Se perguntássemos para as pessoas o que gostariam de ganhar neste Natal, a maioria diria, com certeza, que é a vacina contra a Covid-19. Mas milhares, especialmente no Brasil, diriam também que gostariam de ganhar um emprego. Em Santa Catarina, as respostas seriam muito parecidas apesar de o estado, há anos, ter a menor taxa de desemprego do país e, nos últimos dois meses, ter liderado nacionalmente o saldo de empregos formais, segundo os dados do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. E a expectativa é de que o ritmo de criação de emprego será menor nos próximos meses.

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SC lidera saldo anual de emprego no país pelo segundo mês consecutivo

Neste Natal, o Brasil poderia estar iniciando a vacinação contra a Covid-19 com as vacinas já aprovadas de forma emergencial, a exemplo de número expressivo de países, em especial nas Américas. Essa demora é mais uma grave falha resultante da incompetência do governo federal no enfrentamento à pandemia, apesar de ter informações e recursos.

A demora da vacina atrasa a economia do país, que enfrenta taxa de desemprego de 14,2%, o que equivale a 13,72 milhões de pessoas em busca de trabalho. Em SC, a taxa de desemprego segue a menor do Brasil há anos e em novembro ficou em 7,6%. Mesmo sendo a mais baixa, o estado tinha no mês passado 283 mil pessoas à procura de uma colocação no mercado de trabalho.

Apesar disso, o ritmo de criação de vagas no estado surpreende neste ano da pandemia. Mesmo sendo a sexta maior economia do Brasil, SC liderou o saldo de vagas no acumulado do ano até novembro, com a criação de 67.134 empregos. Até outubro, também liderou, com saldo acumulado de 35.210 vagas.

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O principal destaque do ano foi a indústria, com resultado positivo de 36.473 novos postos de trabalho até novembro, seguida pelos serviços com 21.397, construção 5.272, comércio 2.510 e agropecuária 1.482.

As medidas provisórias para manutenção de emprego ajudaram muito, mas o que faz SC ter resultado melhor nesse indicador frente a média nacional, há anos, é o perfil da sua economia, diversificada em número de setores e bem distribuída em todas as regiões. Suas empresas têm forte atuação nacional e internacional.

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Para o presidente da Federação das Indústrias (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, uma das razões desse diferencial no emprego é o fato de o estado ter mais empresas familiares, que não estão na bolsa e, portanto, não precisam distribuir boa parte dos lucros aos acionistas. Assim, podem reinvestir mais os resultados.

Outro diferencial é o perfil da população do estado, com mais de 50 etnias, o que ajuda a agregar conhecimento. Nesse aspecto, está também a qualificação das pessoas, com evolução expressiva nas últimas décadas graças a expansão do ensino universitário e técnico.

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Um dos líderes que estão confiantes com o cenário econômico é Marco Antonio Corsini, presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), entidade que representa a economia do município que mais gerou novos empregos na Região Sul este ano, 7.437. Segundo ele, os resultados de 2020 mostram aceleração e servem de estímulo para as empresas seguirem trabalhando para gerar mais empregos, renda e arrecadação tributária no novo ano. O único ponto de cautela é o aumento dos casos de Covid-19.

Apesar do otimismo de parte dos empresários, o cenário para emprego no Brasil no começo de 2021 é menos favorável do que a realidade do segundo semestre do ano que está se encerrando. Isso porque a economia do país não contará com o impulso do auxílio emergencial e o crescimento de casos de Covid pode forçar mais decretações de lockdown no país..

A projeção de crescimento de aproximadamente 3,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 sinaliza que a oferta de emprego vai crescer no Brasil. Mas a continuidade da crise da pandemia e a inflação se disseminando mostram que o primeiro trimestre do novo ano, com algumas exceções, pode ter baixo ritmo de atividade econômica e, consequentemente, pouca criação de empregos no país.

O ideal seria aprovar estímulos para aquecer o mercado de trabalho e definir um auxílio aos milhares que ficarão sem renda. Nesse grupo estão os mais de 14 milhões que procuram emprego. Tudo indica que o primeiro semestre de 2021, para muita gente, será mesmo de espera para realizar o sonho de receber os dois presentes desejados neste Natal: a vacina e um emprego.

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