Entre os impactos da pandemia está o maior nível de atividade dos open shoppings, por serem centros comerciais abertos, com menos restrições ao distanciamento social. Em Florianópolis, o Multi Open Shopping, no Sul da Ilha de SC, começou este ano com 100% de locação dos espaços de lojas e o Jurerê Open Shopping, em Jurerê Internacional, no Norte da Ilha, registrou fluxo de pessoas 44% maior em 2021 frente a 2019, periodo pré-crise sanitária.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Outro centro comercial aberto, o Boulevard 14/32, do aeroporto, recupera ocupação com serviços. Os open shoppings da Capital mostram uma recuperação maior que a média dos shopping centers nacionais, que tiveram queda de 3,5% das vendas em 2021 frente a 2019 (fase sem pandemia), segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).

O Multi Open Shopping, prestes a completar quatro anos, se consolidou em plena pandemia. Com 30 espaços para operações, o empreendimento começou 2022 com 100% de ocupação, informa a superintendente Sabrine Quarezemin. Os edifícios de escritórios que integram o complexo também estão 100% ocupados.

Mas, nos momentos mais difíceis, como o segundo trimestre de 2020, no começo da crise sanitária, o Multi também sofreu. Precisou postergar aos lojistas pagamentos de aluguéis para dar um fôlego. Além disso, mais tarde, ofereceu atendimento diferente a quem teve mais dificuldades, destaca a empresária.

Continua depois da publicidade

O shopping assinou 12 novos contratos desde a chegada da Covid-19 até agora. O último foi para unidade da loja BabO, de moda criativa infantil. Entre essas novas unidades estão um bar conceito da Cervejaria Unika, Terra Maya Slow Shoes e a Cacau Show. O Multi não tem levantamento geral sobre receita e emprego, mas cada loja abre cerca de 5 postos de trabalho diretos e pelo menos a mesma quantia de indiretos.

A sustentabilidade é um dos diferenciais do shopping, que se destaca junto à natureza, próximo da praia do Campeche. Ele tem usina solar na cobertura de um dos prédios comerciais, com 125 placas, que fornece 75% da energia para as áreas comuns. A gestora de marketing, Veronica Carniel, observa que o Multi atrai principalmente família, mas um público eclético vem crescendo em função da oferta de serviços nos prédios de escritórios.

– O Multi vai fazer quatro anos agora, em março. Eu e meu marido como moradores do Sul da Ilha há 20 anos, sentimos essa necessidade. Nós só construíamos residenciais e tínhamos que fazer tudo no Centro. Sentimos necessidade de um empreendimento que englobasse lojas e a parte de serviços. A decisão de fazer um open shopping foi porque o bairro inspira a natureza. Preservamos muito as características do bairro e essa questão da sustentabilidade, de ser um local acolhedor – afirma Sabrine, que é socia da Plano Construtora que fez o centro comercial.

As sócias Carolina Frozza e Aline Fischmann, focam sustentabilidade em salão de beleza
As sócias Carolina Frozza e Aline Fischmann focam sustentabilidade no Multi (Foto: Rafael Ribeiro, Divulgação)

Apelo sustentável

Entre as operações do Multi estão lojas exclusivas. Um exemplo é o Meu Salão, das sócias Aline Fischmann e Carolina Frozza, único do Brasil e um dos cinco do mundo a ter o certificado internacional B de sustentabilidade. O uso de produtos veganos e orgânicos são alguns diferenciais.

Continua depois da publicidade

Conforme Aline, isso atrai clientes de outras regiões de Florianópolis. Além do salão, seguem a mesma linha o Meu Spa Floripa e meu Salão Terapia Capilar, ambos das sócias, no Multi.

– Eu tenho uma marca de roupas também com proposta sustentável. Eu brinco que eu não sei fazer negócio de outro jeito. Mesmo mudando de indústria completamente, eu estou dentro desse mercado de sustentabilidade e não conseguiria montar um negócio diferente, principalmente morando aqui no Sul da Ilha, e no Multi, que já têm essa proposta – afirma a empresária.

Jurerê Open Shopping aumenta faturamento na pandemia
Jurerê Open Shopping aumenta faturamento na pandemia (Foto: Divulgação)

Jurerê Open Shopping cresce em fluxo e receita

Uma das âncoras do bairro Jurerê Internacional, o Jurerê Open Shopping, controlado pelo Grupo Habitasul, viu seus números saltarem acima da média durante a maior parte da pandemia. O que colaborou mais para isso é o fato de o empreendimento ser aberto e de ter ampliado as vendas on-line. O centro comercial conta com 70 operações, das quais 20 de gastronomia.

Um exemplo de expansão foi o fluxo de pessoas em dezembro de 2021, que cresceu 44% frente ao mesmo mês de 2019, quando a crise sanitária ainda não havia chegado. Na comparação com o mesmo mês de 2020, o crescimento do público chegou a 51%. As informações são do gerente geral do empreendimento, Bruno Capristano, ao destacar que o faturamento também cresceu acima da acima da média, em sintonia com o maior público.

Continua depois da publicidade

– O início do ano de 2021 foi mais crítico frente ao ano anterior, mas pegando o período de maio a dezembro, a gente cresceu 63% em vendas em relação ao mesmo período de 2019, fase sem pandemia – revela ele.

