Nas entrevistas ao Jornal Nacional, apesar de pressionados sobre grandes polêmicas dos seus mandatos, tanto Luiz Inácio Lula da Silva, quanto Jair Bolsonaro aproveitaram para trocar farpas sobre um tema relevante para a baixa renda do Brasil, o auxílio emergencial. Ambos prometem continuidade do auxílio de R$ 600, o que tranquiliza famílias contempladas, mas preocupa o mercado ao mesmo tempo que traz um certo otimismo também ao setor produtivo.
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Ao falar sobre orçamento na entrevista ao JN nesta quinta-feira (25), Lula disse que Bolsonaro parece um bobo da corte. Aumentou o auxílio emergencial para R$ 600, queria R$ 200 enquanto a esquerda queria R$ 600, mandou R$ 500 e depois mandou R$ 600. O petista questionou a falta de continuidade para 2023, enfatizando a não inclusão do auxílio na LDO que foi para o Congresso Nacional agora.
Quando concedeu a entrevista ao JN segunda-feira (22), Bolsonaro também entrou na polêmica do auxílio emergencial. Disse que o PT discursou contra os R$ 600 para o auxílio a partir de agosto, mas votou favorável pela questão política dele. Bolsonaro estava se referindo à série de críticas que recebeu pelos esforços que seu governo fez para viabilizar as votações das PECs dos Precatórios e Eleitoral, que exigiram alteração de leis para viabilizar mais gastos em ano eleitoral.
Se esse tema foi valorizado nas entrevistas, deve ganhar espaço maior nos programas do horário eleitoral, quando ambos tenderão a enfatizar que darão continuidade ao pagamento dos R$ 600 no ano que vem.
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Mas investidores e empresas acompanham esses temas com interesses diversos. O mercado reconhece que o Brasil precisa conceder auxílio à população vulnerável, mas espera que isso aconteça com equilíbrio das despesas públicas, respeitando um teto de gastos. Sem isso, os pilares do equilíbrio macroeconômico podem não ser sustentáveis, o que mantém o país com crescimento pífio ou leva à recessão.
Existe um outro fato também. O auxílio de R$ 600, apesar de insuficiente para parte das famílias, é um valor que aquece a economia, especialmente a venda de alimentos, produtos para o lar e até de materiais de construção para pequenas reformas. Embora o número de famílias contempladas seja bem menor do que as de 2020, é um dinheiro que movimenta diversos setores da economia nacional.
O que se espera é que o novo governo federal siga pagando o auxílio emergencial, mas com um limite para gastos para que os investimentos e o crescimento possam acontecer. Até agora, nem Lula nem Bolsonaro informaram como buscarão uma solução para o equilíbrio fiscal. Essa é uma das principais dúvidas do mundo econômico.