As estatísticas do Brasil repetem uma informação de impacto social preocupante: os jovens são os que mais têm dificuldades para acessar o mercado de trabalho. O Instituto Comunitário Grande Florianópolis (Icom), em seu novo relatório Sinais Vitais, lançado quinta-feira, alerta que a maioria dos jovens da Capital não consegue vagas no programa Menor Aprendiz. Para colaborar em soluções de empregabilidade, o instituto apresentou o projeto Tectrampo, que em parceria com empresas de TI, oferece renda, apoio e formação para estudantes seguirem carreira no setor de tecnologia, um dos mais fortes da economia atual.
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O projeto-piloto Tectrampo começou com o Involves Zero, fundo social da empresa Inovolves. Foram inscritos jovens entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo e renda per capita de até um salário mínimo. Segundo a coordenadora do projeto no Icom, Larissa Boing, o programa oferece bolsa de R$ 1.100, mais assistência educacional e psicológica. Foram selecionados três estudantes nessa primeira etapa.
Entre os dados relevantes do novo relatório Sinais Vitais, estão o fato de apenas 32% dos jovens interessados em trabalhar como menores aprendizes terem conseguido vaga em Florianópolis. De um total de 15 mil jovens, 7 mil estavam interessados em vagas e apenas 2.265 alcançaram uma colocação. Além disso, o desemprego dos jovens entre 18 e 24 anos estava em 35%. Para essa fotografia de Florianópolis, o Icom usou os últimos dados disponíveis, de 2018.
Mas o problema pode até ter piorado na Capital com a pandemia. Essa questão do emprego de jovens segue crítica no Brasil, segundo o IBGE. No segundo semestre deste ano, o desemprego na faixa etária de 14 a 17 anos estava em 43,2% enquanto para os jovens de 18 a 24 anos, ficou em 29,5% para uma média nacional de 14,1%.
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A presidente do Icom, Paula Schommer, destaca que o programa Menor Aprendiz e o Tectrampo consistem em oportunidades importantes para a carreira dos futuros profissionais. Segundo ela, o relatório Sinais Vitais mostra os desafios e a necessidade de soluções em escala maior porque os jovens e adolescentes de Florianópolis representam 25% da população da cidade.
– Apesar dos bons indicadores de qualidade de vida da cidade, ainda temos diversas iniquidades sociais, que são injustas, evitáveis e que afetam a vida de muitas pessoas. Esse diagnóstico do Icom traz a importância da inserção de adolescentes e jovens no mundo do trabalho. Uma inserção em boas condições, com direitos respeitados, qualificação constante, como um caminho para gerar oportunidades capazes de reduzir esse cenário desigual – afirmou a presidente do Icom.
Mais inserção na tecnologia
O vice-presidente de Talentos da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Moacir Marafon, falou sobre o potencial de empregos no setor e iniciativas para formação de profissionais. Ele lembrou que Santa Catarina é o 4º maior polo de empresas de tecnologia do Brasil embora esteja em 20º lugar em área territorial e em 11º em população. No primeiro semestre deste ano, o Estado abriu 624 empresas no setor de TI e registrou saldo de 8,2 mil novos empregos na área.
– Florianópolis tem a maior concentração de empresas de tecnologia por 1.000 habitantes do país. Ao todo, são 3.800 empresas no município e um dos desafios é a falta de profissionais qualificados. No Brasil, temos mais de 14 milhões de desempregados enquanto o setor de tecnologia tem um déficit nacional de 25 mil profissionais por ano. Em SC, estudo da Acate apurou que empresas de TI vão contratar 17 mil pessoas até 2023, sendo a metade de desenvolvedores de softwares – citou Marafon.
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Mas a formação de pessoas ao setor está melhorando em SC, observa o empresário. Estão em andamento projetos em parceria com o Senai, o Senac, o sindicato patronal, Prefeitura de Florianópolis e polos de tecnologia. Assim, este ano, serão formados mais 2.000 programadores para o setor.
Outra informação destacada por Marafon foi sobre cenários ao futuro do trabalho. Estudo do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos estimou que 65% dos jovens que estudam no ensino fundamental, hoje, vão trabalhar em atividades que ainda não existem. Por isso, é importante formar os jovens para a área de tecnologia e em soft skills, ou seja, atividades voltadas ao comportamento humano.
O evento de lançamento dos Sinais Vitais, apresentado pelo jornalista Edsoul Amaral, da NSC Comunicação, teve também as participações de outras lideranças, entre as quais a secretária municipal de Assistência Social, Maria Cláudia Goulart da Silva, e o procurador do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina, Luciano Arlindo Carlesso.
O novo relatório Sinais Vitais, lançado pelo Icom pode ser acessado aqui.