Maior pandemia dos últimos 100 anos, a Covid-19 causou e ainda provoca impactos econômicos e sociais profundos em todo o mundo. Com o propósito de contar uma parte essencial disso, um grupo de 24 autores do Brasil (veja lista no fim desta matéria), sob a coordenação do professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lauro Mattei, acaba de lançar o livro “O legado econômico e social da Covid-19 no Brasil e em Santa Catarina”.
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A obra trata das consequências econômicas e sociais da Covid-19, tanto no Brasil, quanto em Santa Catarina. São sete capítulos de autores brasileiros, de diferentes universidades. Nesse grupo estão, por exemplo, Marcelo Neri, da FGV e Márcio Pochmann, ex-presidente do o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As análises são do ponto de vista econômico e social.
– Do ponto de vista econômico, foram abordados impactos nas atividades econômicas. No ponto de vista social, foram considerados impactos sobretudo no emprego, na pobreza e na fome. Além disso, tem capítulo específico sobre a educação, com uma análise sobre os impactos na estrutura educacional do país – explicou o professor Lauro Mattei, que é pós-doutor em economia pela Universidade de Oxford e coordenador geral do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense ( Necat-UFSC).

Sobre Santa Catarina, a obra aborda os efeitos econômicos e sociais no Estado. A maior parte dos estudos resultou do trabalho de quase três anos do núcleo Necat-UFSC, que acompanhou dados do Estado, principalmente as pesquisas feitas pelo IBGE. O primeiro capítulo trata de impactos sobre agricultura e a inflação resultante disso para os consumidores.
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– Em linhas gerais, considerando somente Santa Catarina, vemos que os impactos são diferenciados do ponto de vista econômico, uma vez que comércio e indústria, mesmo afetados, eles já reagiram após o primeiro ano da pandemia, 2020. O setor de serviços, que é mais importante, demorou mais para reagir em função da sua natureza, que exige atividades voltadas ao consumo e, na sua grande maioria, requer a presença das pessoas – disse o professor.
Por isso, ele destaca que as quatro grandes atividades econômicas – agricultura, indústria, comércio e serviços – hoje já estão em um nível melhor do que no início da pandemia.
Mas do ponto de visa social, ele alerta que a situação é diferente porque as consequências da pandemia ainda são grandes. Mesmo que o emprego tenha se recuperado, isso ocorreu fortemente em níveis de renda mais inferiores e também no mercado informal de trabalho.
– A pobreza, como nós mostramos, também avançou no Estado, não tão fortemente como no país, mas também avançou em Santa Catarina. Então, o livro, basicamente, trata desses grandes temas e é uma base de informações para quem quer discutir a situação da economia e a situação social de SC a luz do que aconteceu na pandemia – destacou Lauro Mattei.
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Um dos capítulos do livro mostra a evolução da pobreza em Santa Catarina nos anos da pandemia. Com base em dados do IBGE, destaca que em dezembro de 2019, SC tinha 536 mil pessoas na pobreza e 107 mil na extrema pobreza. No fim do segundo ano da pandemia, em 2021, estava com 745 mil na pobreza e 227 mil na extrema pobreza.
Um dos autores do livro é o economista Rogério Goulart Junior, que analisou o impacto da pandemia na oferta de alimentos. Segundo ele, o setor produtivo não teve restrições para trabalhar durante a pandemia, mas enfrentou custos elevados em função da oferta de insumos mais caros e de secas. Isso pesou para os consumidores, que sofreram com inflação dos alimentos.
Os autores do livro “O legado econômico e social da Covid-19 no Brasil e em Santa Catarina” são: Alexandre Luís Giehl, Amélia Cohn, Cristine Garcia Gabriel, Guilherme Ronchi Razzini, Haroldo Tavares Elias, Jurandi Teodoro Gugel, Lauro Mattei, Marcelo Neri, Márcio Pochmann, Marcos Dantas Hecksher, Marília Rosália Cordeiro Antas de Souza, Matheus Souza da Rosa, Mick Lennon Machado, Milena Corrêa Martins, Murilo Lyra Pinto, Natália Fabiana Lima de Queiroz, Nilson Maciel de Paula, Ricardo Luiz Chagas Amorim, Rogério Goulart Junior, Rosa Maria Ferreiro Pinto, Roseane Amorim da Silva, Silvia Aparecida Zimmermann, Tiago Oliveira e Vicente Loeblein Heinen.
A obra, publicada pela Editora Insular, de Florianópolis, foi lançada durante um painel, com debates, no Centro Socio Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), dia 21 de março. Interessados já podem adquirir em livrarias, com preço sugerido de R$ 60.
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