O grande desafio das cidades é se tornarem cada vez melhores para as pessoas. Atualmente, cerca de 54% da população mundial vive em áreas urbanas segundo relatório da ONU. Em 2050 serão 66%. Por isso o empenho para ser smart city (cidade inteligente) mediante a adoção intensiva de tecnologias é crescente. Joinville, a maior cidade catarinense, com perto de 600 mil habitantes e 410 mil veículos, surpreende o setor de tecnologia nacional e internacional com a criação de um big data voltado à gestão da mobilidade urbana.
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O case da cidade, que usa o Waze for Cities com o Google Cloud e outras soluções foi apresentado pelo secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do município, Danilo Conti, no evento Google for Brasil, nesta quinta-feira (06/06), em São Paulo. A solução chama a atenção porque reúne uma série de dados que são analisados e embasam decisões que permitem melhorar o trânsito. Antes disso, o sistema da cidade catarinense já foi apresentado em quatro eventos internacionais: Yokohama, no Japão; Stuttgart, na Alemanha; em Buenos Aires, Argentina; e na cidade do México.
Joinville criou um Big Data voltado à gestão da mobilidade, numa parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade de São Paulo (USP). Nesse banco de dados, inclui diversas informações como as de radares de trânsito, acidentes, engarrafamentos e dados do Waze, que é um sistema do Google. Conforme o secretário Conti, as informações do Waze são as mais ricas porque chegam à central a cada dois minutos.Com base nesse conjunto de dados, a equipe técnica da prefeitura desenvolveu uma metodologia dentro da gerência de mobilidade para tornar as decisões no sistema viário mais científicas.
Essa metodologia inclui o registro das vias mais críticas em tráfego, medição do tamanho da fila e velocidade média. O atraso nos deslocamentos de origem e destino das pessoas é calculado com um sistema gratuito alemão chamado SUMO, que é usado em aulas no curso de engenharia da mobilidade da UFSC Joinville.
— A primeira coisa que a gente faz é desenhar nesse ambiente de simulação um quadro real da cidade. A hora que o sistema de simulação bate com os dados do Waze, a gente considera a simulação calibrada. A partir daí, dentro do simulador, a gente começa a traçar os cenários possíveis dentro do orçamento que o município tem para fazer melhorias. Aquele que tiver o melhor desempenho na redução do tempo de deslocamento com a melhor segurança viária a gente implementa. É uma análise dos engenheiros de mobilidade. Depois, o Waze ajuda a medir o quanto a decisão melhorou a vida da cidade – diz Conti.
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Nessas análises, os engenheiros simulam inclusão de semáforo, retirada de semáforo, instalam rotatórias, viadutos e outras melhorias. A criatividade dentro da tecnologia é o limite. Os cálculos permitem considerar também a redução de emissões de CO2.
— Somos a única cidade da América Latina que pega esses dados, transfere para um ambiente de simulação, toma decisões e implementa. Um exemplo de melhoria de trânsito que realizamos com esse modelo é o do cruzamento da rua Ottokar Doerffel. As pessoas tiveram uma redução de nove minutos por trajeto. A repercussão foi muito positiva – explica ele.
A mudança foi transformar uma quadra numa rotatória que significou três dias e sete horas a menos para cada passageiro dentro do carro e um ganho de produtividade de R$ 1,08 bilhão por ano.
O desafio de Joinville, agora, é levar as melhorias do uso da tecnologia para toda a cidade. A equipe técnica avalia que está evoluindo todo dia. Segundo Conti, o santo grau da mobilidade é a matriz origem-destino da cidade inteira, calibrada a cada dois minutos. É isso que está sendo buscado em parceria com a UFSC e a USP.
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Com o uso de dados, a maior cidade catarinense está conseguindo melhorar o trânsito sem grandes obras. Com isso, economiza recursos públicos. É um exemplo a ser seguido.