Ao falar no evento virtual da posse da nova diretoria da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) na tarde desta terça-feira, o governador Carlos Moisés criticou opositores e falou em planos de investimentos do seu governo para o ano que vem, ignorando as elevadas chances de ser afastado do cargo em breve em função do processo de impeachment. Ele aproveitou o público empresarial para alegar desrespeito à democracia, sem reconhecer equívocos políticos que cometeu e levaram à atual situação.
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Avaliação de Moisés em Florianópolis ajuda a explicar apatia sobre impeachment
– Um governo coeso, forte, possibilita que o empreendedor continue crescendo. Um relacionamento republicano, onde não se cobra percentuais, não se cobra propina do empreendedor. Quando precisa licenciar uma atividade se licencia cobrando, obviamente, dentro dos requisitos da lei, da maneira mais republicana possível. É isso que nós queremos, fazemos e proporcionamos. É claro que isso gera uma sacudida no ambiente político porque a velhíssima política não estava acostumada com esse tipo de trato do poder público com o particular – disse Moisés para os empresários.
Ao defender o mandato, ele falou que o governo está sofrendo, talvez, uma afronta ao princípio da democracia, que é a preservação da vontade popular através do voto. E elevou o tom nas críticas aos opositores.
– Até porque aqui não se confronta um governador, se confronta um governo para voltar às velhas práticas – alfinetou.
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Moisés ocupou a maior parte do tempo para defender o que fez no governo até agora, mas chamou a atenção ao falar sobre planos de investimentos em infraestrutura para o ano que vem, sendo que tanto o meio político quanto a população consideram que, pelo avanço do processo de afastamento, ele dificilmente estará no cargo em 2021.
Segundo o governador, o Estado está investindo R$ 400 milhões em infraestrutura e não mais do que isso porque não conseguiu o aval da União por ter (Capag) situação fiscal C (risco de endividamento). Mas, no ano que vem, os planos do governo é investir mais porque as contas estaduais estarão em melhores condições, podendo chegar ao Capag B, o que permite empréstimos com autorização da União.
As manifestações de Moisés mostram um chefe de executivo isolado, que não reconhece os riscos políticos que corre, nem o isolamento que construiu fechando uma série de portas a quem pedia audiências.
A Facisc empossou o empresário Sérgio Rodrigues Alves na presidência, para mandato de três anos, sucedendo Jonny Zulauf. Moisés sempre se sentiu mais à vontade com a Facisc entre as diversas entidades empresariais do Estado porque quando candidato, mesmo não aparecendo bem nas pesquisas, a entidade o convidou para um debate e entregou o documento Voz Única, com as prioridades do setor empresarial ao novo governo do Estado.
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