No segundo ano da pandemia, 2021, a economia de Santa Catarina foi marcada por problemas que afetaram principalmente os mais pobres, como a volta da inflação alta, mas também teve soluções como o crescimento puxado pelo diversificado setor produtivo e seus investimentos. O resultado foi um ritmo de atividade econômica maior que o do Brasil, apesar de uma parte da população seguir em vulnerabilidade social.

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A alta inflação foi a principal vilã na economia. Foi parcialmente importada em função da retomada do crescimento mundial que elevou preços do petróleo, de commodities e itens industriais. Mas teve ainda forte impulso no mercado interno, com a alta dos combustíveis impactados também pelo dólar, que sofreu com a instabilidade política. Contou ainda com a pressão da falta de chuvas para geração de energia e produção de alimentos.

Assim, fechou novembro com alta em torno de 10% nos últimos 12 meses até novembro, tanto no IPCA, quando no ICV da Udesc, em Florianópolis. Esses 10% viraram perda de poder de compra que afetou o consumo, em especial a vida das famílias mais vulneráveis, que vivem na pobreza.

A propósito, chamou a atenção nas últimas semanas pesquisa do IBGE, segundo a qual em 2020, Santa Catarina tinha 137 mil pessoas vivendo na extrema pobreza, com renda individual de até R$ 155 mensais, e 615 mil na pobreza, com renda mensal de até R$ 450 por mês. No Brasil, as estimativas são de que mais de 60 milhões de pessoas estão em condições de pobreza, que cresceu este ano com menos auxílio emergencial.

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Enquanto o país ainda enfrenta desemprego de 12,1%, com 12,9 milhões de desocupados (taxa de outubro), SC registra situação diferente em função da maior atividade econômica. Em setembro, estava com taxa de desemprego de 5,3% segundo o IBGE, a mais baixa do país. Naquele mês, 207 mil pessoas buscavam colocação no mercado de trabalho no Estado.

Essa melhor condição do emprego foi resultado da atividade econômica. No período de janeiro a outubro, a indústria de SC teve crescimento acumulado de 13,8%, os serviços avançaram 15,3% e o comércio, 2,6%.

Uma das principais razões dessa alta é o forte setor industrial de transformação, que responde por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto na média nacional participa com 12%. O destaque são os investimentos do setor, em especial projetos bilionários nos setores de papel e celulose, madeira, agronegócio de carnes e metalurgia. São projetos em desenvolvimento que somam mais de R$ 10 bilhões para período de três anos.

Outros setores econômicos também investiram e cresceram. Essa expansão junto com o impulso da inflação elevaram a arrecadação do Estado. Por isso, tanto o governo estadual quanto as prefeituras têm mais recursos para obras e outros projetos. O governador Carlos Moisés informou que o Estado deve fechar 2021 com pelo menos R$ 2 bilhões em investimentos.

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O bom ritmo aparece nas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Nos 12 meses até setembro, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico estimou alta acumulada de 9,8% para o PIB do Estado, enquanto o nacional avançou 3,9% no mesmo período. Aliás, o Brasil entrou em recessão técnica no terceiro trimestre, mesmo com a projeção de fechar o ano com alta do PIB próxima de 4,5%.

Apesar de a inflação ter afetado mais a economia de um modo geral no segundo semestre e da continuidade da pandemia, a maioria das empresas, o governo do Estado e prefeituras encerram 2021 com resultados positivos. Para empresas afetadas pela pandemia diretamente, mas que sobreviveram, foi disponibilizada ajuda.

Falta uma atenção maior à população vulnerável do Estado, que são os que vivem na pobreza e os desempregados por não terem qualificação. O fato de o governo estadual e algumas prefeituras terem oferecido auxílio emergencial pela primeira vez em 2021 foi um avanço. Mas são necessárias políticas permanentes, até porque quanto mais inclusão social, maior o desenvolvimento econômico.

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