A promessa de uma nova política, sem corrupção, foi o que embalou a vitória de Carlos Moisés ao governo de Santa Catarina no segundo turno da eleição de 2018, com 71,09% dos votos válidos. Pegou carona com Jair Bolsonaro, que se elegeu presidente também com a bandeira de fim da corrupção e conseguiu em SC 75,92% dos votos válidos (55% no Brasil). Agora, apenas um ano e meio depois, Moisés enfrenta processo de impeachment e Bolsonaro só escapou desse julgamento, por enquanto, porque tem apoio parlamentar.

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Os próximos passos do processo de impeachment contra Carlos Moisés

O que motivou a abertura do processo de afastamento do governador foi a equiparação dos salários dos procuradores (advogados) do governo do Estado com os dos procuradores da Assembleia Legislativa. Os vencimentos subiram de R$ 30 mil para R$ 35 mil. Mas o escândalo da compra de 200 respiradores com pagamento antecipado de R$ 33 milhões e suspeita de propina também teve forte influência, afinal, impeachment é um processo político.

Na eleição de 2018, ao dar vitória expressiva a Moisés e Bolsonaro, os catarinenses mostraram o quanto sonham com uma gestão idônea no setor público. Mas o fato é que não foi com aquele pleito que viram a corrupção ser varrida do setor público. Ela é resultado da cultura e de práticas de boa parte da população por séculos e, convenhamos, o Brasil está longe ainda de ter uma maioria que faz tudo certo, dentro das leis e normas. Assim, isso se expande para a gestão pública e afeta o uso de recursos que deveriam priorizar serviços públicos de qualidade.

A maioria dos países europeus demorou 300 anos ou mais para chegar ao estágio atual de baixa corrupção. No último Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional, de 2019, a Dinamarca liderou como o país menos corrupto e o Brasil ficou em 106º lugar. Os dinamarqueses conseguiram resultados considerados ideais após 350 anos de combate ao problema. Hoje, para seguir coibindo a corrupção, eles têm práticas como poucas regalias a políticos, menor número de indicações a cargos públicos, transparência e um sistema eficiente de punições a quem comete infrações.

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Atualmente, o uso de tecnologias digitais é uma das novidades que ajudam na oferta de provas sobre infrações. As lives feitas pelo governador Carlos Moisés que o digam. Com a tecnologia, a expectativa é de que não será necessário esperar por 300 anos para ter menos corrupção no Brasil. A propósito, é crescente o número de gestores públicos que seguem as melhores práticas de governança.

Tanto o resultado das eleições de 2018 quanto a abertura do processo de impeachment contra Moisés expressam o “não” dos catarinenses à corrupção. Quem quiser ter carreira longa na política em Santa Catarina precisa seguir essa norma.