Após décadas de reivindicações e espera, principalmente pelo setor produtivo, o governo do Estado lançou um plano amplo de obras em rodovias estaduais. O governador Jorginho Mello anunciou nesta quinta-feira, no CIC, em Florianópolis, o Programa Estrada Boa, que prevê investimentos de R$ 2,165 bilhões para recuperar e melhorar estradas. Apesar disso, lideranças empresariais presentes afirmaram que SC poderia avançar mais em logística se concedesse à iniciativa privada também algumas rodovias estaduais.  

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-Agora, temos a expectativa de dar um grande passo para o desenvolvimento de Santa Catarina. Vamos gerar, com isso, próximo de 20 mil empregos – afirmou o governador, ao comentar benefícios dos investimentos.

Para viabilizar o lançamento do Programa Estrada Boa, o governo estudou as demandas estaduais, com 73% de rodovias em estado ruim ou péssimo. A partir disso, estudou os investimentos necessários e definiu a origem dos recursos.

 – São duas grandes frentes, uma de revitalização e outra de obras estruturantes. Para a revitalização, serão R$ 665 milhões com recursos próprios e começam em agosto. A outra será com financiamento de R$ 1,5 bilhão, já aprovado pela Assembleia. Os recursos devem começar a ser liberados em novembro. A contrapartida é nossa e as obras começam logo – explicou Cleverson Siewert, secretário de Estado da Fazenda.

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Lideranças de entidades empresariais presentes no evento ficaram animadas com o anúncio do programa, mas revelaram para a coluna que, para avançar mais rápido, o Estado poderia fazer concessões à iniciativa privada também de rodovias estaduais, não apenas nas federais.

Para isso, o governador Jorginho Mello teria que mudar algo, que foi a promessa de campanha de não privatizar rodovias estaduais. É certo que onde são feitas obras de infraestrutura, o desenvolvimento econômico acontece mais rápido.   

Questionado sobre o assunto, o presidente da Federação das Empresas de Transportes de SC (Fetrancesc), Dagnor Schneider, disse que o setor empresarial entende que, por pagar impostos, a população teria direito a boas estradas. Mas como faltam recursos públicos para investir em estradas, a concessão é melhor do que ter rodovias danificadas.  

O presidente da Federação das Indústrias (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, afirmou que esse investimento anunciado é visto com bons olhos porque resolve parte do problema de falta de rodovias. Segundo ele, a entidade entende a restrição fiscal dos governos estadual e federal, por isso avalia que as concessões poderiam ser solução também para estradas estaduais.

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– Eu acho que a economia não pode esperar a recuperação fiscal do Estado para fazer investimentos. Então, somos, sim, a favor da iniciativa privada participando da solução desse problema, que é muito grave – disse Aguiar.

Sérgio Rodrigues Alves, presidente da Federação das Associações Empresariais (Facisc), é outra liderança que defende a privatização dos serviços de estradas estaduais por meio de concessão. Contou que em viagem esta semana pela BR-101 entre Joinville e Criciúma viu seis acidentes e demorou quase o dobro do tempo.

-Somos favoráveis a concessão como última opção, uma vez que esse valor, depois acaba sendo repassado no produto final. Obviamente que entendemos que as estradas do jeito que estão não podem continuar, o que prejudica e muito o setor produtivo e todo que geram economia – afirmou o presidente da FCDL/SC, Onildo Dalbosco Júnior, que também esteve no evento.

Essas opiniões de líderes de federações indicam que a solução rápida desse déficit gigante nas rodovias passa pelas concessões. Mas incluir mais o setor privado na logística de SC ainda depende da política.

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