Em atividade desde 21 de julho, a Portobello America, primeira fábrica do grupo nos Estados Unidos, que recebeu investimentos de US$ 186,7 milhões (R$ 910 milhões), conta com equipamentos de última geração e tem outros dados que chamam a atenção. Um deles é o tamanho gigantesco da linha de produção, com quase um quilômetro de comprimento, numa fábrica de 90 mil metros quadrados de área construída, destaca o CEO do Portobello Grupo, John Suzuki.

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Por enquanto, uma das três linhas de produção foi ativada, com a criação de 200 empregos diretos. Outra grande entrará em operação em 2024 e uma para peças especiais inicia ainda este ano. Quanto tudo estiver em operação, a receita na unidade sediada na cidade de Baxter, Tennessee, estado onde residia Elvis Presley, vai faturar cerca de R$ 750 milhões por ano.

John Suzuki destaca que esse empreendimento marca maior internacionalização da companhia e motivo de orgulho de investir num país de primeiro mundo. O treinamento dos colaboradores americanos foi feito por equipes de Tijucas, Santa Catarina que foram para lá em grupo de 15 cada vez.

John Suzuki, CEO do Portobello Grupo (Foto: Portobello, Divulgação)

Recentemente, o Portobello Grupo divulgou o balanço do segundo trimestre, que ainda mostra nos números os impactos da pandemia, destaca o executivo. O setor de revestimentos cerâmicos, forte do grupo, teve alta fora do comum nas vendas durante a pandemia e, agora, está voltando ao normal.

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No segundo trimestre, a receita líquida do grupo ficou em R$ 549 milhões, 1,1% mais que nos mesmos meses de 2022 e o resultado foi prejuízo de R$ 38,3 milhões. O destaque foi a rede Portobello Shop, que cresceu 18,69% no período. Uma das novidades que a rede apresentou este ano, por meio da sua oficina de produtos, foi um fogão com balcão de porcelanato. Leia a entrevista do CEO John Suzuki, a seguir:  

O que o grupo priorizou no projeto da Portobello America, nova fábrica nos Estados Unidos?

– A gente decidiu que o projeto da fábrica nos Estados Unidos teria que ser como o de uma empresa americana gerida por americanos. O CEO da Unidade Portobello America, Luiz Felipe Brito é brasileiro. Ele faz a ligação com o grupo, mas todo o restante da equipe companhia, 98% dos colaboradores, é de americanos. É porque o mercado tem suas especificidades, fabricamos um produto com valor atribuído para a America.  

Fazemos predominantemente porcelanato, um produto mais nobre. Enquanto aqui no Brasil fabricamos formatos cada vez maiores, de 1,20 metro por 60 centímetros. Lá, predominam produtos de 30 a 60 centímetros. Aqui não se consome mais isso. É porque lá eles dão muito valor à questão da eficiência construtiva. É muito mais fácil e mais barato instalar um porcelanato 30-60.

Aqui, a gente tem influência grande do arquiteto. Lá, a influência e do empreiteiro. Ele decide os materiais que serão usados na casa. Aqui, a gente faz mais projetos customizados. Lá, eles fazem projetos padronizados. E os projetos são dessa maneira. A nossa fábrica tem uma proposta de valor para os americanos.

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Este ano, participamos da Coverings 2023, feira setorial dos Estados Unidos equivalente à Revestir no Brasil. Informamos no nosso estande que estávamos prestes a iniciar a produção na nossa fábrica nos Estados Unidos. Apresentamos nossos produtos, nossa proposta de valor. E foi um teste importante para aquilo que a gente tá construindo nos Estados Unidos. Medimos o nível de satisfação dos nossos clientes no estande, que ficou lá em cima. Já estamos vendendo produtos feitos nos EUA.

Essa nova unidade vai vender só para o mercado americano ou vai exportar?

– Ela vai exportar para o Canadá, que é quase uma extensão dos Estados Unidos, que é anexo geograficamente. A gente tem demanda, temos pedido e vamos fornecer. O mercado americano tem uma curiosidade: cerca de 70% do revestimento cerâmico consumido nos EUA é importado. Nós inclusive éramos importadores antes de iniciar a produção lá.

