Último debate dos candidatos à Presidência da República, na noite desta quinta-feira, teve agressividade acima do esperado. E, mais uma vez, quem decide investimentos não teve, nos embates de perguntas, esclarecimentos sobre temas relevantes da economia, em especial qual será o limite de gastos na próxima gestão federal.

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Faltaram respostas também para medidas econômicas na área social e outras. A chuva de críticas no debate deixou evidente ainda que corrupção e vantagens políticas continuam sendo problemas relevantes no país.

A principal dúvida do mercado é sobre qual será a política fiscal do candidato líder das pesquisas, Luíz Inácio Lula da Silva (PT). Ele acabou não sendo questionado sobre esse tema. Assim, os eleitores terão que ir às urnas considerando somente os sinais de que haverá algum limite caso o ex-presidente seja o vencedor.

Essa dúvida persiste também sobre eventual governo de Jair Bolsonaro (PL), segundo colocado nas pesquisas. Isso porque o teto de gastos foi rompido diversas vezes este ano para a aprovação de medidas visando mais votos a ele na eleição.

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Ainda sobre esse tema, a equipe econômica de Lula adiantou que pretende buscar um equilíbrio entre política fiscal, política social e investimentos produtivos.

Foi na primeira parte do debate, a mais crítica, que Lula e Bolsonaro falaram sobre as políticas sociais dos seus governos. O petista decidiu reforçar ações dos seus governos anteriores e não disse, como em outras oportunidades, que manterá os R$ 600 para as famílias que recebem a ajuda mensal federal. Seu oponente falou que vai manter os R$ 600 e ainda acrescentar R$ 200 para quem conseguir emprego.

Outro consenso do setor empresarial é de que o país precisa fazer agora a reforma tributária. Faltou também abordagens claras sobre esse tema no debate. Enquanto a proposta do governo de Jair Bolsonaro envolve somente impostos federais e não foi aprovada, a equipe de Lula promete fazer uma reforma que facilite para os negócios, mas que vai cobrar carga maior de impostos de quem ganha mais.

O petista se saiu bem ao prometer levar o país, novamente, a um maior protagonismo internacional, com ações de preservação do meio ambiente e outras. Nesse aspecto, também falou da projeção que o país alcançou nas suas gestões anteriores. Bolsonaro falou em redução da inflação. De fato, o mercado espera que, se ele vencer, será possível baixar a taxa Selic mais rápido.

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Os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’Ávilla (Novo) conseguiram apresentar mais propostas econômicas, apesar de também protagonizarem momentos de críticas. Também participaram do debate, os candidatos Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelman (PDT).

O mercado insiste na questão fiscal (teto de gastos) porque se o governo desequilibra contas, gera inflação, crise e baixo crescimento, o que inviabiliza investimentos porque o consumo futuro fica limitado. Como a polarização entre Lula e Bolsonaro segue em evidência nas pesquisas, quem olha para a economia terá que decidir o voto considerando mais o passado dos dois candidatos do que as propostas futuras.