Nas últimas duas décadas, de 2000 a 2020, o sociólogo italiano Domenico De Masi, autor da teoria do Ócio Criativo, que faleceu neste sábado, veio diversas vezes para Santa Catarina e fez amigos no Estado. Entre eles, a senadora Ivete da Silveira (MDB) e o ex-ministro do Turismo e presidente do conselho do Grupo Wish Hotéis, Vinícius Lummertz, que falaram para a coluna sobre essa convivência.

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Lummertz conta que a aproximação dele com De Masi começou a partir do fim dos anos de 1990, quando ele era diretor técnico do Sebrae Nacional e a instituição contratou o sociólogo para colaborar em planejamento estratégico.

Essa amizade seguiu até os dias atuais. Foi Lummertz quem convidou De Masi para fazer palestra na reunião do Lide da última quinta-feira em Milão. O sociólogo confirmou, mas há mais de uma semana a esposa Susi ligou informando que ele não podia estar pessoalmente porque esperava resultado de um exame de saúde, sem especificar que doença ele tinha.

Neste sábado também não foi informada a causa do falecimento. O jornal italiano Corriere Della Sera revelou que De Masi tinha uma doença invasiva, identificada em exame de rotina feito em 15 de agosto e que os médicos informaram que não teria muito tempo de vida. Em nota, Lummertz comentou o falecimento do amigo:

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– Recebo como um grande golpe de tristeza para a sua amada Susi del Santo, seus familiares e amigos, além dos milhares de fãs leitores e seguidores – todos nós apaixonados pela sua inteligência e amor pela vida e pela humanidade. Fez uma fala gravada anteontem para o nosso evento do Lide em Milão. Pediu desculpas por não poder participar pessoalmente …. Estava esperando resultados de exames que me disse esperar que viessem bons. Não vieram. Assim se vai nosso “Mimmo”, uma das figuras mais lindas que o mundo produziu nos últimos anos – escreveu o ex-ministro.

Um dos trabalhos que De Masi fez para o Sebrae Nacional foi a Pesquisa Cara Brasileira, A brasilidade nos negócios – Um caminho para o “made in Brazil”. Também escreveu “2025 – Caminhos da Cultura no Brasil” com base em pesquisa de 2015, destaca Lummertz.

– Para De Masi, na época pós-industrial, máquinas e equipamentos trabalhariam mais para os humanos. Isso seria uma libertação para as pessoas terem mais tempo livre para celebrar a vida, para o belo, para o prazer da cultura. E que isso é uma nova economia – comentou ele sobre o pensamento do professor que foi responsável pela disciplina de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza, em Roma.

O ex-governador de SC, Luiz Henrique, e De Masi (Reprodução Rede Social)

A senadora Ivete da Silveira, viúva do ex-governador Luiz Henrique da Silveira (2002 a 2010), revelou que as diversas vindas de Domenico De Masi para projetos do governo em SC resultaram numa grande amizade entre eles. Disse que ficou muito triste com a partida do sociólogo, que era como uma pessoa da família. Na foto acima, o ex-governador Luiz Henrique com De Masi.

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– Eu admirava nele cada palavra que dizia, cada frase era um aprendizado. Eu e o Luiz Henrique ficamos muito amigos dele, tanto que quando vinha para o Brasil, para Santa Catarina, ele ficava hospedado na nossa casa. O livro Ócio criativo parece que abriu as portas para o Luiz Henrique fazer muitas inovações na época que ele era governador. O livro tem mensagem sobre trabalho, economia e também sobre turismo e cultura para a pessoa trabalhar com alegria – comentou a senadora.  

Entre os momentos marcantes dessa amizade, ela destaca a inauguração em 2010 do Teatro de Ravello, na Itália, um projeto de Oscar Niemeyer, também amigo de De Masi, que contou com apresentação de alunos do Teatro Bolshoi de Joinville. Na época, o sociólogo era secretário de Turismo de Ravello, realizava um festival anualmente e sempre convidava o governador Luíz Henrique para fazer uma palestra no evento.

Para Ivete, também foi marco dessa amizade a participação de De Masi como palestrante no Congresso Mundial de Viagens e Turismo, realizado pelo conselho mundial do setor, o WTTC, no Costão do Santinho, em Florianópolis, em 2009. E como era um socólogo de projeção mundial, ele foi convidado para participar de campanha de divulgação do turismo do Estado no exterior.

A vida contada em horas

Inteligente e brilhante comunicador, De Masi chamava a atenção por destacar uma informação sobre a matemática da vida. Ele gostava de dizer a média de horas de vida das pessoas no mundo.

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Em evento no qual fez palestra ao lado de Lummertz, em 2018, no Costão do Santinho, sobre o futuro do turismo, ele afirmou que naquele ano, a média de vida estava em 727 mil horas e, em 2030, chegará a 788 mil horas.

Como ele faleceu neste sábado, aos 85 anos, sete meses e nove dias ele viveu 749.586 horas, ou seja, ficou na média intermediária entre a de 2018 e 2030.

 Naquele evento, ele também disse que quando envelheciam, as pessoas ficavam, em média, dois anos muito doentes. Mas ele não passou por isso, trabalhou até alguns dias antes do falecimento, ao fazer um vídeo para a conferência do Lide em Milão, realizada quinta e sexta-feira da última semana, no feriadão de 07 de setembro.  

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