Apesar de o mundo esperar o fim imediato da guerra Rússia-Ucrânia, ela tende a continuar por mais alguns meses e gerar impacto econômicos negativos por cerca de cinco anos. Foi isso que sinalizou o economista-chefe do Banco do Brasil, Marcelo Rebelo Lopes, no Encontro Empresarial da Acijs, Jaraguá do Sul, o primeiro evento da nova diretoria da entidade, liderada pela jovem empresária Ana Clara Franzner Chiodini.

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– A gente não vai ter uma resolução definitiva do conflito no curto prazo. Até o final da primeira metade do ano ainda vamos conviver com notícias muito ruins vindas da Europa. Ainda haverá muita violência. E as sanções econômicas à Rússia, ao redor do mundo, serão mais duradouras – disse o economista.

Isso significa também que o impacto dos efeitos do conflito nos preços das commodites mundiais pode se estender por cerca de cinco anos, estimou ele, com base em análises da equipe técnica do banco, a partir de informações de consultorias internacionais. Marcelo Rebelo esteve em Santa Catarina esta semana, quando falou para empresários de Jaraguá segunda-feira, e também na Associação Empresarial de Itajaí, terça-feira.

Sobre a tendência para o câmbio, o economista disse que o real teve uma apreciação acima da média mundial desde o início deste ano, mas a expectativa é de que terá desvalorização, principalmente no segundo semestre, em função da alta dos juros básicos nos Estados Unidos e da eleição brasileira. Por isso, o Banco do Brasil prevê que o dólar fechará o ano em torno de R$ 5.

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De acordo com ele, entre os dados da economia brasileira, um que preocupa é o alto endividamento das famílias, que pode elevar a inadimplência. Esse problema não acontece nas grandes empresas, que mostram em seus balanços endividamento sob controle e, também pode não afetar as pequenas empresas, mesmo que tenham que enfrentar uma Selic maior para pagar empréstimos feitos na pandemia.

Quanto ao desempenho da economia brasileira este ano, Rebelo disse que a projeção do BB é de alta de 0,9%, concentrada basicamente no primeiro semestre. Segundo ele, o banco projetou crescimento de 0,4% do PIB no primeiro trimestre, de 0,6% no segundo, recuo de -0,3% no terceiro e de -0,5% no quarto trimestre.

Economista-chefe do Banco do Brasil diz que instituição prevê alta de 0,9% para o PIB do país, este ano
Economista-chefe do Banco do Brasil diz que instituição prevê alta de 0,9% para o PIB do país, este ano (Foto: BB, Divulgação)

Mas em função dos diferentes perfis econômicos dos estados brasileiros, o crescimento será diferente, em especial pelo impacto dos preços das commodities. Para SC, a estimativa do banco é de alta de 0,4% do PIB este ano, abaixo da média nacional. Isso porque a economia do Estado será mais impactada pela alta inflação, que para o BB subirá 7,84% este ano, e pelos juros básicos que chegarão a 12,75%, com a próxima alta no início de maio. Isso tende a reduzir vendas a prazo, principalmente no Sul e Sudeste.

Segundo Rebelo, pelas projeções do banco, o maior crescimento de PIB no país, este ano, de 3%, será na região Centro-Oeste em função do agronegócio. Na Região Sul, a alta será de 0,1%, no Sudeste 0,6%, no Nordeste 1,3% e no Norte 1,2%.

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