Só que ao longo do tempo, o produto importado, que era mais competitivo, deixou de ser. Agora, o doméstico passou a ser mais competitivo por dois motivos. Um, por conta do preço do gás natural. Os EUA têm o insumo mais barato do mundo em função do gás de xisto.  

Mas, mais importante do que isso, a indústria está aprendendo que ter bom nível de serviço, ser bem atendido, é importante. Isso porque na pandemia nós vimos rupturas de cadeias de suprimentos, fretes com custo multiplicado por 10, custo de energia na Europa em alta devido à crise hídrica. Aí não tem estabilidade de preço. Então, depender do importado começou a ser doloroso para a cadeia produtiva dos EUA.

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Essa nova unidade nos EUA tem números que chamam a atenção. O que o senhor destaca?

– Quando toda a fábrica estiver em operação, o faturamento será da ordem de R$ 750 milhões. A gente está ajustando a produção de acordo com o mercado. O primeiro forno entrou em operação em julho. A gente está prevendo que o segundo vai iniciar atividade no segundo semestre do ano que vem (2024).  

Temos um pequeno forno que deve ser ativado no final desse ano. Em volume não é relevante, mas é um forno para fazer produtos mais especiais, de maior valor agregado. Então, serão três linhas de produção e quando todas estiverem ativas, vamos faturar esse patamar de US$ 150 milhões ou mais, podendo chegar o equivalente a R$ 750 milhões.

Outro fato que chama a atenção é o tamanho da linha de produção. É uma fábrica linear. Nossa linha de produção nos EUA tem quase um quilômetro de comprimento e a fábrica tem 90 mil metros de área construída. É impressionante. Isso não é comum no Brasil. Temos aqui linhas que ficam em zigue-zague ou até interrompidas. Se a pessoa caminhar, para ir e voltar acompanhando a linha anda dois quilômetros.  

O Portobello Grupo divulgou o balanço do segundo semestre recentemente. Que resultados o senhor destaca?

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– Vivemos ainda um contexto da pandemia. Quando a Covid-19 chegou, as vendas caíram, mas logo o setor da construção teve um boom porque todo mundo resolveu fazer reformas ao mesmo tempo. Agora, a gente ainda está num momento de normalização desse consumo. No segundo trimestre deste ano tivemos o terceiro melhor resultado da nossa história em termos de receita. Só perde para os dois melhores trimestres da pandemia. Se a gente comparar aqui, talvez seja a comparação mais justa com o mesmo trimestre do ano passado, tivemos praticamente a mesma receita, com crescimento de 1%.

Como foi o desempenho da rede Portobello Shop?

– A Portobello Shop fez o melhor resultado da história no segundo trimestre, o melhor faturamento, apesar desse contexto de juros altos. Ela alcançou faturamento de R$ 233 milhões, com crescimento de 18,69% frente ao segundo trimestre de 2022. Ela cresceu porque atende principalmente o segmento mais nobre do mercado, a Classe A e um pouco da Classe B. É um segmento que sente menos as crises, depende menos de financiamento para fazer reformas.

A gente vem crescendo no nosso negócio de lojas próprias. A rede tem 146 lojas, das quais 24 são unidades próprias e 122 são franquias. Estamos avançando em lojas próprias, o que traz resultados para a companhia.

Fogão por indução com bancada de porcelanato na Cozinha Alex Atala (Foto: Divulgação)

Entre as inovações da Portobello Shop que chamam atenção está um fogão de porcelanato. Como é esse projeto que foi apresentado numa parceria com o chef Alex Atala?

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– Mais de 80% das nossas vendas são de porcelanato. Temos também louças e metais sanitários, rejuntes e argamassas. Mas temos também uma oficina para fazer móveis. Fazemos com porcelanato bancadas de cozinhas, mesas e outros produtos.

Na última Revestir (feira do setor realizada em São Paulo em março) por exemplo, apresentamos um fogão por indução, com bancada de porcelanato. Um projeto muito importante em parceria com o chef Alex Atala. Você não vê fogão, né? Está marcado (no balcão) onde está o fogão. Funciona por indução porque porcelanato resiste a altas temperaturas. É uma tecnologia cara que ainda não estamos oferecendo ao mercado.

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