Acompanhada atentamente pelos setores econômicos, em especial da indústria, a eleição americana que traz de volta Donald Trump à presidência, motiva análises de lideranças. O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Gilberto Seleme, a presidente da Câmara de Comércio Exterior da entidade, Maria Teresa Bustamente, e o economista-chefe da federação, Pablo Bittencort falaram sobre cenários com esse resultado.
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Para Gilberto Seleme, a estratégia de competição tarifária prometida por Donald Trump para enfraquecer a economia da China pode abrir oportunidades para mais exportações do Brasil e de SC aos Estados Unidos. Ele também considera positivo ter na Casa Branca um empresário que acredita na livre iniciativa, mesma posição da indústria de SC.
– Uma resposta chinesa, fechando o mercado para produtos norte-americanos, abriria espaço às vendas de commodities e de produtos da nossa agroindústria à China, já que os Estados Unidos são um grande exportador destes itens – estimou Gilberto Seleme.
Ele lembra que Trump elevou em 25% as tarifas para produtos de madeira chineses e isso favoreceu exportações do Brasil (Santa Catarina) e do Vietnã. Fez o mesmo com motores elétricos, transformadores e geradores, o que favoreceu diretamente SC. E o governo de Joe Biden elevou tarifas de equipamentos, outra medida que ajudou empresas do estado.
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Para a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, a economista Maria Teresa Bustamante, a expectativa é de crescimento de exportações aos Estados Unidos, tanto do Brasil, quanto de SC. Ela destaca que desde 2018, industriais catarinenses participam do programa Intercomp Fiesc, voltado ao aumento da competitividade da indústria de SC no exterior.
– O volume de comércio está em curva ascendente aos EUA, o que comprova esse ganho de maior poder competitivo com concorrentes locais e de vários lugares – observa Maria Teresa Bustamente.
Ela reconhece, no entanto, os planos manifestados por Donald Trump na campanha, de dar maior ênfase ao protecionismo com aumento de impostos de importação. Mas acredita que ele terá que ter cuidado para não afetar ainda mais o consumidor americano com inflação alta.
– O que é relevante é que estamos falando de uma economia e de um país que apresenta sérias mudanças em seu perfil de relacionamento com o mundo e com as estruturas de comércio digitais. Por isso, o que os industriais catarinenses devem é analisar o que os torna diferentes, relevantes e com identidade dentro de um mercado global cada vez mais desafiador para ajustar o modelo de negócio a nova realidade ambiental, digital e de consumo. O comércio não tem cor, partido ou preferência de candidato. Ele exige, cada vez mais investir em conhecer o concorrente, o consumidor e as variáveis competitivas –alertou Maria Teresa Bustamante.
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O economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, alerta para as promessas de Donald Trump de aumentar tarifas de comércio internacional como forma de promover empregos nos Estados Unidos, de adotar uma política mais limitadora da migração de fazer cortes de gastos, o que pode incluir além de redução de gastos, redução de impostos.
– A combinação de aumento de tarifas com restrições à migração ou com aumento das restrições à migração gera uma expectativa no mercado de aumento de preços nos EUA, tanto pelo aumento dos preços importados, pelo aumento de tarifas, como por uma pressão salarial que uma menor oferta de trabalho possa causar. Então, a reação de curto prazo no mundo todo deve ser um fortalecimento do dólar e um enfraquecimento das moedas emergentes porque se espera que a inflação vai ficar mais alta nos Estados Unidos, vai ter mais dificuldades de cair preços e aí o juro tende a ficar mais alto – explicou Pablo Bittencourt.
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