Agora, a multinacional BRF, dona da Sadia e Perdigão, que leva na cultura o DNA original da competitiva agroindústria de carnes de Santa Catarina, tem um acionista majoritário que assumiu a liderança. Com 33% das ações da companhia, o empresário Marcos Molina, dono da Marfrig, conseguiu eleger na assembleia desta segunda-feira (28) o conselho de administração que indicou, tendo ele próprio na presidência.

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Com isso, a nova gestão estratégica da companhia, pela primeira vez, não terá um herdeiro de Attílio Fontana, fundador da Sadia, como conselheiro. O neto dele, Luiz Fernando Furlan, que atuou na fusão da empresa com a Perdigão em 2009 e, antes, foi conselheiro por mais de 20 anos na Sadia, não integra o futuro conselho de administração.

O novo “board” também não tem forte atuação dos fundos de pensão Petros e Previ, que por anos lideraram a Perdigão. A entrada da Marfrig, articulada pelo atual presidente do conselho, Pedro Parente, deixa para trás, se havia, algum resquício de rivalidade entre as duas marcas, que eram duas grandes empresas concorrentes do setor de carnes antes da fusão.

Em um domingo de 2006, a Sadia fez uma oferta hostil para comprar a Perdigão. A proposta foi rejeitada pelos fundos e por Eggon João da Silva, um dos fundadores da WEG, que na época presidia o conselho da companhia. Como executivos da Sadia investiam em derivativos, em 2008, com a crise financeira global, a companhia teve perdas bilionárias e precisou ser fundida com a Perdigão.

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Nos primeiros anos dessa fase não houve harmonia na cúpula, porque a equipe da WEG queria uma gestão mais conservadora enquanto acionistas da BRF focavam em lucros mais elevados. Em 2014, acionistas ligados à Sadia e fundos decidiram eleger o empresário Abilio Diniz para presidir o conselho. Mas a gestão dele, ao desconhecer os ciclos longos das cadeias produtivas do setor e problemas com executivos derrubaram os resultados.

As ações da companhia, que estavam em R$ 40 em 2013, recuaram para perto de R$ 20, o patamar atual. Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente da Petrobras, foi chamado para assumir o conselho em 2018 e arrumar a casa. Ele escolheu o executivo Lorival Luz para ser o CEO global e, no fim de 2020, lançou plano de investimento de R$ 55 bilhões para alcançar receita líquida de R$ 100 bilhões em 2030.

O contrato de gestão de Parente se encerra este ano. A expectativa é de que, com o novo conselho liderado por Molina, a diretoria executiva também vai mudar. Mas tudo indica que haverá mais harmonia na gestão da gigante de carnes.

Integram o novo conselho de administração, além de Molina, Sérgio Rial, Altamir Silva, Pedro Camargo Neto, Deborah Vieitas, Algo Luiz Mendes, Oscar Bernardes, Márcia Marçal dos Santos, Eduardo Picetti, Augusto Cruz e Flávia Bittencourt. Os dois últimos fazem parte do atual conselho.

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