Confiante de que a virada do mercado brasileiro para veículos elétricos será rápida, a montadora chinesa de triciclos elétricos RAP Sev, que estreou agora no mercado do país em parceria com a Fever, de Florianópolis, planeja instalar unidade produtiva no Brasil. É grande a possibilidade de ser baseada em Santa Catarina.
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Durante a visita a Florianópolis para a inauguração da Fever na última terça-feira (24 de outubro) o diretor de Mercados e Exportações da RAP, Abel Huang, falou em entrevista para a coluna que a empresa já trata desse assunto com os sócios da Fever, Nelson Füchter Filho e Jacinto Silveira.
– A gente tem uma expectativa de trazer essa indústria o quanto antes para o Brasil. A ideia é que atenda não só o mercado brasileiro, mas também o mercado da América Latina – disse Abel Huang.
O executivo integrou a comitiva chinesa no evento, que teve também a participação do CEO e fundador da RAP, Peter Wang, e do gerente técnico de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Feng Liang. Abel Huang concentrou as entrevistas porque fala inglês.
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Com foco em mobilidade elétrica de última milha, a Fever iniciou atividades com dois parceiros fabricantes de veículos elétricos homologados na Europa, a RAP e a Alkè, da Itália, fabricante de pequenos caminhões.
A Fever, que atua como montadora no Brasil e já tem 12 concessionárias no país, está registrando demanda elevada pelos triciclos. A RAP, que hoje só produz na China, na cidade de Huzhow, perto de Xangai, tem mais propostas para instalar montadoras em outros países.
Quando decidir produzir no Brasil, os parceiros comerciais Jacinto e Nelson, da Fever, gostariam que se instalasse em Santa Catarina, pela logística portuária e outros diferenciais. As importações da RAP e da Alkè estão sendo feitas todas pelos portos do Estado. Saiba mais sobre a montadora RAP na entrevista a seguir com Abel Huang.
– Quem é a montadora de triciclos RAP Sev? O senhor pode contar como foi a trajetória da empresa?
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– A RAP Sev é uma companhia super jovem. A gente começou as operações em 2016. Na verdade, os projetos da empresa começaram em 2016, em 2018 começamos as operações, a produção, e iniciamos as vendas em 2019.
A RAP é uma empresa que nasce com toda uma tecnologia automotiva de última geração. Foram referências para nós a empresa chinesa Geely, que hoje é proprietária da Volvo, e também mais duas montadoras chinesas: a Chery e a GWM. Então, elas foram muito inspiradoras para nós.
O fundador e CEO da RAP, Peter Wang, viu também uma oportunidade em veículos de três rodas. Os existentes no mercado eram muito primários, rudimentares. Então, ele e sócios viram a oportunidade de criar uma tecnologia super robusta para esses veículos.
Então, todos os projetos foram desenhados e testes foram feitos para criar um produto orientado para logística de última milha. Assim, a RAP nasce para ser uma empresa com alta qualidade e que vai atender esse mercado especificamente de logística de última milha.
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No período de pesquisas, entre 2016 até 2019, antes das primeiras vendas, houve uma série de estudos para definir como fazer o melhor produto, ter parceiros de melhor qualidade.
Todos esses estudos foram realizados em diversos mercados da Europa e também na China. Sentimos a necessidade de crescer muito rápido pela alta competitividade que existe no mercado chinês.
E quando chegou a pandemia, ficamos na expectativa, mas ela trouxe um movimento importante para RAP porque as pessoas deixaram de sair de casa para comprar. Lojas tradicionais mudaram suas estruturas para atender vendas on-line. Isso acelerou muito os negócios da RAP.
Então, a empresa desenvolveu dois modelos primários de chassis. A gente usou tecnologias de última geração e criou dois modelos de triciclos que são o FR 110 e o FR 250. Já está homologado para vender no Brasil o FR 250 e o outro está em fase de homologação.
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Então, hoje, no mundo, a RAP é a única empresa que traz uma tecnologia de ponta para atender o mercado de triciclos. Uma das características principais desse veículo, que tem inclusive uma patente registrada, é que ele traz um chassi articulado que a gente chama de Sistema ROC, que traz muito mais segurança para o veículo e agilidade para fazer entregas.
Além disso, temos um sistema de telemetria, que conecta esse veículo a um sistema de nuvem, para coletar e enviar informações. Esses dados são importantes não só para a empresa, para o pós-venda, mas também para que possa prover uma melhor ideia de como ele está performando. Isso dá a possibilidade de fazer um gerenciamento de frotas.