As fases mais difíceis foram em março e abril de 2020, quando houve fechamento na chegada da pandemia, e na onda de fevereiro e março de 2021. Segundo Capristano, nessas fases, o shopping fez uma parceria “perde-perde” com os lojistas. Devido ao fechamento, em março de 2020 o desconto do aluguel chegou a 50%, no mês de abril, com atividades suspensas até o dia 20, o desconto chegou a 70% e, nos demais meses até agosto, foi de 30%. Em março de 2021, a redução do aluguel ficou em 40%.

– Em todos os períodos não contemplados com descontos, na média, o shopping teve um crescimento consistente e muito grande com relação ao ano anterior. Graças ao movimento de retomada da economia e do público procurando locais como o nosso – afirmou o executivo.

Apesar da pandemia, o Jurerê Open Shopping seguiu investindo. Em 2019, revitalizou a plataforma 1, aquela que sedia as letras gigantes do shopping. Em 2020, foi concluída a reforma da plataforma 2. Agora, em março, começa a reestruturação da plataforma Zero, ao lado do Il Campanário. Em parceria com a construtora Unique, será feita uma nova área com lojas comerciais junto a duas novas torres residenciais. Nesse período, as lojas do local serão alocadas em outros espaços, adianta o gestor.

Continua depois da publicidade

Pandemia mudou o fluxo de caixa da Santalina, de Débora Tozzo
Pandemia mudou o fluxo de caixa da Santalina, de Débora Tozzo (Foto: Camila Machado, Divulgação)

Virada para o digital

Uma das lojas do Open Shopping que se reinventaram na pandemia foi a multimarcas Santalina, da empresária Débora Tozzo. A maior parte das vendas acontecia na temporada, a partir de 26 de dezembro, quando as clientes chegavam de todo o Brasil para passar as férias. Ela tinha o contato das clientes, por vários anos oferecia catálogos com as novas coleções a distância para vendas on-line, mas a resposta era sempre que estariam em Jurerê na temporada.

Contudo, o isolamento em função da Covid 19 fez as pessoas mudarem de comportamento e, hoje, 60% do faturamento da Santalina resulta de vendas a distância, principalmente pelo Whatsapp, quando o atendimento pode ser mais personalizado, explica a empresária.

– Em 2020, mandamos catálogos para clientes em setembro, outubro e novembro. A surpresa foi que a resposta, ao invés de ser ‘estarei aí dia 26 de dezembro’, passou a ser ‘não sei se vamos a Jurerê este ano, mas vou garantir meu biquini agora’. E aí eu consegui fazer essa mudança das pessoas comprarem a distância antes do fervo do fim do ano. Para mim, isso foi uma virada – afirma Débora.

Na avaliação da empresária, outro fato novo foi o gatilho da escassez. As pessoas começaram a perceber que no mercado, durante a pandemia, começou a faltar muitos produtos, desde materiais de construção, a eletrodomésticos e automóveis. Aí, elas concluíram que que também faltaria biquini e passaram a antecipar compras, o que possibilitou ter fluxo de caixa mais equilibrado no ano. Essa antecipação de compras em dezembro, por exemplo, permitiu faturamento 45% maior frente ao mesmo mês de 2020.

Continua depois da publicidade

Outra mudança é que, para fugir da pandemia, muita gente foi morar na casa de praia, aquecendo o comércio e serviços locais o ano inteiro. Apesar de reduções quando ocorre uma nova onda, como agora a da ômicron, Débora acredita que o comportamento das clientes mudou de forma definitiva. Elas seguirão comprando on-line o ano todo. A Santalina vende principalmente moda praia, com destaque para grifes premium como Vix, Lenny Niemeyer, Paula Hermanny e Salinas.

Área de lojas e estar do Boulevard do aeroporto
Área de lojas e estar do Boulevard do aeroporto (Foto: Lio Simas, Divulgação)

Boulevard do aeroporto avança em serviços

Outro centro comercial aberto para compras, serviços ou lazer no Sul da Ilha de SC, no estilo “open shopping” é o Boulevard 14/32, na entrada do Aeroporto Internacional de Florianópolis. Inaugurado em outubro de 2019, junto com o novo terminal aeroportuário, foi projetado pela concessionária Zurich Airport Brasil, para ser um “place to be” (um lugar para estar). Conta com 11 mil metros quadrados, urbanismo moderno e lojas diversas.

A chegada da pandemia, em 2020, com o cancelamento de voos, foi um desafio. Algumas unidades foram fechadas e, gradativamente, outras abriram. Atualmente, o local conta com 16 lojas ativas. As âncoras são a Starbucks, a primeira fora do eixo São Paulo-Rio, o Burger King – único no Sul da Ilha – e o Imperatriz Gourmet, um supermercado completo para facilitar a vida dos viajantes e de quem mora na região.

Para fevereiro, está prevista a abertura de uma Rock Shop, loja internacional da Hard Rock, destaca a empresa concessionária. No mesmo mês, o Boulevard vai ganhar unidade do Instituto Geral de Perícias, que fará documento de identidade. Esse é mais uma diversificação na prestação de serviços ao público. O espaço já conta com uma filial do Detran, inaugurada em junho do ano passado e uma casa de câmbio.

Continua depois da publicidade