Ao divulgar o balanço geral do setor industrial catarinense em 2021 na última semana, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, aproveitou para fazer um alerta diferente, embora evidente. Afirmou que a indústria é fundamental para a democracia ao dar dignidade às pessoas por meio do emprego. É mais uma forma de chamar a atenção a um setor estratégico para o país, mas que não tem a atenção necessária da classe política. Assim, vai recuando em berço esplêndido.

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– A indústria é o motor do desenvolvimento. Ela gera empregos e movimenta todos os setores da economia. Por isso, ela é fundamental também para a democracia, pois são os postos de trabalho que conferem cidadania e dignidade às pessoas. E não há emprego sem o empresário – disse Aguiar na entrevista à imprensa, após ter abordado o tema também anteriormente, no evento de entrega das medalhas do Mérito Industrial em novembro.

O presidente da Fiesc fala com convicção sobre isso porque o Estado é o mais industrializado do país, que puxa outros setores da economia em todas as regiões. A pesquisa mensal do IBGE apurou que SC liderou a produção nacional do setor no ano, até outubro, com alta de 13,8%.

A indústria de SC responde por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 34% dos empregos formais no Estado. Considerando o total de trabalhadores ocupados em SC, 3,717 milhões, incluindo os informais, o setor industrial responde por 24,4% das oportunidades de trabalho, a maior parte considerando comércio, serviços, atividades públicas e outras.

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Enquanto isso, na média nacional, a indústria de transformação que respondia por 11,79% do PIB em 2010, teve recuo para 11,30% em 2020, segundo o Instituto Estudos ao Desenvolvimento Industrial (IEDI). E o IBGE mostrou que o país perdeu 28.700 indústrias entre 2013 e 2019. Isso sinaliza desindustrialização, principalmente pela dificuldade para competir com empresas do exterior.

Apesar de ser um exemplo à parte, Santa Catarina chama a atenção para as necessidades de melhores condições para o setor industrial competir no país e no mundo. Um país continental, riquíssimo em matérias-primas, não deveria abrir mão de uma indústria forte. Emprego melhora a dignidade, dá mais liberdade às pessoas e isso é bom para consolidar a democracia. Os gestores políticos não podem fechar os olhos para isso. Entre as prioridades do setor estão carga tributária adequada e logística de qualidade para poder competir.