A continuidade da Covid-19 e a chegada da variante ômicron, apesar do avanço das vacinas, exigem que cuidados sejam mantidos para prevenção à pandemia, em especial o uso de máscaras. O alerta é do professor e pesquisador da USP, Arlindo Philippi Júnior, catarinense que recebeu na noite de sexta-feira o Prêmio Raulino Reitz, distinção a uma personalidade na área ambiental concedida pelo Instituto do Meio Ambiente do governo de Santa Catarina (IMA/SC).

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Philippi, que é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pós-doutor em Estudos Urbanos e Regionais no MIT, dos Estados Unidos, é professor da USP na área de saúde ambiental. Em conversa com a coluna, ele falou também sobre os cuidados e alertas da universidade paulista para prevenção da doença.

O que mais surpreendeu o senhor, como pesquisador, na pandemia Covid-19?

— Surpreendeu a extensão. No nosso grupo de pesquisas da USP, no comecinho de fevereiro de 2020, fizemos um seminário discutindo a existência do vírus no exterior e qual seria o cuidado que deveria haver no Brasil para evitar chegar com tanta intensidade nas cidades brasileiras, principalmente pelo fato de que temos muitas favelas, com famílias morando em um ou dois cômodos. Como seria possível manter distanciamento, usar máscara. 

No seminário, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que estava tentando fazer com que as vacinas avançassem. Rapidamente, o Brasil conseguiu fazer o sequenciamento genético do vírus. Foi uma contribuição preciosa dos cientistas brasileiros para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Naquele evento, a recomendação foi que começasse se evitar aglomerações, que se fizesse uma campanha de Estado para que as pessoas reduzissem viagens e que houvesse um maior controle sanitário no transporte de navios. Acabou não acontecendo nada disso e chegou a ter Carnaval.

E qual deve ser o procedimento diante da nova variante?

— Todos nós estamos com muita vontade de tirar as máscaras, de poder circular mais livremente. Mas eu diria que o seguro morreu de velho. Temos que reconhecer que a economia, na maior parte, conseguiu sobreviver. E todos nós que ficamos em casa fomos supridos pelos bens necessários para a nossa sobrevivência, como água, alimentação, energia. 

Muita gente trabalhou para que um grupo pudesse se proteger mais. Esses que trabalharam, sofreram mais com a doença. Por conta de tudo isso, eu diria para aqueles que puderem, que segurem um pouco as pontas.

O seu conselho é para que os cuidados continuem?

— Temos o exemplo da USP. Nós paramos apenas uma semana. A pandemia foi anunciada na USP dia 13 (de março de 2020). Foi dito que todas as nossas atividades presenciais fossem suspensas. Mas nós tínhamos a infraestrutura para ter aulas à distância. Demoramos uma semana porque faltava ver quem não teria infraestrutura para acompanhar as aulas de casa, quem não tinha internet, notebook etc.. 

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Isso levou a USP a fazer um chamamento para companhias de telefonia, que doaram chips para os alunos, e também foi feito uma chamada para quem tivesse notebook ou computador para doar. Com isso, foi possível atender 92%. Os outros a USP comprou. Aí retomaram as aulas. 

A USP tem feito suas formaturas, não há atrasos em processos. Tivemos algumas prorrogações de prazos, principalmente de pós-graduação, que dependiam de entrevistas, pesquisas mais complexas. Quando a gente olha para isso, a gente verifica que é preciso exercitar. Se não, não vamos saber de fato como nós estamos, se está transmitindo ou não. Quando a gente olha os números da doença, observa que eles continuam caindo, mesmo com as pessoas na rua maciçamente.

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