Mercados não atendidos, crises e aprendizados geram oportunidades de negócios. Foi seguindo esses caminhos que o empresário Jair Philippi, que faleceu neste domingo em Florianópolis, aos 90 anos, abriu mais de 15 empresas na sua trajetória de 76 anos como administrador e empreendedor.
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A sabedoria para ouvir as pessoas e atendê-las com simpatia aprendeu quando criança, ao trabalhar de vendedor em loja de um tio em Águas Mornas, terra onde nasceu. A família mudou para Lages e, depois, para Bom Retiro. Terceiro filho de uma família de 12 irmãos, aos 14 anos, junto com os dois irmãos mais velhos, teve que assumir a liderança de serrarias da família para apoiar a mãe porque o pai faleceu de câncer aos 43 anos.
Anos depois, Jair Philippi decidiu ter negócios próprios. Em 1961, aos 29 anos, abriu sua primeira serraria. Em 1963, ingressou a política ao ser eleito vereador e em 1972, venceu a eleição para prefeito. Foi nesse cargo público, ao fazer a gestão de obras, que passou a entender de construção civil e construção pesada.

Esse aprendizado o motivou a abrir empresas na área. Primeiro foi a Cimembloc, depois vieram a Protensul, fábrica de pré-moldados em São José, e a Marna, também de pré-moldados em Curitiba. Na área de construção pesada, tinha orgulho de informar que construiu duas pontes na BR-282, uma entre Alfredo Wagner e Bom Retiro, e outra entre Bocaina do Sul e Lages.
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O clima frio e as tendências regionais também motivaram Jair Philippi a investir em fruticultura. Passou a produzir maçãs e processar a fruta para exportação em Bom Retiro, com a empresa Promesul. No município, também foi pecuarista com criação de gado de corte no gelado Campo dos Padres. Na agricultura, a opção foi pela soja na serra de SC e também no Paraguai. A diversificação de negócios incluiu até posto de gasolina em São José.
Ao comentar o falecimento do empresário, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, disse que Jair Filippe deixou exemplo de persistência, superação e visão empresarial. Segundo ele, o empresário foi um dos pioneiros da indústria, setor para o qual tinha atenção especial.
O vice-presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, destacou a amizade entre o seu pai, Elias Seleme, empreendedor do Curtume Viposa, Jair Philippi e João Stramosk, fundador da Metalúrgica Riosulense. Cada um conseguiu desenvolver atividades sólidas nos setores em que ingressaram.
Líder agregador, mas com gosto por tomar decisões com independência, Jair Philippi mostrou esse talento ao estrear na política. Com a colaboração da esposa Luiza Helena Meyer Philippi, conseguiu unir dos grandes adversários políticos de Bom Retiro para dar apoio a ele e venceu a eleição para prefeito em 1972, conta Jair Filho sobre o pai.
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Na fase de maiores atividades, a série de empresas fundadas por Jair Philippi chegou a empregar mais de 1,7 mil pessoas, principalmente em Bom Retiro e na região de Florianópolis, onde o empresário veio morar para os quatro filhos estudarem. Durante a recessão de 2015, quando teve que reduzir o quadro de pessoal, ele optava principalmente por empregados mais jovens, que não tinham família para sustentar.
Ao falar sobre o avô na despedida deste domingo, Maria Júlia Philippi Silveira disse que ele cuidava de todos, com atenção. Revelou que na árvore de Natal da família, o avô fazia questão de que os netos colocassem seus boletins do ano. Era um estímulo para que tirassem notas altas e tivessem carreira própria. O amor pelo trabalho sempre foi uma das marcas do empreendedor Jair Philippi, destacou a neta.