Santa Catarina começa a ser impactada com a guerra entre Ucrânia e Rússia quase que imediatamente. Os bancos europeus e americanos cortaram relações com a Rússia, o que impede pagamentos e recebimentos temporariamente. Mas as consequências vão se estender mais porque pode haver atraso nas entregas de cargas, os preços dos combustíveis estão tendo alteração e há prejuízo nas exportações agropecuárias no futuro porque essa guerra pode ter um pano de fundo na produção agrícola da região. 

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Segundo dados do Observatório Fiesc, no ano passado, SC exportou para a Rússia US$ 101,16 milhões e importou quase o dobro, US$ 194,30 milhões. As transações com a Ucrânia foram menores em 2021, com exportações de US$ 5,83 milhões e importações de US$ 27, 18 milhões. Além de insumos, os negócios envolvem produtos industrializados e carnes.

Conforme apuração do Observatório, as importações da Rússia responderam por 0,78% das compras de SC no exterior em 2021. Os itens que lideraram foram fertilizantes nitrogenados (US$ 82,24 milhões), borracha sintética (US$ 17,62 milhões), níquel em formas brutas (US$ 12,45 milhões), aços laminados planos (US$ 7,52 milhões) e Fertilizantes potássicos (US$ 5,85 milhões).

As exportações foram lideradas por carnes de aves (US$ 41,83 milhões), gelatina (US$ 13 milhões), motores elétricos (US$ 11,46 milhões), tabaco (US$ 6,71 milhões) e máquinas para madeiras (US$ 5,68 milhões).

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Para a Ucrânia, as maiores exportações foram de tabaco (US$ 4,05 milhões), bombas de ar (US$ 564 mil) e US$ máquinas agrícolas (US$ 348 mil). Os itens mais importados foram polímeros de cloreto de vinilo – PVC (US$ 13,14 milhões), laminados planos de ferro ou aço (US$ 4,70 milhões), tubos de ferro (US$ 3,92 milhões) e tubos de plástico (US$ 2,55 milhões).

Homem usa tapete para cobrir o corpo de uma vítima de bombas russas
Homem usa tapete para cobrir o corpo de uma vítima de bombas russas – (Foto: Aris Messinis / AFP)
Explosão em Kiev, capital da Ucrânia.
Explosão em Kiev, capital da Ucrânia. – (Foto: Gabinete do Presidente da Ucrânia / Divulgação)
O corpo de um foguete preso em um apartamento após recente bombardeio nos arredores do norte de Kharkiv em 24 de fevereiro de 2022.
O corpo de um foguete preso em um apartamento após recente bombardeio nos arredores do norte de Kharkiv em 24 de fevereiro de 2022. – (Foto: Sergey Bobok / AFP)
Bombeiros trabalham em um incêndio em um prédio após bombardeios na cidade de Chuguiv, no leste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, enquanto as forças armadas russas tentam invadir a Ucrânia de várias direções, usando sistemas de foguetes e helicópteros para atacar a posição ucraniana no sul, segundo o serviço de guarda de fronteira.
Bombeiros trabalham em um incêndio em um prédio após bombardeios na cidade de Chuguiv, no leste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, enquanto as forças armadas russas tentam invadir a Ucrânia de várias direções, usando sistemas de foguetes e helicópteros para atacar a posição ucraniana no sul, segundo o serviço de guarda de fronteira. – (Foto: Aris Messinis / AFP)
Fumaça preta sobe de um aeroporto militar em Chuhuiv, perto de Kharkiv, em 24 de fevereiro de 2022.
Fumaça preta sobe de um aeroporto militar em Chuhuiv, perto de Kharkiv, em 24 de fevereiro de 2022. – (Foto: Aris Messinis / AFP)
Pessoas ficam do lado de fora de um prédio destruído após bombardeios na cidade de Chuguiv, no leste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, enquanto as forças armadas russas tentam invadir a Ucrânia de várias direções, usando sistemas de foguetes e helicópteros para atacar a posição ucraniana no sul, o guarda de fronteira serviço disse. As forças terrestres da Rússia na quinta-feira cruzaram para a Ucrânia de várias direções.
Pessoas ficam do lado de fora de um prédio destruído após bombardeios na cidade de Chuguiv, no leste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, enquanto as forças armadas russas tentam invadir a Ucrânia de várias direções, usando sistemas de foguetes e helicópteros para atacar a posição ucraniana no sul, o guarda de fronteira serviço disse. As forças terrestres da Rússia na quinta-feira cruzaram para a Ucrânia de várias direções. – (Foto: Aris Messinis / AFP)
Pessoas, algumas carregando sacolas e malas, caminham em uma estação de metrô em Kiev no início de 24 de fevereiro de 2022.
Pessoas, algumas carregando sacolas e malas, caminham em uma estação de metrô em Kiev no início de 24 de fevereiro de 2022. – (Foto: Daniel Leal / AFP)
Um militar ucraniano vigia uma posição na linha de frente com separatistas apoiados pela Rússia perto da cidade de Schastia, perto da cidade de Lugansk, no leste da Ucrânia, em 23 de fevereiro de 2022.
Um militar ucraniano vigia uma posição na linha de frente com separatistas apoiados pela Rússia perto da cidade de Schastia, perto da cidade de Lugansk, no leste da Ucrânia, em 23 de fevereiro de 2022. – (Foto: Anatolii Stepanov / AFP)
Equipes de resgate trabalham no local do acidente da aeronave Antonov das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kiev
Equipes de resgate trabalham no local do acidente da aeronave Antonov das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kiev – (Foto: Press service of the Ukrainian State Emergency)
Militares ucranianos se preparam para repelir um ataque na região de Lugansk, na Ucrânia
Militares ucranianos se preparam para repelir um ataque na região de Lugansk, na Ucrânia – (Foto: Anatolii Stepanov/AFP)

Santa Catarina não tem grandes negócios com esses dois países. Diferente de anos atrás, quando a Rússia era o maior mercado de carne suína catarinense, no ano passado o produto não aparece entre os mais vendidos. Existe uma retomada de exportações por parte das empresas de SC. A Ucrânia, por sua vez, comprou apenas US$ 148 mil desse item do Estado em 2021.

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Contudo, segundo uma fonte da coluna, esse movimpento da Rússia, embora não tenha sido abordado, tem mais interesse no controle da produção agrícola da Ucrânia do que por conflitos geopolíticos. Isso porque a China anunciou há pouco tempo que em 2030 será autossuficiente na produção agropecuária e fez um acordo com a Rússia. Só que na região, a grande produtora de milho, trigo e frango é a Ucrânia, que tem as terras mais férteis para isso. Por isso, o interesse no conflito pode ser mais econômico. 

Esse cenário coloca o Brasil e os EUA em desvantagens na atuação futura daqueles mercados com produtos do agronegócio. Isso exige uma atenção especial do governo brasileiro. Como estrategista, Vladimir Putin estaria usando a guerra para avançar na segurança alimentar.

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Para a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, o momento para SC é de cautela e observação. Ela vê com preocupação possivel suspensão de compra de polímero plástico da Ucrânia, que teve um acréscimo de US$ 13 milhões de um ano para outro. Acredita que essa guerra pode gerar mais oportunidades para o agronegócio catarinense. 

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Mas para o empresário Albano Schmidt, presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico de Santa Catarina, essa importação da região não é significativa. Ele vê com maior preocupação a subida do dólar, com alta dos derivados de petróleo, que inclui as resinas plásticas. Avalia que a Europa terá problema em dobro porque pagará mais caro também pelo gás natural na produção. 

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