Com objetivo de centralizar vendas para ganhar escala nacional e internacional, mais de 40 pequenos e médios frigoríficos de Santa Catarina se uniram em cooperativa e criaram uma marca coletiva de carnes e derivados, a Saborense. Entre as estratégias está manter diferenciais de sabores de receitas artesanais familiares passadas de pais para filhos, valorizando a cultura local, a exemplo de projetos semelhantes na Europa. Os produtos com a nova marca vão chegar para os consumidores catarinenses no final de outubro.
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A apresentação do projeto e dos primeiros produtos foi realizada na noite desta quinta-feira, na Ponta D’Agulha Costelaria, em Florianópolis, com a presença de autoridades e empresários. O lançamento para o mercado será durante a Exposuper Acats 2021, de 26 a 28 de outubro, na Expoville, em Joinville,
Quatro agroindústrias – Frigorífico Helbing, Embutidos Lamb, Letavo Alimentos e Frigorífico Primevo – são as primeiras a fabricar com a marca Saborense. As demais vão aderir gradualmente e outras podem entrar.
De acordo com o empresário Wolmir de Souza, um dos articuladores do projeto, o movimento que resultou na Cooperativa de Produção e Consumo Saborense começou há mais de cinco anos com a fundação da Associação de Agroindústrias Alimentícias de Santa Catarina (Asaasc) em 2016, sediada em Concórdia. O objetivo foi discutir alternativas para agregar mais valor aos produtos de pequenas agroindústrias e conseguir mais oportunidades de comercialização.
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A primeira instituição apoiadora foi o Sebrae/SC, que começou com assessoria liderada pelo executivo Ênio Parmeggiani, da região Oeste. Hoje, além do Sebrae colaboram com o projeto o Instituto Nacional da Carne Suína (INCS), as entidades do Sistema “S” do Estado Senar, Senai e Senac, mais a Universidade de Chapecó (Unochapecó).
A escolha da marca Saborense pela associação é uma homenagem aos sabores de alimentos catarinenses, ao unir a palavra “Sabor” com o final de “Catarinense”. Entre os produtos aprovados para serem lançados estão diversos tipos de salames, copa, linguiças (de suíno, ovelha e cabrito), hambúrguer de costela, bacon, morcilia, costela janela, leitão inteiro e carne de cordeiro. Há, também, uma linha de queijos (itálico ao vinho, gouda e parmesão).
– Esse projeto é a soma de objetivos, mas acima de tudo, é uma busca por oportunidades. Vivemos um tempo de dificuldades, onde a concorrência faz parte do dia a dia e nos perguntamos até onde as nossas pequenas marcas, até onde a nossa história vai conseguir ser vendida. Numa viagem que fizemos à Europa conhecemos pessoas que não embalam simplesmente produtos, eles embalam a história deles. Aí nós percebemos que estamos perdendo de contar a nossa história, de gerações, porque não conseguirmos ter uma grande marca e atingir uma grande rede porque nossa produção é pequena – afirmou Wolmir de Souza, na apresentação do projeto.
Segundo ele, um dos grandes desafios é ajustar os frigoríficos dentro das normas para obter selo de qualidade. O objetivo maior é que todos tenham selo de inspeção federal (SIF) para também exportar. Mas, por enquanto, as empresas têm selo estadual, o que permite vender em Santa Catarina e em outros estados, conforme a especificação do selo obtido.
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Entre as autoridades presentes na apresentação desta quinta-feira estavam o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon; deputado estadual Marcos Vieira; vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faesc), Enori Barbieri; presidente da Cidasc, Plinio de Castro; superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca; e o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro.
Para o secretário Luciano Buligon, esse projeto é promissor porque traz dois grandes valores do Estado. Um deles é o do cooperativismo e do associativismo, que melhor distribui e divide renda. O outro valor é preservar os sabores de SC, Estado que mais transforma proteína vegetal em proteína animal no mundo, considerando as receitas familiares.
O deputado Marcos Vieira alertou sobre a necessidade de certificar rapidamente essas empresas com o selo de inspeção estadual para que possam vender pelo menos em todo o Brasil. Para exportação, é preciso selo de inspeção federal.
Na avaliação de Enori Barbieiri, o grande desafio das agroindústrias de carnes, atualmente, é equacionar os custos de produção diante dos altíssimos preços da alimentação animal, com milho custando mais de R$ 100 por saca. Segundo ele, Santa Catarina, pela importância da agroindústria, precisa criar condições que garantam maior produção de milho para reduzir o déficit dos últimos anos.
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