Na noite do dia 30 de junho, uma terça-feira, praticamente a metade dos catarinenses foram dormir sem luz. O motivo foi o apagão causado pelo ciclone bomba mais intenso da história do Estado, que deixou 1,6 milhão de unidades consumidoras sem energia, tirou a vida de 13 pessoas e gerou outras perdas.
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Quem estava à frente das decisões para reenergizar o Estado e ainda segue nesse desafio até a recuperação total é o presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins. Esse evento marca a vida desse engenheiro e mestre em energia e sustentabilidade pela UFSC, por dois motivos: a dimensão da catástrofe natural e por ter acontecido na véspera do aniversário dele, 1º de julho. Nesta entrevista a seguir ele explica sobre o trabalho feito. Confira:
Como vocês, na Celesc, viram a dimensão do ciclone bomba?
O centro de operações da Celesc em Florianópolis permite visualizar todo o sistema elétrico do Estado, em tempo real, também com informações meteorológicas. Na terça-feira, 30 de junho, a gente identificou os ventos no Extremo Oeste, logo vimos o alerta no centro de operações e o ciclone começou a descer a Serra, só que numa magnitude muito grande, que a gente jamais tinha visto na empresa. Ele abarcou praticamente o Estado todo, só preservou o Extremo-Sul. O ciclone veio e foi abrindo os braços em todo o Estado, um negócio inacreditável.
Quais foram as primeiras medidas da empresa para recuperar a energia?
Reunimos o nosso comitê de crise no Centro de Operações terça-feira à noite e começamos a nos organizar. Quando o ciclone chegou ao litoral, a gente se deu conta de que o estrago tinha atingido todo o Estado e, pior do que isso, a gente tinha perdido todo o sistema de telecomunicação.
As nossas subestações são todas telecomandadas de Florianópolis, só que não existia esse telecomando porque o cabo quebrou. Ficamos sem a comunicação com o consumidor e com as nossas equipes, mas encaminhamos nossos técnicos para as subestações. É a partir delas que a energia chega às residências e indústrias. Se antes a gente reenergizava uma subestação em três segundos, sem essa tecnologia demorávamos de duas a três horas.
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Foi o ciclone mais devastador…
Em dezembro de 2016 um ciclone atingiu Itajaí e Florianópolis. A gente deslocou equipes de outras regiões do Estado para atender a área atingida. Mesmo assim, a Celesc demorou seis dias para religar 280 mil unidades consumidoras. Este ciclone do dia 30 deixou 1,6 milhão de unidades consumidoras sem energia no Estado. Foi o maior evento com desligamentos da rede elétrica da história da Celesc. A companhia atende 3,190 milhões de unidades consumidoras, a metade foi atingida.
Como foi o trabalho até agora e quando será finalizado?
Colocamos os nossos 1,3 mil profissionais em campo nas macrorregiões, mais 200 na sede da empresa e toda a nossa frota de veículos pesados e leves à disposição. Conforme as atividades iam avançando, a gente remanejava. Equipes do Sul, na quarta-feira já puderam vir para Florianópolis e assim sucessivamente. Na sexta-feira passada (dia 3), deslocamos cinco equipes pesadas para as regiões do Planalto, mais cinco equipes pesadas para a região do Extremo Norte, onde estão áreas muito extensas. Conseguimos avançar rápido nas cidades.
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Cada religação, por exemplo, atendia de 10 a 30 unidades consumidoras. Mas no interior é diferente. A gente reforçou as equipes, mas ainda temos cerca de 4,5 mil unidades, tanto em Lages quanto em Mafra que carecem de religamentos. Esperamos finalizar até domingo (dia 12).
Vocês já estimaram os prejuízos?
Ainda não. Tivemos danos materiais e o valor extra das empresas que prestaram os serviços para nós nesse período. Usamos muitos materiais.
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