Os investimentos em andamento com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) somam mais de R$ 1 bilhão este ano, informou o ministro da pasta, o astronauta Marcos Pontes, em visita a Florianópolis quinta-feira (24). Segundo ele, nesse montante, estão R$ 180 milhões (não reembolsáveis), para parques tecnológicos públicos e privados em projetos ou já instalados. Questionado sobre cortes de verbas para a pasta, ele disse que, ao contrário, teve aumento de recursos este ano. Isso sinaliza maior atenção também à ciência e tecnologia em período eleitoral. 

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Pontes, que veio à cidade para evento de entrega de 611 medalhas de olimpíadas de conhecimento para estudantes do ensino fundamental e médio, em entrevista à coluna também elogiou o avanço das vacinas desenvolvidas com recursos federais. A primeira, de RNA, pesquisada em Salvador, poderá ficar pronta e ser produzida em escala a partir de outubro deste ano.

O ministro visitou o Sapiens Parque, onde teve reunião com empresários do setor de tecnologia. O MCTI elaborou um modelo de gestão financeira com participação de fundo de investimentos para o Sapiens, que poderá ser replicado em outros empreendimentos com o mesmo perfil, no país. Na agenda, incluiu ainda visita à empresa de tecnologia Intelbras.

Receberam medalhas das mãos do astronauta estudantes de ensino fundamental e médio que participaram de sete competições, seis das quais promovidas pelo MCTI: Olimpíada Brasileira de Astronomia; Olimpíada Nacional de Ciências; Olimpíada Brasileira de Informática; Mostra Brasileira de Foguetes; Olimpíada Brasileira de Inteligência Artificial; Olimpíada Brasileira de Medicina; e Olimpíada do Futuro Sapiência. Leia a entrevista, a seguir:

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Qual é a sua opinião sobre a modelagem financeira elaborada pelo ministério para o Sapiens Parque?

Eu acho que é uma modelagem bastante eficiente. É uma modelagem que, sem dúvida, pode, iniciando aqui no Sapiens, servir de modelo para outros parques do país, que também precisam de sustentabilidade financeira. É um modelo que utiliza essas estruturas financeiras, e que podem ter como resultado, inclusive, o reinvestimento desses valores dentro do próprio parque, ou seja, isso transmite um sinal bastante claro de eficiência no processo.

Por que o governo, por meio da Finep, decidiu investir R$ 180 milhões em parques tecnológicos no país?

A decisão do governo federal de investir em parques tecnológicos tem a ver com a maturidade do sistema e a possibilidade desses investimentos, agora, serem feitos através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que foi liberado através da lei número 177 de 2021.

Então, é importante ressaltar que nós já tínhamos do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações toda uma estrutura preparada e, com a liberação dos recursos, a gente coloca essa estrutura em funcionamento. É, mais ou menos, fazendo uma analogia, nós passamos três anos construindo um F1 na garagem, sem saber se teríamos ou não, no futuro, a possibilidade de combustível para colocar para funcionar. Veio esse combustível através do FNDCT.

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Agora, os parques tecnológicos e outros setores vão receber investimentos de R$ 180 milhões que vão permitir a transformação de conhecimento em nota fiscal e empregos pelo país, que, afinal de contas, é o que interessa para nós, que contribuímos com o orçamento federal.

Empresários do setor de tecnologia recepcionaram o ministro Marcos Pontes no Sapiens Parque
Empresários do setor de tecnologia recepcionaram o ministro Marcos Pontes (Foto: Secom SC, Divulgação)

O Ministério da Ciência e Tecnologia teve corte de verbas para investimentos em pesquisas?

Não! Na verdade, nós tivemos um aumento de verbas, que está incluído dentro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Nós já estamos utilizando esse fundo, por exemplo, nesta semana, com a liberação de R$ 250 milhões para a chamada universal do CNPQ, que são para pesquisadores nível PQ (Bolsa de Produtividade em Pesquisa).

Isso é importante para irrigar a pesquisa no país, lembrando que esses recursos são depositados diretamente na conta dos pesquisadores e o retorno disso para o país, em termos de avanços na pesquisa, é bastante grande. É o maior investimento em bolsa PQ feito ao longo dos últimos anos de história do CNPQ.

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Além disso, nós temos também, essa semana, uma chamada do CNPQ, com R$ 280 milhões para os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, que são mais de 130 deles em várias áreas do conhecimento, que também seguem o mesmo modelo, dentro do CPF, vamos dizer assim, ou na conta dos pesquisadores, de cada um dos coordenadores, de cada um desses institutos.

Se você somar só esses dois, a gente está falando aí de R$ 530 milhões aplicados de uma vez só na ciência do país. Nós fizemos também um edital pela Finep de R$ 100 milhões para infraestrutura de pesquisas em universidades, centros de pesquisa, etc….Também um investimento de R$ 50 milhões para áreas controladas e salas limpas, que também é importante como infraestrutura de pesquisa no país.

Tudo isso tem sido feito através desses recursos, mas sempre com a preocupação de termos resultados práticos da nossa pesquisa também. É importante a questão da priorização dessas pesquisas para que o investimento desse recurso tenha um retorno para a sociedade. Eu tenho certeza que os nossos pesquisadores se lembram disso, que é um dinheiro suado do contribuinte, que precisa ter um retorno de investimento para as pessoas que contribuem com o nosso país, com muito sacrifício, com seu imposto.