Um novo modelo que eles estão pesquisando visa permitir fazer uma substituição de bateria para o triciclo. Significa que o veículo não precisará parar para recarregar. Poderá trocar a bateria por uma cheia e seguir trabalhando.

Em que mercados a empresa já está presente?
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– O principal mercado da empresa é o europeu, mas países da Ásia também estão importando, como Cingapura e Japão. Como a gente já dominou a Europa, entrar no Brasil significa um importante avanço em novo mercado.
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Quais são as expectativas da RAP para o mercado brasileiro?
– Na nossa visão, o mercado de veículos elétricos no Brasil está apenas começando, mas acreditamos que teremos um futuro brilhante no Brasil. Principalmente, a gente acredita muito na questão de que teremos um futuro muito promissor com esse novo modal de um veículo de três rodas.
Os acionistas da Fever afirmaram que existiria interesse em instalar uma unidade de produção da RAP no Brasil, de preferência em Santa Catarina, no médio prazo. Existe essa possibilidade?
– Essa discussão já começou com o Nelson e o Jacinto. A gente tem uma expectativa de trazer essa indústria o quanto antes para o Brasil. A ideia é que atenda não só o mercado brasileiro, mas também o mercado da América Latina.
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Onde a RAP tem unidade produtiva hoje e quais são os planos para novas plantas?
Todo o modelo de negócio da empresa foi projetado para atender os mercados da Europa, mas as vendas já avançaram na Ásia e em outros países. Agora, estamos ingressando no mercado chinês. Isso porque nossa produção, atualmente, é toda voltada para o mercado internacional. Vai para a Europa e outros países.
Então, para ingressar no mercado chinês, eles decidiram instalar outra fábrica, em outra cidade chinesa. É uma planta muito maior porque o mercado chinês é infinitamente maior e necessita de uma escala muito maior.
No final deste ano, a gente também vai começar a construir uma fábrica em Andaluzia, na Espanha. Além disso, outro mercado que estamos desenvolvendo é a Tunísia. Já discutimos a instalação de uma planta naquele país. E também há discussões para construir uma unidade de produção na Itália.
Então, a gente tem uma expectativa de que as vendas ocorram rapidamente no Brasil. Eles (os sócios da Fever) estão muito esperançosos de que isso ocorra e, assim, será possível lançar uma fábrica também no Brasil o quanto antes.
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Eu gostaria de saber a velocidade média dos triciclos da RAP?
– Nossos veículos, atualmente, têm dois modelos. Um deles já está presente no mercado brasileiro. A velocidade desse vai até 45 quilômetros por hora. Temos uma nova versão na China que chega a 65 quilômetros por hora e tem 110 quilômetros de autonomia na bateria.
Por que o triciclo é aberto, não tem uma cabine fechada para o motorista?
– O design é assim, aberto, foi projetado assim. Como é um veículo de entrega de última milha, foi projetado assim, pensando em velocidade, justamente que aqueles milissegundos de abrir portas e fechar portas, ligar o veículo e desligar o veículo leva tempo. E tempo, num mercado de veículos, é algo estratégico.
Hoje, eles têm alguns acessórios que são embarcados no veículo que, para dias de chuva, é uma espécie de cortina que cobre as laterais e que protegem o condutor tanto do vento, quanto da chuva.
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Na China, existe uma infinidade de ofertas, não só nos veículos de quatro rodas, mas também nos veículos de três rodas. São muitas opções disponíveis, mas é muito difícil encontrar empresas que estão investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento para trazer veículos de fato inovadores para o mercado.
E o que o senhor pensa sobre o Brasil?
A gente vê o mercado brasileiro como uma excelente oportunidade. Assim como na China, a gente percebe que o comportamento das pessoas está cada vez mais migrando do físico para o on-line. Apenas para dar um número, no ano passado foram entregues 140 bilhões de pacotes no mercado chinês.
Então, da mesma forma que a gente percebe essa mudança de comportamento no mercado chinês, vemos que no Brasil, um país jovem, conectado, existe a possibilidade também da migração desse público para o on-line, o que trará um grande crescimento para o e-commerce.
Essa é uma grande oportunidade para os nossos veículos, que podem cobrir esse gap de entregas. A gente acredita muito nesse crescimento e é por isso que estamos com a Fever, para atender esse crescimento.
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Esta foi a primeira visita de vocês a Santa Catarina. O que o senhor achou do Estado?
– Não visitamos o Estado todo. Apenas Florianópolis. O Nelson nos acompanhou de norte a sul, leste a oeste da Ilha, em Florianópolis. Ficamos muito impressionados com a cidade. Eu gostaria de morar aqui (risos).
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