo de contratações é assim mesmo em todos os censos?
É bem comum. Ainda mais quando você entrevista para o censo uma pessoa que você não conhece. Mas a maioria permanece porque é uma atividade interessante. Essa nossa última seleção tem 1.281 vagas. Não significa que não tenha essas pessoas. É para o nosso cadastro reserva.
O que vamos ter de novo nessa série de entrevistas que começa segunda feira?
Eu diria que são principalmente duas novidades. Teremos no questionário uma pergunta que nunca foi feita sobre o transtorno do expectoro altista (TEA). Vamos perguntar se naquele domicílio alguma pessoa foi diagnosticada por um profissional médico com esse transtorno. Isso será importante para ter um censo da população altista e daí traçar política pública adequada.
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E qual é a outra novidade da pesquisa?
É uma questão mais tecnológica. A gente vai conseguir mapear tecnologicamente todos os domicílios. Então, para cada domicílio a gente vai ter uma coordenada geográfica. Para que serve isso? Se tivermos um desastre natural como aquele na serra do Rio de Janeiro ou da mineradora de Minas Gerais, vamos saber exatamente onde tinha domicílio e quantas pessoas, eventualmente, moravam nele. É importante destacar que o IBGE só vai fornecer para os órgãos públicos as coordenadas geográficas e quantas pessoas moravam ali.
Qual a importância do censo para o país, considerando desenvolvimento social e econômico?
O retrato que a gente tinha em 2010 é muito diferente do que a gente vai tirar agora em 2022 na pandemia que afetou muito o emprego e a renda das pessoas. Algumas que mantiveram o emprego diminuíram a renda. A gente precisa saber qual foi o impacto da pandemia nessa questão.
A gente vai saber também quantas pessoas moram por domicílio para poder planejar quais os programas habitacionais o governo deve fazer. A gente vai identificar o tempo que a pessoa leva da casa até o trabalho, ou até a escola. Isso é fundamental para tratar política pública, sobre o transporte público, se está atendendo ou não.
Com informações sobre a renda, a gente consegue ver a questão das políticas de transferências de renda, que têm sido utilizadas bastante. Como está o fundo de participação dos municípios porque alguns sobrevivem quase que exclusivamente desse recurso.
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Em Santa Catarina, vamos também identificar os fluxos migratórios nacionais e internacionais. Nacionais temos grandes do Pará e Amazonas. Do exterior, temos mais do Haiti e da Venezuela. A questão da nupcialidade e fecundidade, de filhos por pessoa, quando as pessoas estão tendo o primeiro filho, se está ocorrendo muita gravidez na adolescência ou não.
Enfim são doze anos sem fazer o censo. As prefeituras precisam muito desses dados. As secretarias de saúde precisam muito. Também precisamos atualizar a pirâmide etária. Você lembra que lá no início da pandemia que a gente distribuía as vacinas para os municípios? Em função da faixa etária. De 80 a 85 anos, de 80 a 75, ia baixando. Sem a pirâmide etária ficaria difícil fazer aquilo. Agora vamos atualizar, o que muito provavelmente não vai ser uma pirâmide, mas algo parecido com um retângulo.
A preparação para o censo inclui pesquisa regional?
Fizemos antes do senso a pesquisa urbanística do entorno. A gente foi a campo para verificar o entorno dos domicílios. Com essa pesquisa a gente traça as características da região. O censo é sobre o morador, como ele está, como ele vive, se tem acesso à internet, esgoto tratado etc…
Já na pesquisa do entorno a gente coletou dados sobre 10 quesitos dos quais três inéditos. Ela inclui informações como iluminação pública, bueiros, calçada, arborização e outras. Os três itens novos são: ponto de ônibus, via sinalizada para trafegar com bicicletas e obstáculos nas calçadas que impediriam um cadeirante andar.
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Sobre a realização das entrevistas. O pessoal estará de uniforme novo? As entrevistas serão pessoais ou virtuais?
Duas questões são importantes. Realmente estamos com equipamentos e uniformes novos mais modernos do que os de 2010, com chip de internet. Então, a transmissão das respostas vai ser feita imediatamente. Todos os recenseadores vão estar uniformizados e com um crachá.
Terão um QRCode que, se porventura o morador tiver alguma dúvida, vai abrir um espaço para ele digitar o nome, ou RG ou matrícula da pessoa que está na casa para fazer a pesquisa. Com essas informações, o morador vai poder identificar se essa pessoa é de fato um pesquisador do IBGE. Nos outros momentos, a gente só tinha o 0800 que permanecer, e o site.
Como governos, entidades e pessoas poderão colaborar para a realização das pesquisas?
É importante que todos saibam sobre essa pesquisa do censo demográfico para receber bem os recenseadores. Para divulgar mais inicialmente, vamos enrevistas pessoas que são referência para dar exemplo. Em Florianópolis, vamos recensear primeiro o prefeito Topázio Neto nesta segunda-feira. Em Joinville, no mesmo dia, vamos fazer com o prefeito Adriano Silva. Depois, outros prefeitos e lideranças serão convidados a participar. Não vamos entrevistar políticos que são candidatos.
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