Fortes mas discretas em Santa Catarina, as organizações de microcrédito, que oferecem recursos para negócios formais e informais, avançam na diversificação de financiamentos. O Banco da Família (BF), de Lages, que atua na Região Sul e é referência internacional em gestão, é pioneiro ao oferecer crédito para usinas solares e agricultura familiar. A presidente da instituição, Isabel Baggio, explica que essa expansão é resultado da demanda do mercado.
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– A gente percebe que o setor de microfinanças está se ampliando cada vez mais. Começamos a fazer financiamentos para saneamento, reforma de casas, compra de casas e porque não energia solar, se as tarifas sobem tanto e as pessoas podem produzir sua própria energia?- questiona Isabel Baggio.
Segundo ela, o BF estreou essa linha durante a pandemia e as pessoas estão muito satisfeitas. Isso porque compram um patrimônio e daqui a três ou quatro anos elas vão ter uma despesa com energia bem menor por ter geração própria.
A maior procura por esses projetos vem de pequenos supermercados e outras empresas, atentas à economia de energia. A opção por uma instituição de microfinanças é por ser menos burocrática na liberação de recursos. O BF financia usinas solares no valor de até R$ 150 mil em 84 vezes. Como atua com empresas formais e informais, exige apenas comprovante de renda.
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– Outra linha importante que a gente criou durante a pandemia foi financiamento para agricultura familiar. São pequenas propriedades que produzem grãos e fazem uma multiprodução agroindustrial. Elas plantam, têm o seu gado, têm uma pequena usina de leite. Aí elas têm também energia solar lá dentro. A gente faz tipo um Pronaf e o pagamento é no fim da safra – detalha a presidente e também fundadora do BF.
A estreia no crédito agropecuário atende uma demanda reprimida no setor rural brasileiro. Por ser uma instituição que libera recursos mais facilmente, é um produto procurado. O limite para o BF Agro é até R$ 30 mil, em 36 vezes, com carência de até 180 dias.
Um diferencial do microcrédito produtivo e orientado é que todo projeto financiado é planejado de acordo com a demanda e a capacidade de pagamento e é acompanhado pela instituição. O BF também financia projetos não produtivos, como casas de madeira (segmento não atendido pelos bancos tradicionais), pequenas reformas residenciais com destaque para instalações sanitárias. Com 20 anos de atuação, o BF já emprestou mais de R$ 1 bilhão.
Isabel Baggio informa que esse crédito não produtivo é financiado com recursos livres porque as organizações de microcrédito não têm acesso a recursos oficiais para repassar a essas iniciativas. O setor reivindica mudanças na legislação para ter acesso a mais recursos, até porque a inadimplência é baixa.
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