O julgamento do impeachment que reconduziu Carlos Moisés ao governo de Santa Catarina nesta sexta-feira encerrou o período mais tempestuoso da política catarinense, em meio a pior pandemia dos últimos 100 anos. Ao reassumir, ele mostrou pressa, indicando que quer fazer o que não conseguiu nos últimos 10 meses, quando foi afastado duas vezes. Se na primeira interinidade, em novembro, a vice-governadora Daniela Reinerh já mostrou oposição forte ao parceiro de chapa e fez muitas mudanças no secretariado, na segunda vez ela exagerou, trocando quase todo o primeiro escalão do governo e outros nomes. Isso indica que a oposição entre o governador e a vice será rigorosa até o fim de 2022.
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Ao exercer gestão interina por 40 dias até sexta, Daniela decidiu governar como se não tivesse amanhã, pensando em projetar seu nome para candidatura a deputada em 2022. Mas surpreendeu ao promover trocas inócuas em quase todas as secretarias, que resultaram em descontinuidade de projetos e ações. Isso gerou custos com pessoal e muito descontentamento entre os catarinenses. Com o troca-troca, reuniões tiveram que ser canceladas e projetos parados.
Os próximos passos de Moisés após a volta em definitivo ao governo de SC
Mas um dos fatos que mais marcaram negativamente a gestão interina de Daniela Reinehr foi o aumento da base de cálculo da substituição tributária (ST) para o ICMS na gasolina, que passou de R$ 4,77 para R$ 5,04. Isso encareceu o combustível e segue gerando reclamações. E o principal fato positivo da gestão dela, embora com muito atraso, foi o encaminhamento do projeto do auxílio emergencial à Assembleia Legislativa quinta-feira.
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Para Moisés, nesse início de retomada, os desafios na saúde são aumentar a vacinação da Covid-19, melhorar medidas preventivas e retomar cirurgias eletivas. Também é preciso seguir contendo aglomerações.
Na economia, o governador precisa apressar o pagamento do auxílio emergencial a 60 mil catarinenses, liberar crédito acessível para empresas, definir ajuda não reembolsável a empresas de setores mais afetados e desatar o nó dos investimentos em rodovias federais. O plano de doar recursos para estradas foi vetado pela interina por problemas técnicos. Além disso, o governo precisa mandar para a Alesc um projeto de reforma tributária que garanta redução de custos.
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Nessa novela de impeachment com alguns capítulos, quem mais perdeu foram os 7,2 milhões de catarinenses que não saíram às ruas para apoiar nenhuma das partes. Seguiram o trabalho que mantém Santa Catarina no topo das melhores economias do país. No embate político, Moisés venceu Daniela Reinehr e o articulador político dela, Gelson Merisio, que ele também derrotou nas urnas na eleição ao governo em 2018.
Considerando a soma de decisões da vice contra Moisés nas duas interinidades em função de impeachment, tudo indica que ele seguirá o ditado popular de ‘dar um gelo’ nela, isto é, vai mantê-la à distância, sem influência no governo. Em alusão a uma tecnologia do momento para vacinas contra Covid-19, Moisés deve “gelar” a vice como em freezer da Pfizer, a -80°C.
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