Mesmo diante da aceleração de óbitos e casos confirmados que mostram ser esta a fase mais crítica da Covid-19 em Santa Catarina, muitas pessoas seguem rotina normal nos fins de semana. Fazem aglomerações em supermercados, encontros com amigos, almoço em família, festas de aniversário, vão à praia ou a outros locais em grupo. Pode-se concluir que se não conseguem entender a linguagem da ciência, vão entender a linguagem do dinheiro, do custo no bolso. O poder público poderia adotar mais restrições e aplicar pesadas multas a quem sair de casa sem necessidade. Atualmente, as multas estão mais restritas à falta de máscara, mas isso não é suficiente.
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A Ásia e Europa deram importantes exemplos disso. A multa mais alta foi adotada em Dubai. Quem descumpria quarentena por lá correu risco de pagar até R$ 71 mil. Na França a multa ficou em R$ R$ 821 e na Inglaterra, R$ 405. Na Itália, as punições variaram de R$ 2.100 a R$ 16.400 na pior fase da doença.
Dependendo do caso, a pessoa poderia pegar até de um a cinco anos de prisão. Os italianos desobedeceram bastante. Mais de 110 mil foram multados. E olha que isso aconteceu numa fase da pandemia por lá com intensidade parecida com a atual em Santa Catarina.
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O isolamento social dos catarinenses está muito baixo. No sábado (01), dia em que a maioria das pessoas não trabalha, o índice, segundo a plataforma In Loco, ficou em 41,4%. Domingo foi registrado 50,39%, abaixo do domingo anterior (26), quando a plataforma anotou 54,2% no Estado. E durante a semana, o isolamento tem sido mais baixo, de 34% a 38%, em média. Como o ideal para conter a doença é 70% ou mais, falta muito aos catarinenses para fazer a Covid regredir.
Apesar de a doença estar batendo ao lado e de estar claro que qualquer um pode ter sintomas graves e perder a vida, um percentual expressivo de pessoas não consegue fazer um pouco de sacrifício e ficar em casa num fim de semana. Conforme o colunista da NSC Anderson Silva informa neste site, a Guarda Municipal de Florianópolis teve que atender uma ocorrência atrás da outra neste domingo. No final de semana anterior, por exemplo, foram atendidas mais de 130 ocorrências em Chapecó. Pode-se usar vários adjetivos para isso, como ignorância, estupidez, egoísmo, falta de sensibilidade, falta de defesa do coletivo… Aliás, uma frase usada pelo jornalista e compositor David Nasser (1917-1980) resume bem isso.
– A inteligência é limitada, mas a burrice é infinita – escreveu ele.
Muitos saem durante a semana para trabalhar, o que é necessário. Mas por que tantos passeios aos sábados e domingos? A adoção de mais restrições e multas caras para saídas não essenciais podem ser limitadores necessários para ajudar a reduzir a disseminação do coronavírus em Santa Catarina.