Além disso, um outro ponto que eu gostaria de chamar atenção é a formação de pessoas. Nós estamos investindo, também, em bolsas de pesquisas pelo Programa de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) para trazer as pesquisas para dentro das empresas. A gente vê o resultado disso de uma forma bem expressiva. Quando você tem pesquisa dentro de empresa, você tem mais desenvolvimento de produtos e de negócios. É isso que a gente quer no final das contas, o crescimento econômico e social do país.

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Outro investimento que nós fizemos na pesquisa do país e infraestrutura foi de R$ 80 milhões, que colocados em 50 laboratórios de pesquisas que estão sendo construídos no interior da Amazônia. Isso também é muito importante. Também investimos na interface de pesquisas e resultados práticos R$ 30 milhões em bioeconomia e transformação digital na Amazônia, assim como R$ 8 milhões na Torre Atto, que é uma infraestrutura. É a torre mais alta de pesquisa em floresta do planeta, mais alta que a Torre Eiffel. Com 325 metros de altura, ela é uma parceria Brasil-Alemanha. São mais R$ 1,5 milhão em bolsas de pesquisa junto à Torre Atto, em parceria com outros países, e assim vai, ou seja, nós estamos investindo muito.

Se você for somar tudo o que eu falei vai dar próximo ou mais de R$ 1 bilhão investidos na Ciência. Fora isso, as estruturas financeiras que o Ministério tem criado através das secretarias financeiras e de projetos têm permitido às nossas unidades de pesquisa captar recursos para projetos específicos, bem desenhados, dentro de cada uma das estruturas. O que eu quero dizer com tudo isso é que nós, dentro dessa gestão, com o presidente Jair Bolsonaro, revolucionamos a captação de recursos e o financiamento de ciência e tecnologia no país.

Como o senhor avalia a evolução das pesquisas de vacinas contra Covid, no Brasil, que estão sob controle do MCTI?

O Brasil, também no governo Jair Bolsonaro, revolucionou a produção de vacinas no país. Eu era um, que era iludido, achando que o Brasil era um grande produtor de vacinas. Na verdade, o Brasil nunca produziu nenhuma vacina. A partir de agora, com o nosso governo, o Brasil passa a ser um produtor de vacinas, com todas as fases.

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Vacina tem três fases: a produção tem o desenvolvimento da tecnologia; depois, com essa tecnologia, a produção de insumos farmacêuticos; e, finalmente, o envasamento e a distribuição. Então, o Brasil sempre fez o envasamento e a distribuição, mas a tecnologia e o insumo vinham do exterior.

Agora, por exemplo, a gente tem, também, a questão de vacinas licenciadas, como a Astrazeneca, em que a tecnologia é europeia e a Fiocruz produz o insumo farmacêutico sob licença aqui no Brasil. Já é melhor, mas não é o ideal ainda.

O ideal são as vacinas brasileiras, com tecnologia brasileira, que o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações tem desenvolvido no país. São 15 tecnologias que nós temos desenvolvido. Uma delas já está na fase de testes clínicos, o que é um marco.

O dia 13 de janeiro foi um marco para o país em termos de desenvolvimento de vacinas nacionais com a aplicação da primeira dose da vacina com tecnologia nacional. O cientista chefe é o doutor Roberto Badaró, lá do Senai Cimatec, em Salvador, com financiamento do ministério. 

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Mais do que isso, nós temos, também, o Centro Nacional de Tecnologia de Vacinas, lá em Belo Horizonte, que é uma instituição que vai permitir ao Brasil, daqui para frente, produzir vacina para qualquer tipo de outras doenças como as próximas pandemias, como doenças negligenciadas como chikungunya, dengue, febre amarela, malária, etc…, ou seja, nós revolucionamos o Brasil, revolucionamos a ciência do Brasil na produção de vacinas. Em resumo, se o planeta não quiser vender vacinas para o Brasil, o Brasil vende vacinas para o restante do Planeta.

O senhor veio a Florianópolis para entrega de medalhas a estudantes. Qual é a importância dessas olimpíadas para a ciência?

Nós podemos ter a maior tecnologia do planeta, mas se não tivermos jovens interessados em ciência e tecnologia, a tendência é que tudo isso morra. Então a gente precisa ter jovens interessados, por isso que nós criamos uma secretaria no ministério focada para isso, é a Secretaria de Articulação e Promoção da Ciência, que faz, justamente, a promoção de eventos de popularização da ciência, promove Olimpíadas Científicas, são 62 Olimpíadas.

Tudo isso tem, como resultado, jovens talentos que nós descobrimos em todas as camadas sociais, lembrando que no Brasil, hoje, no governo Bolsonaro, nós temos Auxilio Brasil, que substitui o Bolsa Família, com vantagens não só de valor, que foi aumentado para R$ 400, mas, também, em meritocracia, e muitos outras vantagens. Então, lá, com o ministro da Cidadania, João Roma, temos dentro do Auxílio Brasil um módulo científico que premia os jovens talentos descobertos nas Olimpíadas.

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As famílias desses jovens recebem de uma vez R$ 1 mil a mais. Além disso, o jovem também recebe uma bolsa de Iniciação Científica Júnior, no CNPQ. Com R$ 100 por mês mais, a mentoria do CNPQ em metodologia científica transforma a vida desses jovens. Isso é uma vantagem muito grande do Auxílio Brasil. Ajuda com a parte de meritocracia para a ciência, para dar valor a esses jovens e para as famílias que acreditam na educação.